sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ela por eles

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O marqueteiro João Santana prepara em segredo o programa do PT que irá ao ar em 13 de maio, cuja estrela, como não poderia deixar de ser, é a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Jornalista, não quer vazamentos sobre o roteiro e pretende surpreender ao utilizar o tempo de televisão e de rádio da legenda para reposicionar a imagem da candidata petista. Dilma perdeu o eixo quando deixou o governo.

» » »

Para os aliados e a cúpula petista, Dilma precisa ter um bom desempenho no programa para superar a crise de identidade na qual submergiu após deixar o bunker do governo e os palanques oficiais ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. João Santana também está na berlinda. A trapalhada da foto de Norma Bengell no cabeçalho do site da ex-ministra, que tanta confusão já rendeu (serviu para corroborar o discurso de que a petista é dada a maquiagens na própria biografia), foi da equipe do marqueteiro.

» » »

Se Santana inventar uma nova Dilma e a imagem não colar, veremos o primeiro barraco de verdade na campanha. Ao contrário da reeleição de Lula, em que era ele quem mandava no marketing, na campanha de Dilma a tarefa do marqueteiro é fazer um bom programa de televisão. O caso Norma Bengell consolidou o poder de Rui Falcão na comunicação. Ele acampou em Brasília e compõe o estado-maior da petista ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, do deputado Antônio Palocci e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Porém, o padrinho de Santana é o presidente Lula.

A pergunta

Ex-marqueteiro do presidente Lula e ex-guru de João Santana, Duda Mendonça é mais um criador revoltado com a criatura. Para aperrear o ex-discípulo, anda falando que Dilma está sendo desvirtuada ao ser apresentada ao eleitor. “Tem que deixar a Dilma ser como ela é. As pessoas vão entender como ela é ou não.” Para Duda, a chave da campanha é responder à seguinte pergunta: “Por que eu votaria na Dilma e não no Serra?”.

A conta

Duda Mendonça era o responsável pelo marketing do governo Lula, mas caiu em desgraça. Na CPI do mensalão, disse ter recebido do PT, em pagamento de campanha, depositado numa conta no exterior, a quantia de R$ 10,5 milhões

Ironia

Eleito um dos homens mais influentes do mundo pela revista Time, o presidente Lula anunciou ontem, em cadeia de rádio e televisão, na sua saudação aos trabalhadores pelo 1º de Maio, que está deixando como herança um modelo de desenvolvimento socialmente mais justo. O cenário foi a biblioteca que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou de herança na Presidência.

Arteiros

De olho na movimentação da Câmara, a sociedade civil se organiza para evitar que o projeto da Ficha Limpa entre no limbo. Artistas, capitaneados pelos cantores Frejat e Fernanda Abreu, prometem fazer barulho para pressionar os parlamentares. No Rio, o hino da cidade ganhou versão sulfurosa, com letra de Nelson Motta e arranjo de Liminha. A ideia é constranger os deputados contrários ao projeto de iniciativa popular.

Domínio

Escolhido a dedo para relator de Planejamento e Obras Urbanas da Comissão Mista de Orçamento, o deputado José Guimarães (PT-CE) será o escudeiro dos interesses no setor da ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República. Por suas mãos passarão todas as ações nas áreas urbana e social do PAC 2, carro-chefe da campanha da petista. Mais duas relatorias importantes ficaram com a base aliada: Infraestrutura (PMDB), Integração Nacional e Meio Ambiente (PCdoB).

Freio

O líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), estuda um meio de limitar o poder de embargo do Tribunal de Contas da União (TCU). O deputado não digere o exemplo do aeroporto de Goiânia, que teve sua reforma suspensa por determinação do TCU. Os contratos foram cancelados prorrogando para 2012 o fim da reforma. Mabel afirma que a paralisação das obras já causaram prejuízos de R$ 70 milhões.

Desafetos

O prefeito do Recife, João da Costa (PT), espinafrou o antecessor num programa de rádio local. Acusou João Paulo de querer mandar na sua administração. “Ele queria continuar como prefeito, mesmo eu sendo eleito. Essa condição eu não aceitei. Não sou traidor. Ele é que está deixando de ser meu amigo”, disparou. João Paulo apoia a candidatura do ex-ministro da Saúde Humberto Costa e a reeleição do governador Eduardo campos (PSB).

Impasse/ O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), aguarda os passos do Senado para só então orientar sua bancada na votação do reajuste dos aposentados. “O PMDB quer votar com o Senado, e não a reboque dele”, justificou. Assim como o projeto da Ficha Limpa, o reajuste de 7,7% aos aposentados conta com a simpatia do presidente do partido, Michel Temer (SP), que pode se cacifar próximo às eleições com a aprovação das medidas.

Gazeta/ O atual governador do DF, Rogério Rosso (PMDB), tem nas mãos uma batata quente que seu antecessor, o deputado distrital Wilson Lima (PR), não conseguiu descascar: as viúvas do ex-vice-governador Paulo Octávio. Cerca de 25 funcionários tiveram o ponto cortado e deverão ser demitidos se não cumprirem o horário de trabalho.

Realocado/ O delegado Valmir Lemos, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no governo Arruda, é o novo superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso. Lemos deixou o cargo quando o deputado distrital Wilson Lima assumiu o Buriti. Na ocasião, alegou que faria o curso superior de polícia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Moqueca capixaba

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Patrocinado pelo governador Paulo Hartung (PMDB), o vice-governador capixaba Ricardo Ferraço (PMDB) desistiu da candidatura ao Palácio Anchieta e decidiu apoiar o senador Renato Casagrande (PSB). O acordo foi fechado na noite de terça-feira, em Brasília, numa reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pegou de surpresa os políticos locais. Ferraço será candidato ao Senado.

» » »

A retirada da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República pesou no acordo, ao deslocar o apoio da cúpula do PT de Ferraço para Casagrande, que a partir de agora conduz as negociações para a escolha do vice e do segundo candidato na chapa ao Senado. A vice estava destinada ao petista Givaldo Vieira, indicado pelo prefeito de Vitória, João Coser (PT), que também deve apoiar Casagrande. “Tenho que agradecer o apoio do governador Paulo Hartung à minha pré-candidatura e ao desprendimento do
vice-governador Ricardo Ferraço”, disse Casagrande, que manterá o PT na vice.

» » »

O realinhamento das forças políticas do estado consolida mais duas candidaturas: a do deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), ex-prefeito de Vitória, que conta com o apoio do ex-governador Max Mauro (PTB) e busca ampliar a aliança com o PDT e o PR; e a do ex-prefeito de Colatina Guerino Balestrassi (PV), que tenta uma aliança com o DEM e o PPS.

Amigos

Pré-candidato do PV a governador do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (foto) voltou a se animar com a candidatura, depois de anunciar uma amizade colorida com o DEM e o PPS na disputa para o Senado. Cesar Maia (DEM) e Marcelo Cerqueira (PPS) seriam candidatos ao Senado numa chapa independente, enquanto Márcio Fortes (PSDB) ocuparia a vice numa coligação formal. Gabeira está tão animado que pretende fazer uma visita à Zona Oeste com a vereadora Lucinha (PSDB), aquela que chamou de suburbana e depois se arrependeu.

Ignora

O ex-prefeito do Rio Cesar Maia informa que não foi procurado por Gabeira nem para romper, nem para reatar relações. Num vídeo postado no seu blog, o candidato do DEM ao Senado anuncia: “Gabeira vai com Marina, e Cesar Maia irá com José Serra”.

