Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A frase do jagunço Riobaldo, personagem de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, nunca foi tão atual: ´Viver é perigoso, seu moço`. Resume o vergonhoso fracasso nacional das políticas para a juventude, cujos programas estão desconectados da dramática realidade social - o cotidiano dos jovens brasileiros é violento e cruel e nada tem a ver com o mito do homem cordial, como reitera o levantamento feito pelo Instituto Sangari sobre as mortes violentas no Brasil.
A taxa de homicídios de jovens era de 30 para cada grupo de 100 mil, em 1980 - números de guerra civil. E subiu ainda mais em 2008, quando atingiu a espantosa marca de 52,9 por 100 mil. No ano anterior, era de 50,1 por 100 mil, segundo o Mapa da Violência de 2011, de autoria do sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, divulgado pelo Ministério da Justiça na quinta-feira.
O consumo ascendente de crack, cocaína e maconha associados ao álcool e o consequente aprisionamento de grande número de crianças, adolescentes e jovens pela dependência química e o tráfico de drogas fazem da violência no Brasil uma endemia urbana, que agora já chega às zonas rurais. Baixa escolaridade, dificuldade para obter o primeiro emprego, inexistência de boas opções para o entretenimento e o lazer e a falta de foco das políticas de assistência social e saúde pública nesses jovens em situação de risco contribuiram para a recorde de 18.321 jovens assassinados no ano passado.
Efeito
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para enfrentar o problema das mortes violentas, resolveu retomar a campanha pelo desarmamento. A causa é justa e necessária, mas está condenada ao fracasso se não houver uma mudança na realidade social que leva os cidadãos comuns a se armarem: o combate direto à criminalidade. Essa foi a lição do plebiscito sobre o desarmamento, no qual o governo federal, o Congresso e o Judiciário, com apoio dos meios de comunicação de massa, realizaram uma ampla campanha a favor da proibição da venda de armas e não conquistaram o voto popular para a causa. Quem não se sente seguro em sua própria casa, reluta em abrir mão do direito de adquirir uma arma.
Causa
O maior problema no combate à violência é a impunidade. Apenas alguns homicídios de jovens são apurados, geralmente quando as vítimas são de classe média. A maioria dos assassinatos de jovens pobres - negros, mulatos ou pardos, principalmente - não passa do registro de ocorrência. Os inquéritos às vezes nem sequer são abertos, por falta do devido atestado de óbito. Seus autores geralmente são traficantes de drogas ou policiais a serviço de terceiros. Como no mercado dos entorpecentes não existe protesto de títulos, a cobrança das dívidas é feita à bala. Ou paga ou vai para a vala.
Deserta
A presidente Dilma Rousseff esnobou o convite do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para assistir aos desfiles das escolas de samba na Sapucaí em seu primeiro ano de governo. Prefere uma praia deserta - isto é, onde não possa ser fotografada pela imprensa -, de águas cristalinas e quentes, na Barreira do Inferno, centro de lançamentos de foguetes da Aeronáutica em Natal (RN).
Custo Brasil
Para atender as demandas do crescimento, o Brasil precisará investir por ano em infraestrutura de base - eletricidade, rodovias, ferrovias, portos, hidrovias e saneamento - cerca de R$ 22 bilhões.
Berlinda/O ministro do Esporte, Orlando Silva, só não perdeu o cargo para a ex-prefeita de Olinda e hoje deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) na transição do governo porque o comando do partido não aceitou a mudança. Como os planos da legenda para a ocupação de espaços na preparação da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio de 2016 já foram por água abaixo, os capa-pretas estão arrependidos.
Presídios/Após 10 meses da data de protocolo, a Defensoria Pública da União (DPU) enfim encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a proposta de súmula vinculante da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef) e da Pastoral Carcerária Nacional. O documento sugere melhorias no regime prisional do sistema carcerário.
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