terça-feira, 18 de setembro de 2012

Uma tese política

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 18/09/2012
 
A tese do caixa dois de campanha, adotada pelos réus do mensalão, foi uma invenção do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para restringir os efeitos do escândalo à cúpula do PT, apartando-a do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo impeachment já era defendido por setores da oposição. Coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conter os seus radicais , com o argumento de que era melhor deixar Lula "sangrar" até as eleições.

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Do ponto de vista político, a tese de Bastos foi plenamente vitoriosa. Lula livrou-se das companhias incômodas, politizou as tentativas de envolvê-lo no escândalo e foi reeleito. Mesmo com o escândalo dos dólares na cueca às vésperas da votação, episódio que levou-o a disputar o segundo turno com o tucano Geraldo Alckmin, hoje de volta ao governo de São Paulo. No segundo mandato, Lula montou um governo melhor do que o primeiro e fez da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que substituíra José Dirceu, a sua sucessora na Presidência da República.

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Os companheiros de Lula envolvidos no escândalo hoje são réus na Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal, cujo ministro-relator, Joaquim Barbosa, detonou a tese do caixa dois, considerado um crime menor no rol dos que poderiam ser imputados aos envolvidos no escândalo. Para isso, utilizou depoimentos, documentos e fatos políticos que confirmariam que o esquema era voltado para o financiamento da campanha eleitoral dos petistas e de seus aliados. Do ponto de vista jurídico, a tese do caixa dois foi um tremendo fracasso. Foi facilmente "desconstruída" por Barbosa.

Mensalão

Barbosa afirmou ontem que houve, sim, compra de votos de parlamentares durante o primeiro ano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "É evidente o potencial exercido pelos pagamentos sobre as votações dos parlamentares", disse. O 24º dia de julgamento do mensalão foi dedicado à leitura do quarto capítulo de seu voto, que trata do núcleo político e do dinheiro recebido por partidos da base aliada do governo federal em 2003.

Lideranças

O ministro Joaquim Barbosa dedicou-se, impiedosamente, a demonstrar que os dirigentes de partidos e parlamentares que receberam os repasses de dinheiro eram os responsáveis pela condução dos votos dos deputados de suas legendas. Segundo ele, houve atos de ofício que possibilitaram a aprovação de projetos de interesse do governo, o que caracteriza crime de corrupção passiva.

Boca do caixa

Às vésperas da votação da reforma da Previdência, no dia 15 de outubro de 2003, partidos da base aliada do governo receberam grandes quantias do PT, por ordem do então tesoureiro Delúbio Soares. O deputado Federal Valdemar Costa Neto, presidente do antigo PL, hoje PR, recebeu R$ 200 mil no dia 7 de outubro; R$ 100 mil no dia 15; mais R$ 100 mil no dia 21; e R$ 200 mil em 28 de outubro. No caso do PP, parlamentares ligados à legenda receberam R$ 1 milhão entre 17 de setembro e 15 de outubro de 2003.


Mala preta

Foram do caixa do PT para partidos da base aliada, sem registrado legal, segundo o ministro Joaquim Barbosa, R$ 50 milhões

 Périplo

De olho nas eleições presidenciais de 2014, senador tucano Aécio Neves, tem percorrido o país e gravado depoimentos para os candidatos tucanos. O objetivo do senador é se tornar m ais conhecido para além de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. O político mineiro quer ser mais conhecido nas regiões Norte e Nordeste e construir um discurso que torne sua candidatura à Presidência da República competitiva.

Sul Maravilha

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, participou de bom grado da campanha de Fernando Haddad em São Paulo, apesar da inconveniente companhia do senador Humberto Costa (PT-PE), que concorre à prefeitura do Recife contra Geraldo Júlio (PSB), o candidato de seu partido e favorito, de acordo com as pesquisas de intenção de votos. Para se tornar mais conhecido no Sul maravilha, o neto de Miguel Arraes concentra as atenções em São Paulo. Na semana passada, foi a Campinas, São José do Rio Preto, Carapicuíba e São Vicente, cidades nas quais o PSB tem candidato próprio.

 Código//  

O governo mobiliza todas as suas forças para aprovar a Medida Provisória 571, do novo Código Florestal, que deve ser votada hoje e amanhã. Ruralistas e ambientalistas, porém, se digladiam sobre a regra de recuperação das áreas de preservação permanente (APPs) nas beiras dos rios.

Docinhos/ O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) certificou a indicação geográfica de 15 receitas de doces de Pelotas (RS): quindim; broinha de coco; olho de sogra; panelinha de coco; camafeu; queijadinha; pastel de santa clara; bem casado; fatia de braga; trouxinha de amêndoa; amanteigado; papo de anjo; ninho; e cristalizados.

Artigo/ por causa de um artigo publicado pelo Wall Street Journal, dos Estados Unidos, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pôs no rol de seus desafetos José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, e Suma Chakrabarti, presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Ambos classificam o agronegócio como motor e líder da alimentação mundial.

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