quarta-feira, 7 de março de 2012

A primeira rusga

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 06/03/2012  

O choro da presidente Dilma Rousseff no episódio do afastamento do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) da Secretaria da Pesca para dar lugar ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) não foi motivado pelo afeto. Na verdade, nunca tiveram uma relação próxima, nem política, nem administrativa. Chorou porque fez a mudança contrariada, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O propósito principal da mudança foi facilitar a vida do candidato do PT a prefeito de São Paulo, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Até agora, porém, não houve nenhuma consequência prática: o ex-deputado Celso Russomanno (PRB) continua candidatíssimo, muito à frente de Haddad.

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Mas a primeira rusga séria entre os dois ocorreu após anunciar a mudança, durante o encontro de três horas e meia de quinta-feira à noite em São Paulo, às vésperas da internação de Lula no Hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente permanece hospitalizado por causa de uma pneumonia, e da viagem de Dilma, que no sábado embarcou para a Alemanha. A conversa entre os dois teria sido muito dura. O tema foi a participação de Dilma nas articulações eleitorais comandadas por Lula.

Cobrança

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou da presidente Dilma Rousseff um maior envolvimento nas eleições municipais, particularmente a de São Paulo, que segundo ele são estratégicas para a consolidação da hegemonia do PT e a própria reeleição de Dilma. O PT não tem como avançar para cima dos aliados nos demais estados sem desorganizar a coalizão de governo, mas precisa crescer para administrar a base governista na Câmara. A saída é partir para cima da oposição, leia-se o PSDB, principalmente em São Paulo. Lula cobra o apoio dos aliados em São Paulo e não está conseguindo. Se ainda tivesse a caneta cheia de tinta, a história seria outra...

Comissões

A bancada do PT na Câmara escolhe hoje os integrantes das comissões permanentes da Casa. A Constituição e Justiça deve ficar com Ricardo Berzoini (SP); a de Educação, com Newton Lima (SP); e a de Direitos Humanos, com o "rebelde" Domingos Dutra (foto), arqui-inimigo do clã Sarney no Maranhão.

Sem chance//

O governo deve recuar da votação do novo Código Florestal, prevista para hoje. A estratégia adotada pelo Palácio do Planalto enfrenta resistências significativas na base. Se insistir na votação, o risco de surpresas desagradáveis é muito grande.

Fábrica

O governador de Minas, Antonio Anastasia, e o presidente da Fiat Mundial, John Elkann, formalizaram ontem, em Turim (Itália), a parceria para implantação de nova unidade da fábrica de máquinas de construção em Montes Claros, no Norte de Minas. Serão investidos R$ 600 milhões.

Rediviva

O pomo da discórdia na base governista sobre o novo Código Florestal é a chamada Emenda 164, que caiu na votação do Senado por pressão da ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira. Deputados da bancada ruralista se articulam para ver a emenda de volta. Apresentada pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, a emenda transfere para estados e municípios a regulamentação de atividades produtivas em áreas de preservação.

Fora de jogo

O PMDB continua sem candidato a prefeito em Vitória. O senador Ricardo Ferraço não aceita ser candidato, como gostariam o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e o próprio governador Renato Casagrande (PSB). Quem se movimenta para ocupar a vaga é o deputado federal Lelo Coimbra, mas a vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), prefere apoiar o ex-prefeito tucano Luiz Paulo Velozzo Lucas.

Copom/ O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne hoje e amanhã. É esperada uma redução da taxa de juros para 10%, ou seja, mantém-se a estratégia de redução gradativa dos juros com meta de inflação de 4,5% em 2011.

Fila/ O anúncio da contratação de 200 mil trabalhadores pela Petrobras gerou filas nos postos do Sistema Nacional de Empregos no Rio. Os empregos, porém, serão distribuídos por todo o país.

Automóveis/ O governo acerta os últimos detalhes do novo regime tributário do setor automotivo. O decreto concederá um prazo maior para montadoras estrangeiras instalarem fábricas no Brasil, ao mesmo tempo em que eleva as exigências de qualidade dos veículos.

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