Banquete

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o anfitrião de um jantar hoje para os senadores da base aliada. No cardápio, o marco regulatório do pré-sal de prato principal e o reajuste dos aposentados de sobremesa. Ainda não confirmou presença o líder do PP, Francisco Dornelles, que representa o estado do Rio de Janeiro, principal interessado na votação do pré-sal. Não sabe se estará em Brasília.

Desafeto

Durante missa campal em Tauá (CE), domingo, o governador Cid Gomes (foto) simplesmente ignorou a presença ao seu lado do deputado José Pimentel, ex-ministro da Previdência, que pleiteia uma vaga ao Senado pelo PT. Na conta da retirada da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, está a retirada da candidatura do petista, que ameaça a eleição de Eunício Oliveira (PMDB) e de Tasso Jereissati (PSDB), aliados dos Gomes.

Saia justa

Depois de lutar contra o projeto da Ficha Limpa, José Genoino (PT-SP) vai votar favoravelmente ao parecer do relator, que defende a aprovação da proposta. “Melhoraram a questão dos recursos. Do jeito que estava, parecia processo da junta militar”, justifica. Na verdade, é um pedido de Dilma Rousseff, que por onde passa tem que responder por que o PT é contra o projeto.

Sintaxe

O deputado Índio da Costa (DEM-RJ) captou uma sutileza na emenda supressiva de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao projeto da Ficha Limpa. Ao propor que se retire a frase “ou proferida por órgão judicial colegiado”, logo após apontar que a inelegibilidade caberá aos que forem condenados em decisão transitada em julgado, o projeto chove no molhado. “É pegadinha. Se aprovado como está, nada vai mudar”, acusa.

Casa própria

A Caixa Econômica Federal lança amanhã a sexta edição do Feirão da Casa Própria, entre 7 de maio e 11 de junho. Poderão ser financiadas unidades novas, usadas e na planta. Serão oferecidos 450 mil imóveis

Baixaria

O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) foi a campo contra a batalha cibernética que os tucanos ensaiam. O parlamentar denunciou o registro, pelo PSDB, do domínio gentequemente.org.br, para supostamente atacar a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff.


Bandeirantes/ O tucano Geraldo Alckmin lança hoje sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes com o apoio do governador Alberto Goldman (PSDB) e do ex-deputado Aloysio Nunes Ferreira, que disputa a vaga de candidato ao Senado do PSDB com o deputado José Aníbal.

1º de maio/ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um pronunciamento hoje em cadeia de rádio e tevê sobre o Dia do Trabalhador.

Defensor/ A Associação dos Defensores do GDF definiu ontem a lista tríplice a ser encaminhada ao governador Rogério Rosso para escolha do novo diretor-geral do centro de Assistência Judiciária do DF. Jairo Lourenço de Almeida recebeu 80,5% dos votos; seguido por Ricardo Batista Sousa, com 53,2%; e Rafael Augusto Alves, com 46,7% dos votos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cabral na ofensiva

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, desembarca hoje em Campos, levando a tiracolo o presidente da Assembleia Legislativa fluminense, deputado Jorge Picciani (PMDB), seu candidato preferencial ao Senado. O pretexto é anunciar o início das obras de recuperação do sistema de drenagem da Baixada Campista, mas no plano eleitoral a agenda representa um ataque frontal ao seu principal adversário nas eleições, o ex-governador Anthony Garotinho (PR), cuja mulher, Rosinha Matheus (PR), é prefeita da cidade.

***

A invasão da principal base eleitoral do casal que já governou o Rio de Janeiro é motivada por pesquisas de opinião que revelam a transferência de votos do interior fluminense para Cabral, que hoje contaria com o dobro das intenções de voto de Garotinho. A calamidade causada pelas chuvas que atingiram o estado, depois das medidas adotadas por Cabral, catapultaram o seu prestígio na Baixada Fluminense e nas regiões de Niterói e São Gonçalo.

***

Cabral mudou o foco de sua estratégia de reeleição. Pretende isolar e enfraquecer Garotinho no norte fluminense para enfrentar seu maior problema no momento: a oposição na capital. Na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), seu aliado, não vai tão bem como esperava. Seu maior desgaste é na Zona Oeste, onde venceu a eleição. Com isso, a candidatura de Fernando Gabeira (PV) ganha chances de chegar ao segundo turno e passa a ser ameaçadora.

Mais obras

Eduardo Paes é o prefeito da ordem. Correu atrás de camelôs, vans e barraqueiros pelos principais logradouros da cidade, principalmente nas praias da Zona Sul. No episódio das chuvas, foi muito performático, comandando a administração do centro de controle da Defesa Civil. Mas as ações estruturantes de seu programa de governo não saíram do papel. Cabral cobra do aliado a implantação do bilhete único, mais asfalto e iluminação pública, investimentos em saúde e muitas obras nos morros da cidade.

Quebrou

Pedreira nas eleições para o ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT-RJ), candidato a senador na chapa de Cabral. O Previni, Instituto de Previdência do município, quebrou. Só tem recursos para pagar dois meses de 3.500 aposentadorias e pensões. O motivo é a falta de repasses de recursos da prefeitura para o fundo de pensão de seus funcionários nos últimos cinco anos.

Rombo

O calote da prefeitura de Nova Iguaçu no Previni é de R$ 400 milhões

O vice

Não é mero balão de ensaio a hipótese de o senador Francisco Dornelles, do PP-RJ, vir a ser o vice do tucano José Serra na sucessão presidencial. A indicação do tio de Aécio Neves é uma peça no xadrez das eleições do Rio de Janeiro e de Minas com muitas implicações do ponto de vista das alianças nos dois estados. O governador Sérgio Cabral, grande aliado de Dornelles, trabalha para mantê-lo na base da petista Dilma Rousseff, mas não terá êxito se Dornelles for indicado para vice de Serra pelo ex-governador de Minas.

Batalha

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara será cenário hoje para um embate ideológico como há muito não se via. Afeito a irritar o pessoal da esquerda, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) vai apresentar um requerimento na comissão pedindo a condenação de Cuba por violação dos direitos humanos e congratulando-se com a União Europeia pelo posicionamento contrário à ditadura castrista.

Fora//

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) não esconde mais seu descontentamento com as decisões da legenda em Brasília. O senador deixou claro que não apoia a ida de Marcelo Aguiar para a Secretaria de Educação do DF. “O atual GDF não representa os anseios de mudança ética do povo de Brasília por estar alinhado com os governos anteriores”, disparou.

Gaiato

O silêncio do deputado Roberto Magalhães (DEM-PE) não escondia a contrariedade diante das provocações do colega Flávio Dino (PCdoB-MA), ontem, na sessão da Comissão de Constituição e Justiça que discutiu o projeto de lei que amplia as atribuições da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Enquanto a oposição acusava a proposta de promover a censura, Dino pediu aparte: “A Ancine foi criada no governo anterior, e se o PSDB não faz, eu quero fazer a defesa de FHC”, brincou.

Prazos/ A OAB quer aprovar uma lei que regulamente o período de férias dos advogados durante o recesso do Judiciário, com a interrupção ou suspensão dos prazos judiciais, mantendo-se apenas o plantão para despachos de ações que requeiram urgência. Segundo o presidente da entidade, Ophir Cavalcante, os advogados deveriam ter um período de descanso, como todos os trabalhadores.

