terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carne de pescoço

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Candidato do PSDB derrotado pela presidente Dilma Rousseff, o tucano José Serra resolveu chutar o pau da barraca e acusa o PT de estelionato eleitoral. Cobra os projetos anunciados pelo ex-presidente Lula no último ano de seu governo e as promessas feitas por Dilma durante a campanha eleitoral: “Há quatro meses, falavam em investir num monte de coisas, milhões de casas, milhões de creches, quadras esportivas, estradas e ferrovias. A realidade é que está tudo parado, a herança maldita deixada por Lula é gigantesca”, dispara.

O tucano se comporta como quem pretende ser candidato a presidente da República pela terceira vez, embora o cenário para isso seja mais desfavorável do que antes. Em 2002, saiu do Ministério da Saúde para ser candidato com apoio do então presidente Fernando Henrique Cardoso; oito anos depois, deixou o poderoso governo de São Paulo nas mãos do amigo Alberto Goldman (PSDB) para disputar o comando da nação.

A perspectiva de disputar as eleições presidenciais em 2014 é mais remota do que as anteriores por dois fatores: primeiro, ao se colocar candidato pela terceira vez, Serra empurra a fila para trás, quando há um sentimento na oposição de que ela precisaria andar; segundo, não teria de mão beijada o apoio do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ex-governador de Minas Aécio Neves, que também são presidenciáveis. Foi o que aconteceu em 2006, quando Alckmin foi o candidato ao Planalto. Serra, porém, não abre mão de liderar a oposição.


Apostas

Nove entre 10 tucanos apostam que José Serra será candidato a prefeito de São Paulo, a despeito de seus desmentidos. Com seus principais aliados aninhados na prefeitura da capital paulista, apesar de o prefeito Gilberto Kassab estar de malas prontas para deixar o DEM, seria o nome capaz de reagrupar as forças de oposição na cidade. O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (foto), integrante do estado-maior de Serra, é considerado um candidato natural do PSDB, mas não teria a mesma pegada eleitoral.


Especiais

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) requereu no Senado a criação de uma comissão especial voltada para as pessoas portadoras de necessidades especiais. O objetivo é monitorar as obras do PAC, da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 para identificar se elas atenderão requisitos de acessibilidade. O petista quer incluir as adaptações nos projetos antes da execução das obras.

Reconsideração

O senador petista Paulo Paim reconsiderou a intenção de apresentar uma emenda antecipando R$ 15 do aumento do salário mínimo previsto para 2012 com o objetivo de elevar o deste ano de R$ 545 para R$ 560. Pressionado pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), mudou o foco para uma política permanente de recuperação do valor real das aposentadorias.
“É mais importante que a antecipação”, avalia Paim. O novo mínimo será votado amanhã pelo Senado.

Mínimo

O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), reapresentou ontem a proposta da oposição de um salário mínimo de R$ 600 — a mesma derrotada pelo governo na Câmara na semana passada. Segundo o tucano, há R$ 24 bilhões de receitas públicas não declaradas no Orçamento, e também a possibilidade de se fazer um corte nas despesas correntes de R$ 11,5 bilhões

Copa de 2014 //

Uma delegação da Fifa, chefiada por Charles Botha, vistoria hoje, a partir das 12h30, as obras de construção do novo Estádio Mané Garrincha, ciceroneada pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); acompanhado do seu chefe de gabinete, Cláudio Monteiro, responsável pelos preparativos da Copa de 2014 em Brasília; e o secretário de Obras, Luiz Pitiman, encarregado da execução da reforma.

Gafes

O Palácio do Planalto pretende contratar uma empresa especializada em media training. A preocupação do Executivo é preparar os ministros e demais porta-vozes do governo para lidarem melhor com a imprensa. Virou trauma coletivo a desastrosa entrevista de Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Políticas Antidrogas, que deixou o posto após defender publicamente a discussão sobre a legalização dos entorpecentes.

Perplexo/ O Itamaraty está perplexo com os acontecimentos recentes no mundo árabe, onde vinha tendo uma atuação mais agressiva nos governos locais, principalmente o do Irã e a Autoridade Palestina. A Embaixada do Brasil na Líbia ainda não conseguiu resgatar os 170 brasileiros que estão em Benghazi e aguardam autorização para sair do país. Há cerca de 600 brasileiros na Líbia.

Vacâncias/ O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, tem até o fim da semana para definir o substituto do diretor de Gestão de Pessoal da corporação, Joaquim Mesquita. O delegado assumirá a Superintendência da PF em Goiás na segunda.

Reforço/ Os senadores da Comissão Especial da Reforma Política receberão, até o fim desta semana, um estudo detalhado feito pela biblioteca do Senado sobre o tema. São publicações, análises e reportagens veiculadas em revistas e jornais desde 2006.

Azebudsman/ A correção do limite de isenção do Imposto de Renda acumula uma perda de 64,1% nos últimos 15 anos, segundo o deputado Antônio Reguffe (PDT-DF), e não nos cinco mais recentes, como foi aqui publicado no domingo, erroneamente, na nota intitulada Leão.

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