Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 17/03/2012 |
O governo resolveu empurrar com a barriga a votação na Câmara do novo Código Florestal, um assunto polêmico que tende a pôr lenha na fogueira do debate entre ambientalistas e ruralistas e pode resultar num grande constrangimento durante a Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro. Um revés na votação pode enfurecer milhares de ongueiros verdes, oriundos de todo o planeta, que estarão reunidos no Parque do Flamengo durante o evento.
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Vale lembrar que os 80 chefes de Estado que já confirmaram presença na Rio+20 estarão no Rio Centro, no Recreio dos Bandeirantes, onde serão realizados os encontros oficiais, à mercê de eventuais protestos dos militantes ambientalistas, daqueles a que a gente costuma assistir pela televisão.
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Na Câmara, o clima não é dos melhores. É daqueles nos quais a vaca estranha o bezerro, como gostam de falar os políticos da roça. O relator do código, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), suprimiu os dois parágrafos do texto que contrariavam a bancada ruralista. Eliminou os trechos que tornavam obrigatório recompor de 30 a 100 metros de vegetação ao longo de rios com largura maior que 10 metros. E restabeleceu a anistia para os desmatadores que constava do texto original da Câmara e foi derrubada no Senado. O Palácio do Planalto não aceita a mudança.
Novo pacto
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), instituiu uma comissão para discutir um novo pacto federativo e a relação entre os estados, os municípios e a União. Presidida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, será integrada por Bernard Appy, João Paulo dos Reis Velloso, Everardo Maciel, Ives Gandra da Silva Martins, Adib Jatene, Luís Roberto Barroso, Michel Gartenkraut, Paulo de Barros Carvalho, Bolívar Lamounier, Fernando Rezende, Sérgio Prado, Marco Aurélio Marrafon e Manoel Felipe do Rêgo Brandão.
Tuitando/ Para o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), o Tribunal Superior Eleitoral "extrapolou" ao estabelecer que a campanha pelo Twitter só poderá ocorrer a partir de 5 de julho. "Essa decisão é uma verdadeira censura à liberdade de manifestação e um atentado à democracia", afirmou.
Salários/ Policiais civis e professores foram às ruas de Porto Alegre ontem, em protesto contra o governo de Tarso Genro (PT) por causa dos baixos salários. Organizadas separadamente, praticamente se encontraram nas proximidades do palácio do governo, no centro da cidade, no começo da tarde.
Retaguarda
O Itamaraty trabalha um rascunho de documento-base para o evento em consultas multilaterais e busca a construção de consensos num documento genérico para a Rio+20 que satisfaça também os ambientalistas. Metas e prazos estão sendo calibrados pela crise econômica mundial e só serão apresentados no fim da discussão. O problema é mesmo na retaguarda: um revés na votação do Código Florestal deixaria o país na berlinda, sem moral para protagonizar uma agenda ambiental em sintonia com uma estratégia de desenvolvimento global mais sustentável.
Barganha
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tenta um acordo com a base aliada para garantir a aprovação da Lei Geral da Copa que reverta a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol durante o período dos jogos. É uma exigência da Fifa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a atender em 2007 e a presidente Dilma Rousseff endossou ontem, durante encontro com o presidente da entidade, Joseph Blatter. Os ruralistas estão exigindo a votação do Código Florestal para aprovar a nova Lei Geral da Copa.
Mosquito
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, subestimou a epidemia de dengue no ano em que disputa a reeleição. Com quase 12 mil casos comprovados, exames confirmaram ontem a primeira morte do ano causada pela doença. A vítima foi uma criança de 9 anos, que morreu em fevereiro, no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande (Zona Oeste), e morava em Guaratiba, na mesma região da cidade.
Cara do gol
Um churrasco na residência oficial de Marco Maia, com a presença de Pelé e do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, pôs o novo líder do governo, Arlindo Chinaglia, do PT-SP, cara a cara com o gol. Ou seja, foi encarregado de articular a aprovação da liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos na Lei Geral da Copa.
Alta//
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou ontem o tratamento contra uma infecção pulmonar detectado no último dia 4. Aproveitou a liberação dos médicos para voltar às articulações políticas: recebeu o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).
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