Aval/ A Comissão de Relações Exteriores do Senado examina amanhã as indicações de três embaixadores: Ana Lucy Gentil Cabral Petersen, para representar o Brasil na República de Angola; Fernando Simas Magalhães, para a República do Equador; e Roberto Jaguaribe Gomes de Mattos, no Reino Unido da Grã-Bretanha e na Irlanda do Norte.

Paraguai/ O Brasil vai reforçar a tradicional cooperação militar com o Paraguai, cujo presidente, Fernando Lugo, enfrenta um surto de guerrilha ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no norte do país, na fronteira com o Brasil. Cederá três aviões de treinamento Embraer T-27. Tucano à Força Aérea daquele país.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Derrota à vista

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O governo se prepara para mais uma derrota na Câmara dos Deputados: a aprovação de um aumento de 7,7% para os aposentados que recebem acima de um salário mínimo. A base governista não pretende entregar essa bandeira à oposição num ano eleitoral e votará a favor do aumento. A proposta do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza, relator da MP nº 475/09, que reajusta os benefícios em 6,14%, é negociar um aumento de 7,7% para os aposentados que recebem até três salários mínimos, mas o acordo não foi aceito pela base, nem pela equipe econômica do governo.

» » »

Com 11 medidas provisórias com prazos esgotados, a Câmara precisa votar ainda hoje a MP nº 474/09, que aumenta o salário mínimo de R$ 460 para R$ 505. E deve deixar para amanhã a votação do aumento dos aposentados. Vaccarezza ainda tenta negociar um acordo para escalonar o reajuste dos aposentados de acordo com o valor das aposentadorias: 9,6% para quem recebe um salário; 7,7% para quem recebe até três salários; e 6,14% para quem recebe acima de três mínimos.

» » »

No Senado, a pauta continua trancada por duas medidas provisórias. Uma concede crédito extraordinário de R$ 742 milhões a ministérios para ações de recuperação de estruturas de municípios atingidos por chuvas e secas no fim do ano passado. Outra dá incentivos fiscais a diversos setores da economia, estimados em cerca de R$ 3 bilhões em 2010. A oposição está em obstrução para retardar a votação dos projetos do pré-sal: o Fundo Social, a capitalização da Petrobras e o regime de partilha.

Bonzinho

Ontem, no programa do Datena, na TV Bandeirantes, por mais de uma hora o candidato tucano José Serra exercitou o seu estilo bonzinho de fazer campanha eleitoral. O ex-governador de São Paulo adota a tese de que os bons rapazes podem mais, desde que não deixem os ataques sem a resposta adequada. Dilma esteve no programa na semana passada.

Renegados

Rejeitado pela petista Dilma Rousseff, cujo palanque no Rio de Janeiro é o do governador Sérgio Cabral (PMDB), o ex-governador Anthony Garotinho — do PR —, busca uma aliança com o tucano José Serra, com quem a prefeita de Campos, Rosinha Matheus, sua esposa, esteve duas vezes no ano passado. A ponte é o ex-prefeito César Maia — do DEM —, candidato ao Senado, cujo apoio também é rejeitado pelo pré-candidato a governador do PV, Fernando Gabeira. O verde tem o apoio do PSDB, mas seu palanque no primeiro turno é de Marina Silva, a candidata do PV.

Aiatolás

O namoro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os aiatolás do Irã continua firme e forte. O ministro Celso Amorim está em Teerã para acertar os detalhes da visita do presidente ao país, prevista para 15 de maio. Lula acredita que convencerá o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad a aceitar um acordo com o Conselho de Segurança das Nações Unidas em torno do programa nuclear iraniano. A moeda de troca do Brasil é o fornecimento de urânio enriquecido ao Irã. Os EUA, a Rússia e a China tentaram um acordo sem sucesso.

Morreu

Enterrada viva, a candidatura à Presidência da República de Ciro Gomes deverá receber o atestado de óbito hoje, na reunião da Executiva Nacional do PSB. A legenda anunciará seu apoio à petista Dilma Rousseff. Os socialistas querem manter nos cargos os apadrinhados do ex-ministro da Integração Nacional, a começar pelo ministro da Secretaria dos Portos, Pedro Brito. Ciro promete acatar a decisão, mas do jeito que anda elogiando a candidata do PT, para a cúpula do PSB é melhor que faça logo a viagem que anunciou e esfrie a cabeça.

Previdência

São 18,5 milhões os aposentados do INSS que ganham até um salário mínimo e 5,6 milhões os que recebem até três salários. Os que ganham acima de sete e 10 não passam de 12 mil.

Juros

Começa hoje a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central que discutirá um aumento na taxa básica de juros (Selic), que já está em 8,75% ao ano. Apesar das declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a inflação está sob controle, a decisão de aumentar os juros será tomada com o argumento de que os preços estão subindo.

Têmis - As recentes ações do Ministério Público do DF colocaram em xeque a atuação do Tribunal de Contas do DF. Sobrou para o órgão de fiscalização o ônus das falcatruas apontadas por procuradores. Tanto o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) quanto os suspeitos de superfaturamento no projeto básico do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) se defendem dizendo que as prestações de contas foram aprovadas pelo TCDF.

Bomba - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anuncia hoje uma série de medidas para combater o uso de suprimentos e complementos alimentares pela turma da malhação. De acordo com a agência, apenas atletas que praticam exercício físico de alta intensidade, com o objetivo de participação em esporte com esforço muscular intenso, devem consumir esse tipo de alimento.

domingo, 25 de abril de 2010

Ressaca no Ceará

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está muito irritado com Ciro Gomes (PSB-CE). Não quer conversa com o candidato do PSB, que não aceita a retirada de sua candidatura a presidente da República pela cúpula da legenda e atira em todas as direções, inclusive para os lados do Alvorada. Lula não tem dó do político cearense. Avalia que Ciro colhe o que plantou desde quando deixou o governo.

» » »

Lula pediu a Ciro que ficasse no governo, mas o ex-governador do Ceará resolveu concorrer à Câmara. Após a reeleição, Ciro não quis voltar à equipe ministerial. Quando lançou a candidatura da petista Dilma Rousseff , Lula pediu ao ex-ministro da Integração Nacional que transferisse o título para São Paulo e disputasse o cargo de governador. Ciro mudou o domicílio eleitoral, mas não aceitou os apelos do PT para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. A nova recusa custou-lhe o isolamento político.

» » »

Agora, o desconforto se generalizou no PT e entre seus aliados. No Ceará, esperam apenas o sinal verde de Lula para desembarcar da jangada dos Gomes. Com os ataques ao presidente Lula e à ex-ministra Dilma Rousseff, o PT cearense ficou ouriçado. A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, quer romper com os Gomes.

Impossível

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), desembarca amanhã no Ceará para convencer o PT a desistir de lançar candidato ao Senado e apoiar as candidaturas de Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB). Missão impossível: o presidente Lula quer ver o tucano sem mandato e apoia a candidatura do ex-ministro da Previdência José Pimentel.

Trincheira

A oposição articula uma obstrução geral no Senado em protesto ao pedido de urgência do pré-sal. O objetivo é derrubar medidas provisórias e bloquear a votação de outras matérias de interesse do governo. “Podemos votar a capitalização e depois os outros projetos, mas precisamos de tempo para fazer audiências públicas”, justifica ACM Junior (DEM-BA).

Partilha

A partilha dos royalties de petróleo da camada pré-sal está na pauta da 57º Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, que começa amanhã, em Florianópolis (SC). No ano passado, somaram R$ 10 bilhões

Marisco

O ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (foto), pré-candidato do PT ao Senado, está cada vez mais espremido na aliança com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A Universal pressiona o presidente Lula para garantir palanque ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), candidato à reeleição. Do outro lado, Sérgio Cabral (PMDB-RJ) não abre mão da outra vaga para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, do PMDB .


