Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 22/03/2012 |
A presidente Dilma Rousseff promove hoje um grande encontro com os principais empresários do país. Estarão no Palácio do Planalto nesta manhã os representantes da chamada "burguesia nacional" — aquela que nunca teria existido nos velhos manuais da esquerda que hoje ocupa o poder. O encontro ocorre num momento em que o país enfrenta um "tsunami" cambial, nas palavras da presidente da República, e uma onda de "desindustralização", segundo a oposição. » » » Estão convidados Lázaro Brandão (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú), Norberto Odebrecht, Vitor Sarquis Hallack (Camargo Corrêa), Sergio Linz Andrade (Andrade Gutierrez), Eike Batista (EBX), Abílio Diniz (Pão de Açúcar), Rubens Ometto (Cosan) e Joeslei Mendonça Batista (JBS-Friboi), entre outros pesos-pesados. O único representante de multinacional será o presidente da Fiat, o brasileiro Cledorvino Belini. Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o mineiro Robson Braga de Andrade representará os setores da nossa combalida indústria tradicional. » » » A maioria não tem o direito de se queixar do governo. Foram muito favorecidos pela atual política econômica, o que inclui um grande portfólio de empréstimos, financiamentos e contratos públicos, além dos atuais dividendos dos títulos do Tesouro. Sem intermediários, Dilma quer ouvi-los sobre a crise mundial e a situação da nossa economia. Mas dirá que o governo espera deles confiança nos rumos do país, mais investimentos e geração de emprego, além de parceria com a indústria brasileira. Medidas A presidente da República pode anunciar hoje novas medidas para incentivar a indústria. Estão na mesa presidencial a ampliação da lista de setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento e a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para a linha branca (máquinas de lavar, tanquinhos, geladeiras e fogões), cujo prazo se encerra em 31 de março. Os setores moveleiro, de plástico, têxtil, aeroespacial, indústria naval e autopeças devem ser os próximos a serem beneficiados. Política O governo vive um mar de rosas com os grandes grupos econômicos do país, apesar das reclamações dos setores da indústria nacional e das tensões com o agronegócio. A presidente Dilma Rousseff somente pôde esticar a corda com os partidos de sua base de apoio no Congresso porque goza de altos índices de popularidade e a economia mantém elevado nível de emprego, apesar do PIB de 2,7% de 2011. O baixo desempenho industrial, entretanto, ainda preocupa o Palácio do Planalto. Jogo bruto// O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende ter uma conversa de pernambucano para pernambucano com o governador Eduardo Campos (PSB-PE) sobre as eleições. Quer ver o PT e o PSB juntos em São Paulo e no Recife. Ou seja, pode rifar a reeleição do prefeito recifense João da Costa (PT) em troca do apoio a Fernando Haddad na capital paulista. Obstrução O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), comandou a obstrução à Lei Geral da Copa ontem, cuja votação não foi realizada porque a própria base governista derrubou a sessão da Câmara. Alves tem o apoio dos ruralistas e só aceita votar o projeto se o governo se comprometer a marcar a votação do novo Código Florestal, que o Palácio do Planalto quer empurrar para depois da Rio+20, em junho. Dia da caça O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno, do Paraná, afirmou ontem que a arrogância do Palácio do Planalto e seu método de cooptar parlamentares e partidos com base no fisiologismo levaram o governo a se tornar refém da própria base. "Hoje (ontem) foi um dia que nós, da oposição, nos tornamos maioria com a ajuda do próprio governo", ironizou o deputado. Notáveis Estava escrito nas estrelas. O novo líder do PT no Senado, Walter Pinheiro, da Bahia, já trombou com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Anda falando cobras e lagartos da comissão de notáveis criada por Sarney para debater o novo pacto federativo. E orientou a bancada do PT a boicotar a comissão. Obras O ritmo das obras de mobilidade urbana da Copa de 2014, orçadas em R$ 11,48 bilhões, está devagar quase parando. Dos 54 empreendimentos, apenas sete obras tiveram os recursos liberados pela Caixa. Isso corresponde a 4% dos investimentos. Dois erros/ Veterano parlamentar, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) se divertia no cafezinho da Câmara, ontem, após a derrubada da sessão que votaria a nova Lei Geral da Copa pelos governistas. "A presidente Dilma está certa ao não aceitar a chantagem em relação ao Código Florestal. Dois erros não fazem um acerto. Se a base não quer votar a Lei Geral da Copa, não tem problema. Uma hora terá que votar." Passo atrás/ O governo retirou as indicações de Mário Rodrigues Júnior e de Hederverton Andrade Santos para a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que serão substituídos interinamente por funcionários do próprio órgão. Ambos foram indicados pela bancada do PMDB. |
quinta-feira, 22 de março de 2012
O charme da burguesia
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