Isolado

Candidato a governador do Espírito Santo, o deputado Luiz Paulo Velozzo Lucas (PSDB) pressiona as cúpulas do PPS e do DEM a intervir nos respectivos diretórios regionais e assim lhe garantir mais tempo de televisão. Embora apoiem José Serra para presidente da República, os aliados preferem uma coligação com Ricardo Ferraço (PMDB), apoiado pelo governador Paulo Hartung, ou uma chapa com candidato do PV, o ex-prefeito Guerino Balestrassi, para viabilizar a eleição de seus deputados.

Amazônia

Nas próximas semanas, o PT terá que voltar sua atenção para o Norte, onde quatro grandes crises ameaçam os interesses do partido. No Acre, a candidata à Presidência Dilma Rousseff patina num terceiro lugar, atrás da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV) e do tucano José Serra. No Pará, a reeleição da petista Ana Júlia Carepa está por um fio, por causa da candidatura de Jader Barbalho (PMDB). Em Roraima, o governador José Anchieta, do PSDB, conta com o apoio do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). E no Amazonas, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) não tem o apoio do ex-governador Eduardo Braga (PMDB) para concorrer ao governo.

Desemcapado

O curto-circuito do PT com aliados pode chegar ao PCdoB de São Paulo. Se Paulo Skaf (PSB-SP) desistir da candidatura a governador, os comunistas dão sinais de que não abrirão mão da vaga do cantor Netinho (PCdoB-SP) ao Senado para Gabriel Chalita (PSB-SP), na chapa do petista Aloizio Mercadante.

Brazil/ A Câmara Brasil-Estados Unidos promove amanhã, no Hotel Grand Hyatt, em Nova York, o Brazil Summit 2010, com palestras do ministro da Fazenda, Guido Mantega; do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; e o cientista político Murillo de Aragão. Na pauta do encontro de investidores, economia, política, eleições e os prognósticos para o país em 2011.

Titio/ Articulador da vitória de Rogério Rosso (PMDB-DF) na eleição indireta ao GDF — com o apoio do setor de segurança o qual representa —, o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB-DF) vai emplacar na Secretaria do Trabalho o tio Artur Nogueira, atual administrador do Paranoá.

Remédio/ O médico e senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) quer dar dor de cabeça ao governo. A ideia é formar uma frente com outros médicos senadores para obstruir a votação de recursos destinados a áreas estratégicas enquanto o tesouro não liberar as verbas da a saúde. O Senado conta com seis médicos entre os 81 senadores, mas dois deles compõem a base do governo: Tião Viana (PT-AC) e Augusto Botelho (PT-RR).

sábado, 24 de abril de 2010

O cerco de São Paulo

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O PT lança hoje a candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, num evento em que a ex-ministra Dilma Rousseff pretende fazer um discurso conclamando os paulistas a porem um fim na longa hegemonia tucana na administração do estado. Para desafiar o ex-governador José Serra (PSDB), Dilma pretende comparar os investimentos e as realizações do governo Lula, dos quais se considera a principal gestora, com as ações do governo FHC no estado.

» » »

Dilma precisa dos votos de muitos paulistas para vencer as eleições. Hoje, a avassaladora vantagem de Serra no estado, com 29,8 milhões de eleitores, neutraliza sua vantagem estratégica junto aos 35,9 milhões de eleitores do Nordeste. A candidatura de Mercadante, que vai para o sacrifício, é uma das âncoras de Dilma em São Paulo. A outra é a elevada aprovação do presidente Lula no estado. A parada é dura: o tucano Geraldo Alckmin larga com 61% de intenções de voto na corrida de volta ao Palácio dos Bandeirantes.

» » »

O problema de Dilma é que toda a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para derrotar o tucano José Serra e elegê-la, até aqui, teve como eixo o isolamento político de São Paulo. A elite paulista foi estigmatizada como arrogante, exclusivista e preconceituosa. E de costas para o Nordeste e a pobreza do país. Depois do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o tucano José Serra personificaria esse estigma.

Brasília, 50 anos

A partir de hoje, atores da companhia teatral Caixa Cênica vão representar personagens históricos durante as visitas guiadas ao Congresso. Serão sete cenas, com oito atores, que reproduzem momentos marcantes do Parlamento brasileiro e da mudança da Capital para o Planalto Central. No início da visita, no Salão Negro, Juscelino Kubitschek conta aos turistas como adotou o sonho de Brasília, ao ser questionado por um eleitor em um comício na pequena cidade de Jataí (GO), logo no início da campanha que o levou à Presidência da República. Lucio Costa, Joaquim Cardozo, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro, Ulysses Guimarães e Ruy Barbosa são os personagens encenados.


Fora

O bilionário empresário João Carlos Cavalcanti desistiu de ser vice na chapa do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima(PMDB) — foto — ao governo da Bahia. Teria atendido aos apelos da família e dos sócios. Cavalcanti é acionista de empresas que têm a participação do grupo Votorantim e da MMX de Eike Batista, além de Daniel Dantas.


Berro

Ciro Gomes pode estar conformado com a falta de apoio da cúpula do PSB, mas não é bom cabrito. Depois de admitir publicamente que a cúpula do PSB vai mesmo retirar sua candidatura a presidente da República, em entrevista ao SBT, ontem, disse que vai espernear até a reunião da Executiva, marcada para terça-feira. Atira contra o presidente do PSB e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e critica a soberba do presidente Lula. Diz que gosta de Dilma Rousseff, mas que ela é despreparada para enfrentar Serra na campanha eleitoral e critica a aliança do PT com o PMDB . A propósito, argumenta que o tucano ganha mais com sua saída, pois apoiaria a petista no segundo turno se fosse candidato.

Sorriso

O tucano José Serra comemora o naufrágio da candidatura de Ciro Gomes como aquele cara todo engessado que sobreviveu ao trágico acidente de carro: não pôde rir. Além de se livrar dos ataques de Ciro na campanha, vai herdar a maioria dos votos do candidato do PSB.

Colegas

Michel Temer anda com o prestígio em alta no mundo jurídico, no qual é reconhecido como grande constitucionalista. Na sexta-feira, o presidente da Câmara reuniu pesos pesados do mundo jurídico. Além dos ministros Eros Grau (STF) e Asfor Rocha (STJ), advogados dos principais escritórios do país e o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti, estiveram presentes. O encontro terminou com
uma foto dos presentes na residência oficial.

Maiores

O Brasil emplacou cinco empresas entre as 100 maiores do mundo: a Petrobras aparece em 18º, seguida do Bradesco (51º). As demais são o Banco do Brasil (52º), a Vale (80º) e a holding Itausa (82º). Na lista das 2 mil empresas mais importantes da economia mundial da conceituada revista Forbes, 33 são brasileiras.

Alvo/ A batata do ex-governador Joaquim Roriz está assando. O Ministério Público Federal continua defendendo a intervenção no Distrito Federal, mas a prioridade dos procuradores já é impedir que o pré-candidato do PSC ganhe as eleições e volte a comandar os destinos de Brasília.

Arrocho/
Servidores da Secretaria do Trabalho do GDF estão em pânico com o telefonema que os alertou de suas novas funções. Quem não arregaçar as mangas pode ir parar no olho da rua.

Prova/ O juiz Marcelo Pereira da Silva, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, autorizou a realização das provas discursivas do concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, amanhã, na Escola de Administração Fazendária (Esaf).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Entre o mar e o rochedo

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), virou marisco no duro embate entre as centrais sindicais — CUT e Força Sindical — e a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os sindicalistas da base aliada isolaram o líder do governo e batem o pé na proposta de reajuste de 7,7% para todos os aposentados que recebem acima de um salário mínimo. A reivindicação foi endossada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e virou bandeira dos peemedebistas no Congresso.

Vaccarezza defendia reajuste de 7%, limitado aos que ganham menos de três salários mínimos, o que seria suportável pelo Tesouro. Na tentativa de acordo, nesta semana, propôs um escalonamento: as aposentadorias de um até três salários mínimos receberiam reajuste de 7,7%; para os que recebem acima de três salários mínimos, ficaria mantido o reajuste de 6,14%.

A equipe econômica detonou a proposta: só admite os 6,14% de aumento para todos. E a base bate o pé no reajuste de 7,7% para todas as faixas salariais. O presidente Lula, diante da situação, resolveu aguardar a decisão do Congresso para avaliar se veta ou não. Vaccarezza quer votar seu relatório na terça-feira e cair fora do enrosco.

Reforma

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, quer arrancar um compromisso dos candidatos à sucessão de Lula — José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva — com a reforma do sistema penitenciário do país. Segundo Ophir, “o sistema penitenciário brasileiro está falido e precisa de reconstrução. É um sistema que não louva a dignidade do ser humano e não tem a atenção que deveria ter”.

Fórceps

Durou 32 horas a sessão da Assembleia Legislativa da Bahia que aprovou a contratação de um empréstimo de R$ 563 milhões pelo governador Jaques Wagner (foto). Reflexo da queda de braço com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) e o senador César Borges (PR), que rompeu com Wagner e é candidato à reeleição na chapa de Geddel ao governo da Bahia.

Toalha

Ciro Gomes jogou a toalha, ontem. Já não é candidato a presidente da República, apenas quer tempo para recuar. A pedido do presidente Lula, com quem esteve na quarta-feira, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pediu a Ciro que saísse da disputa e não levasse a legenda ao isolamento. O mesmo mantra foi repetido por outros caciques do PSB em conversas com Ciro. A reação foi mansa, de quem está conformado. Mas ainda falta negociar o apoio à petista Dilma Rousseff.

Aposentados

Cerca de 5,6 milhões de pessoas recebem aposentadorias de até três salários mínimos no Brasil.

O INSS tem 8,36 milhões de aposentados.

Chapa

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, opera a retirada da candidatura do deputado Geraldo Magela, do PT-DF, ao Senado. A vaga será do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que comporá a chapa do petista Agnelo Queiroz com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Opera-se também a saída de Jofran Frejat (PR) da vice de Joaquim Roriz (PSC) para o mesmo lugar na chapa governista. Falta combinar com o deputado Tadeu Fillipelli (PMDB-DF), mais poderoso com o novo governo do DF nas mãos da legenda.

Peregrinação

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) entrou em campanha para impedir o fechamento do Hospital da Beneficência Portuguesa no Rio, mergulhado em dívidas. Revoltado com o que classificou de descaso com a saúde, o senador pediu audiências com o presidente Lula, com o BNDES e o ministro José Gomes Temporão. “Vamos ver se ele tem um tempinho para me receber”, provocou.

Integração

Os senadores estão de olho nos bancos. Um projeto de lei de autoria de Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) enquadra essas instituições, obrigando-as a receberem boletos de outros bancos, mesmo após a data de vencimento. Hoje, quem tem títulos vencidos só pode pagá-los no banco cedente. O projeto já recebeu parecer favorável de duas comissões e segue agora para a Comissão de Assuntos Econômicos.

Cordão

Os defensores públicos conseguiram reforço na luta por mais autonomia. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) endossou ontem o apoio à proposta de emenda constitucional que retira da União a competência para organizar e manter a Defensoria Pública do DF. A PEC pretende melhorar a prestação de assistência jurídica gratuita. Só no ano passado, cerca de 1 milhão de pessoas foram atendidas por defensores públicos.

Paz
O senador gaúcho Pedro Simon — da ala do PMDB que faz oposição — defendeu ontem a política externa do Brasil para o Oriente Médio, em visita oficial do presidente libanês, Michel Suleiman. Simon pediu o apoio do Líbano às iniciativas do presidente Lula em prol do processo de paz na região. O Brasil possui a maior colônia libanesa do mundo. São cerca de 8 milhões de pessoas, quase o dobro dos atuais habitantes do Líbano.

Candanga

Duas brasilienses, pela primeira vez, ocupam cargos de primeiro escalão na Esplanada: a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Onde foi que Ciro errou?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A cúpula do PSB já entoa o réquiem da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, mas pisa em ovos para evitar um rompimento explosivo, daqueles que o ex-ministro da Integração Nacional sabe fazer muito bem. Que o digam os desafetos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Roberto Freire (PPS).

» » »

Na terça-feira, em Brasília, o presidente do PSB, o governador pernambucano Eduardo Campos, era o mais cauteloso quanto à desistência de Ciro. “Essas coisas não são assim, é cedo ainda para decidir”, argumentava, ao negar a intenção da Executiva da legenda de fulminar a candidatura de Ciro na terça-feira.

» » »

Ciro tem reiterado que não pretende jogar a toalha, mas admite que sua candidatura pertence à cúpula do PSB. Campos quer evitar o desgaste de lhe tomar a legenda, espera que o presidente Lula convença Ciro a desistir. Mas onde foi que Ciro errou? Foi lá atrás, em 1998 e em 2002, quando ousou desafiar nas urnas a liderança de Lula como candidato do PPS? Ou em 2005, ao ingressar no PSB com a benção de Miguel Arraes?

Gongo

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e a senadora Marina Silva (PV-AC), com 8% das intenções de voto cada um, estão empatados na pesquisa do Ibope encomendada pelo jornal Diário do Comércio. A maior rejeição apontada pela pesquisa é de Ciro, com 48%. O levantamento, feito entre 13 e 18 de abril, mostra o tucano José Serra com 36% das intenções de voto, sete à frente da petista Dilma Rousseff, que seria a escolhida por 29% do eleitorado. No último levantamento, a diferença era de cinco pontos. Na simulação do segundo turno, Serra lidera com 46% e Dilma tem 37%.

Alvo

O grupo de trabalho criado na Câmara para discutir o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos está prestes a concluir seu relatório. Mas a própria bancada do PT sabe que o texto sofrerá bombardeio de todos os lados, principalmente do PSDB e do DEM. “O projeto deve receber muitas emendas, sobretudo por causa dos pontos que nós, dos direitos humanos, não abrimos mão, como a criação da Comissão da Verdade e a mediação dos conflitos agrários”, adianta o deputado Pedro Wilson (PT-GO).

Top secret

Enquanto líderes da base aliada discutiam em um jantar o apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff, caciques do PT e do PMDB se reuniam na surdina no discreto Hotel Imperial, em Brasília. Até os carros oficiais foram dispensados, para não dar bandeira. A conspiração é para remover da vice de Dilma o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB-SP, e pôr no seu lugar Hélio Costa (PMDB-MG).

Consolação

O PMDB e o PSB no Ceará se articulam para convencer o PT a abrir mão da vaga ao Senado. O objetivo é dar espaço à reeleição do senador tucano Tasso Jereissati (foto), como forma de apaziguar os ânimos do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), prestes a ver sua pré-candidatura à Presidência naufragar.

Mobilização

A bancada de Alagoas, liderada pelo senador Renan Calheiros, do PMDB, desembarcou no Ministério do Meio Ambiente para reclamar do embargo do Ibama ao Eisa, o estaleiro a ser construído em uma área de mangue no pontal do Cururipe. Os parlamentares ficaram irritados com o parecer do órgão ambiental, que alega, entre outros problemas, que o empreendimento atrairá uma multidão, provocando a favelização da região.

Gigante

O estaleiro Eisa Alagoas é um investimento de R$ 1,5 bilhão. Estima-se que gerará cerca de 4,5 mil empregos diretos, e os indiretos podem chegar a 9 mil

Salvamento

O presidente Lula entrou em campo para salvar o consórcio liderado pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, que arrematou a concessão da hidrelétrica de Belo Monte (PA), em um negócio de R$ 19 bilhões. O grupo vencedor ameaça se desfazer com a saída da Queiroz Galvão.

Perseguição - A teoria da conspiração lançada pela campanha da petista Dilma Rousseff virou motivo de piada até entre os próprios petistas. “É incrível o PT achar que a Globo fez 45 anos só para atrapalhar a Dilma”, divertia-se o deputado Paulo Delgado (PT-MG).

Fora do tubo - Os petistas de Minas não engolem a pressão da direção do PT para que o diretório regional abra mão da candidatura própria em favor do peemedebista Hélio Costa. Há um conflito de objetivos. Por causa de uma campanha nacional, prefere-se sacrificar a campanha regional. O problema é que tanto o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias quanto o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel avaliam que podem ganhar a eleição se vencerem as prévias do PT.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Quem governa Brasília?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Brasília comemora 50 anos em busca de uma solução institucional e democrática para a tragédia política em que mergulhou: a eleição de um novo governador pelo voto direto e a renovação da Câmara Legislativa. Nesses dois meses de crise política, o Distrito Federal passou pelas mãos de quatro governadores, mas não houve paralisia dos serviços básicos e das principais obras em curso na cidade, em meio ao mar de lama no qual a política local mergulhou. Por que a vida da cidade, nesse processo, manteve aparente normalidade?

» » »

O jurista italiano Norberto Bobbio nos dá uma pista. No auge da crise política italiana que se sucedeu ao sequestro e assassinato, pelo grupo terrorista Brigadas Vermelhas, do primeiro-ministro democrata-cristão Aldo Moro, que negociava um governo de compromisso histórico com o líder comunista Enrico Berlinguer, escreveu antológico artigo no jornal La Republica no qual explicava por que o governo é sempre a forma mais concentrada de poder da sociedade. Qualquer governo, por mais fraco e desmoralizado que seja, advertia ele, depois da queda de sucessivos gabinetes no parlamento italiano.

» » »

A razão é simples: uma espécie de subgoverno, formado pela burocracia e por agências privadas da sociedade, mantém de pé o poder de normatizar, arrecadar e coagir do governo, que são atribuições essenciais do Estado. Vem daí a força de qualquer governo. Por causa disso não houve ainda uma intervenção no Distrito Federal. E o governador recém-eleito pelo voto indireto da Câmara Legislativa, Rogério Rosso (PMDB), tem a oportunidade de formar um governo de coalizão com os partidos que o apoiam e promover uma administração estabilizadora. Por ora, tem a chance de gerir a cidade com eficiência e responsabilidade até a posse do novo governador eleito. Basta não repetir os graves erros dos antecessores.

Orçamento

Com 2,6 milhões de habitantes, sendo 236 mil funcionários públicos, o Distrito federal é responsável por 3,8% do PIB nacional e tem orçamento de R$ 21,1 bilhões, dos quais recebe do Fundo Constitucional R$ 7,7 bilhões


A arte do poder

Para comemorar os 50 anos de Brasília, a coluna entrevistou a artista plástica Marianne Peretti, filha de uma francesa casada com um pernambucano, que nasceu e estudou em Paris e, após desembarcar no Brasil, encantou o arquiteto Oscar Niemeyer e o urbanista Lucio Costa. Seus trabalhos embelezam o poder, com quatro vitrais no Congresso, o mais visível no salão verde da Câmara dos Deputados. Intitulado Araguaia, é um dos preferidos dos repórteres de tevê para cenário de suas entrevistas. Suas obras suavizam os interiores dos palácios e monumentos, como o Memorial JK, o Teatro Nacional, o Panteão da Pátria e o Palácio do Jaburu. São dela os 2 mil m² de vitrais da Catedral de Brasília.

O que Brasília representa para a senhora?
É uma cidade importante para o Brasil e para mim. Tenho muitos trabalhos na cidade, que é onde sou mais conhecida. Muitas pessoas que vêm ao meu ateliê contam que conheceram meu trabalho ao visitar a capital.

Seu trabalho é muito presente nos espaços políticos da capital. Arte e política andam juntas?
Oscar Niemeyer me pediu que fizesse esses trabalhos, o que acabou ligando minha arte à política, mas minhas peças são um momento de pausa, para se pensar em outras coisas também importantes, e não só na política.

Como a senhora vê a recente crise política no DF?
Não sou da política, sou artista, mas espero sinceramente que as coisas na capital se normalizem o mais rapidamente possível.

Qual é o seu trabalho preferido?
A Catedral. Deu muito trabalho, foi o mais cansativo, mas é evidentemente minha obra de maior responsabilidade, por compor com uma arquitetura especial do Niemeyer.

Banda larga

Líder do PSDB na Câmara, o deputado João Almeida (BA) cobra mais transparência do governo Lula na condução do Plano Nacional de Banda Larga. Exige mais concorrência no processo de licitação. Para ele, optar pela reativação da Telebras para gerir a rede seria um retrocesso. Segundo o deputado, a Anatel deveria ser a responsável pela licitação. “Certamente poderemos chegar a valor justo a curto prazo, sem manobras, atropelos, negociatas ou acusações de negociatas relativas ao programa”, disse. A empresa de telefonia Oi pediu R$ 27 bilhões para comandar o serviço de universalização da rede no país. A proposta foi classificada pelo Planalto de “inaceitável” e reforça a chance de a Telebras ser a gestora do plano.

Prazos

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, bate duro na proposta da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que pretende dar autonomia aos juízes, dentro do novo Código de Processo Civil (CPC), para multar advogados por retardamento processual ou demora no andamento do processo. Para Ophir, quem atrasa julgamento é o juiz: “O prazo improrrogável para o advogado se manifestar no processo é de 15 dias, enquanto o juiz não tem qualquer limite”, rechaçou o presidente da OAB. Ele propõe que a multa seja aplicada ao juiz. “Os juízes podem justificar o tempo excessivo para decidir uma ação, com a falta de estrutura do Judiciário ou sobrecarga de serviço; o advogado não pode alegar nada”.

Espera/ O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Felix, está retido na China por causa do caos aéreo provocado na Europa por um vulcão em atividade na Finlândia. Pretende ficar por lá com mais dois assessores até a poeira vulcânica baixar.

Chuteiras/Aposentou-se o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Fernando Gonçalves, que comandou o inquérito da Operação Caixa de Pandora. O ministro Nilson Naves, que já presidiu a Corte, estourou o limite de idade (70 anos) e também pendura as chuteiras.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A cartada de Serra

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Mais do que uma crítica ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, grande patrono da reeleição no Brasil, as declarações contrárias à reeleição do ex-governador de São Paulo José Serra, pré-candidato tucano a presidente da República, ontem, em Minas, foram a cartada mais alta que poderia jogar na armação de sua campanha eleitoral. Era o ás de ouro que tinha nas mãos e resolveu pô-lo na mesa logo no começo do jogo.

###

“Acho que reeleição não é coisa boa. Deveria ter cinco anos de mandato. Você chega e governa fazendo aquilo que tem de ser feito, não apenas de olho na reeleição”, disparou. Serra citou Juscelino Kubitschek, construtor de Brasília, cujo slogan era “50 anos em cinco”. E anunciou que pretende enviar a proposta ao Congresso. “Precisa ver se o Congresso concorda. Se não concordar, paciência. Mas vou defender”, disse.

###

A cartada de Serra mira o ex-governador de Minas Aécio Neves, em mais uma tentativa velada de atraí-lo para a vice. Mas é também um recado para o presidente Lula, reiterando a velha proposta de acordo que havia lhe feito no primeiro mandato para acabar com a reeleição. Para bom entendedor, seria um convite à cristianização da candidata petista Dilma Rousseff (PT).

Pauleira

As críticas de Serra ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Minas — “é uma lista de obras, vamos ser realistas. A maior parte não foi feita. As obras, a gente tem que definir, tocar e fazer acontecer” — foram rebatidas com veemência pela ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, que chamou Serra de “biruta de aeroporto” porque ora elogia, ora critica o governo Lula. Esse tipo de bate-boca é tudo o que a petista quer no debate eleitoral.


Aposentados

O relator do Orçamento Geral da União de 2011, senador Gim Argello (PTB-DF), incluirá o aumento dos aposentados no Orçamento da União de 2011. “Votei a favor, sim. Então, serei um defensor dos aposentados no Orçamento de 2011. O foco vai ser este: faremos obras, mas a prioridade será para um orçamento voltado para os mais humildes.”

Na semana passada, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou, em caráter terminativo, projeto de lei que isenta de contribuição previdenciária os aposentados pelo INSS que continuam a trabalhar. A proposta elevaria o deficit da Previdência em mais de R$ 14 bilhões por ano, segundo estima o governo, que pretende derrubá-la na Câmara.

Cara-pálida

De passagem por Brasília, o ator global Carlos Vereza (foto) fez da política sua arte e soltou a voz contra a construção da hidrelétrica Belo Monte, que alagará terras indígenas no Pará. Convidado por índios que acampam em frente ao Congresso a se juntar a eles em protesto, passou o cachimbo e voou para o Rio: “Preciso gravar a novela”, desculpou-se. O leilão para a construção da usina, previsto para hoje, foi sustado ontem por liminar.

Saque

A inauguração de um shopping em São Luís, com a presença de galãs como Cauã Reymond e Mateus Solano, atraiu tanta gente que a confusão foi inevitável. Os atores nem mesmo compareceram, após saberem que o shopping, que chegou a receber 100 mil pessoas, teve celulares de vitrines das lojas e até cadeiras da praça de alimentação carregados por visitantes.

Imunes

Dobrou o número de pessoas vacinadas contra a gripe pandêmica no país: já são 28,3 milhões de imunizados

Incomunicável

Incluída no rol de suspeitos do assassinato dos pais, o casal José Guilherme e Maria Villela, e da governanta deles, ocorrido há quase oito meses na Asa Sul, Adriana Villela prestou depoimento durante cinco horas à Polícia Civil de Brasília sem ter acesso a um advogado. O depoimento, que teve início por volta das 9h, só foi acompanhado por um advogado amigo da família a partir das 14h de domingo.

Tira-teima

Em meio ao tiroteio entre os institutos de pesquisa Datafolha e Sensus — que respectivamente apontam uma diferença de 10 pontos e um empate técnico entre o ex-governador José Serra (PSDB) e a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção da voto para presidente da República —, o Ibope tem no forno mais uma pesquisa eleitoral. Pode ser divulgada a partir de hoje.

Flerte/O PMDB em Rondônia sondou o ex-prefeito de Vilhena Melki Donadon (PHS) para a vaga de vice em sua chapa. O ex-prefeito ainda não deu a resposta, mas ninguém aposta um real que ela será negativa, diante do cenário favorável. Mesmo liderando as pesquisas, o ex-senador cassado Expedito Júnior (PSDB) encontra dificuldades para formar alianças.

Lua preta/ Do presidente do PSDB de São Paulo, Mendes Thame, para quem nos próximos meses a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, será obrigada a reeditar uma Carta aos Brasileiros, como fez o PT em 2002. “Além de explicar aos empresários que não representa o Estado máximo, ela terá que afastar a pecha de armar palanque contra a privatizações”, argumenta.

Fechou/ O líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), promove hoje um grande encontro de lideranças petebistas em Goiânia para reforçar o apoio à candidatura do senador tucano Marconi Perillo (foto) ao governo de Goiás. Prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais e estaduais e candidatos pela legenda vão apoiar o ex-governador. O maior problema de Perillo é o DEM, pois o deputado Ronaldo Caiado e o senador Demostenes Torres costuram uma aliança com o PMDB.

domingo, 18 de abril de 2010

Caveira de burro

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


Desde a eleição de 1989, quando o ex-governador Leonel Brizola apoiou a candidatura de Lula contra Collor de Mello, o Rio de Janeiro tem simpatia pelo “sapo barbudo”. Não foi à toa que o governador Sérgio Cabral (PMDB) engoliu cobras e lagartos para manter sua aliança com o PT. A ponto de andar de braços dados com o ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Faria, seu ex-desafeto, e se agastar com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), velho aliado de Cabral que vive às turras com o petista e também é candidato ao Senado.

» » »

Já a oposição precisa desenterrar uma caveira de burro. Não consegue erguer o seu palanque no Rio de Janeiro. O candidato do PV, Fernando Gabeira, que fez bonito na disputa pela Prefeitura carioca, dá sinais evidentes de que está com um pé fora da disputa. Criou caso com César Maia (DEM), por causa do índice de rejeição do ex-prefeito, mas isso pode ser apenas um pretexto para não correr o risco de ficar sem mandato. Gabeira sabe que é complicado para o PSDB e o PPS excluírem Maia da coalizão.

» » »

Refém de Gabeira, os caciques da oposição estudam alternativas caso fiquem sem o candidato a governador. Mas não conseguem encontrar alguém para enfrentar o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador Anthony Garotinho(PR). A ex-juíza Denise Frossard (PPS), amiga dos Maia, não quer nem ouvir falar do assunto.

Aviação

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realiza hoje as provas do processo seletivo para a bolsa de estudos do Projeto de Formação de Jovens Pilotos Civis. São 405 candidatos para 213 bolsas. Há 24 mulheres

Mosaico

Comprovando a máxima de que o PMDB é um partido consciente da Federação, não da União, a legenda segue rachada pelo país. A coligação com o PT só está definida em Sergipe, Alagoas, Rio, Espírito Santo, Rondônia, Mato Grosso, Paraíba e Rio Grande do Norte. No Ceará e na Bahia, ainda há ruídos. No Piauí, no Maranhão e no Pará, a situação segue confusa. “Minas é uma incógnita”, avalia o deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE). Em São Paulo, pode ter acordo, mas no Acre e no Mato Grosso do Sul, o PT deve ficar sem o apoio dos peemedebistas.

Encrenca

O presidente de honra da Fifa, João Havelange, é um dos convidados para falar amanhã, na Comissão de Infraestrutura do Senado, sobre demandas das cidades que sediarão a Rio+20, em 2012, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Avalia que o Morumbi dificilmente estará preparado para sediar a abertura da Copa. O ministro do Turismo, Luiz Barreto, e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, estarão presentes.

Fortuna

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro, do PTB, anda rindo à toa. Candidato ao Senado na chapa do governador Eduardo Campos (PSB), avalia que terá o segundo voto dos governistas e da oposição. De tradicional família de usineiros, acha que terá o voto das elites e da esquerda de Pernambuco.

Paisagem

A governadora Roseana Sarney, do PMDB-MA, candidata à reeleição, finge que não foi com ela a decisão do PT maranhense de apoiar a candidatura ao Palácio dos Leões do deputado Flávio Dino, do PCdoB, e tem aproveitado suas aparições na televisão para colar sua imagem à do presidente Lula. Diz que, com o governo do presidente, vai abrir cursos de qualificação profissional para atender a refinaria da Petrobras no estado e dar empregos aos habitantes, e não a forasteiros.

Estelionato

O Ministério da Justiça está em alerta por causa dos dossiês contra políticos. Titular da pasta, Luiz Paulo Barreto quer evitar que a Polícia Federal seja usada nesses episódios. Só serão apuradas as denúncias comprovadas. Para ele, a PF não pode perder tempo com documentos apócrifos.


Desfalque - O PT gostou do nome do ex-prefeito de São José do Rio Preto Manoel Antunes (PDT-SP) para compor a chapa do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo. Entraria na vaga de vice com a desistência do prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira (PDT-SP). Bom para o PT, ruim para o PDT, que dava como certa a eleição do ex-prefeito para reforçar a bancada do partido na Câmara Federal.

Assédio - Engana-se quem pensa que o calo da Petrobras é alguma multinacional. Dono da petroleira OGX, do grupo EBX, o empresário brasileiro Eike Batista tem feito um estrago nos quadros da estatal. É lá que o empresário encontra pessoal para suas empresas. “Ele é um empreendedor ousado. A Petrobras terá que se preparar para segurar seus quadros”, avalia o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Maníaco - Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara querem aprofundar as investigações sobre os crimes cometidos em Luziânia — onde seis rapazes de 13 a 19 anos foram assassinados pelo maníaco Ademar de Jesus Silva. Não estão convencidos de que o assassino tenha agido sozinho. “Por que essa pressa em afirmar que não havia cúmplices?”, indaga o deputado Luiz Couto (PT-PB).

sábado, 17 de abril de 2010

Colégio eleitoral

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Governador interino, Wilson Lima (PR) moveu mundos e fundos para permanecer no cargo na eleição indireta de hoje à tarde na Câmara Legislativa. Precisa dos votos de pelo menos 13 dos 24 deputados distritais, numa disputa em que a oposição está dividida. Tem cinco candidatos: Aguinaldo de Jesus (PRB), Antônio Ibañez (PT), Luiz Filipe Ribeiro Colho (PTB), Rogério Rosso (PMDB) e Messias Souza (PCdoB).

» » »

Lima trabalha para garantir a maioria dos votos logo no primeiro turno. Com esse objetivo, antes mesmo da eleição, pactuou com os aliados a gestão do Distrito Federal. Fará um governo de compromisso com os seus pares. O resto — a discussão de programa — é blá-blá-blá dos candidatos de oposição. Entre os parceiros do GDF no mundo empresarial, a expectativa é grande, mas ninguém quer muita marola com essa eleição.

» » »

A zebra da disputa é o número 13. O PT fará uma reunião hoje para discutir o que fazer se a eleição for para o segundo turno. Ibañez contaria com apenas cinco votos, sem capacidade de atrair o apoio de outros candidatos, com exceção de Messias de Souza (PCdoB). A alternativa petista seria apoiar a candidatura de Rogério Rosso (PMDB), que conta com três votos e pode atrair o apoio de Luiz Filipe Ribeiro Coelho (PTB) e, talvez, Aguinaldo de Jesus (PRB), somando mais seis votos. Total: 11 votos. Faltariam mais dois.

Há vagas

Novo diretor-geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), o brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann quer recompor o quadro técnico da instituição, que registra deficit de mil pessoas, entre engenheiros, técnicos e pesquisadores. O objetivo da FAB é elevar para 5 mil o número de funcionários civis dedicados às áreas de pesquisa e desenvolvimento do DCTA e, assim, resolver um dos principais gargalos do programa de desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Fagulhas

O PTB no Piauí estrilou com a proposta do ministro Alexandre Padilha de trocar a candidatura do senador João Vicente Claudino ao governo do estado por um ministério em um eventual governo Dilma. “Alguma mente iluminada do PT deu essa ideia, mas cargo em ministério é questão de partido, e não moeda de barganha para resolver futricas nos estados”, disparou o senador.

Direitos

Paraná, Santa Catarina e Goiás, por exemplo, não têm defensorias públicas. No país, para defender quem ganha menos de R$ 1.372,81, são somente 340 defensores públicos federais, que, em 2009, chegaram a atender 1 milhão de cidadãos.

Sem essa

Pressionado pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), para que uma das vagas de senador na chapa seja do ex-ministro José Pimentel, o governador Cid Gomes (PSB) disse que não vai ceder às chantagens do PT. Cid não quer Pimentel na chapa e diz que não tem compromissos com o petista. Seus candidatos são Tasso Jereissati (PMDB) e Eunício Oliveira (PMDB).

Elle

O senador Fernando Collor, do PTB, paralisa as nomeações de 13 embaixadores pelo Itamaraty. Pediu vistas de um dos processos, interrompendo também a tramitação das demais nomeações. O motivo seria a não nomeação do cunhado Marcos Coimbra como embaixador do Brasil na FAO, órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Com sede em Roma, o cargo é apetitoso.

Piás

O procurador Felipe Muller, do Ministério Público Federal, quer que o INSS autorize pagamento de licença-maternidade para índias caiguangues com menos de 16 anos. A lei só concede o benefício acima dessa faixa etária, mas Muller alega que índias adolescentes que trabalham na lavoura casam e têm filhos cedo.

Manda/ O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ganhou a queda de braço para indicar um novo diretor para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A vaga, da cota do PMDB, vai para Jorge Bastos, que detém também o aval do ex-ministro Hélio Costa (PMDB-MG).

Fechado/ O PTB decidiu que o senador Romeu Tuma disputará a reeleição, independentemente de coligações partidárias. O primeiro suplente de Tuma será Antonio Carbonari, presidente da Anhanguera Educacional. Segundo o deputado Campos Machado, secretário geral do PTB, a legenda apoiará o tucano Geraldo Alckmin.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Jus esperneandi

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A cúpula do PSB se prepara para remover a candidatura do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes a presidente da República, mas ainda não sabe como. É um desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde quando lançou a tese do candidato único da base, ou melhor, quando ungiu a candidatura da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. É uma necessidade para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda, candidato à reeleição que precisa do apoio dos petistas para enfrentar o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ciro , porém, está indignado com o PSB.

» » »

“Não consigo entender o que quer de mim o meu partido — o Partido Socialista Brasileiro”, indagava ontem, no próprio site (www.cirogomes.com), estribado em pesquisas eleitorais que revelam a existência de 15 milhões de eleitores dispostos a votar em seu nome. “Mesmo sem que tenha na mão o poder de nenhuma máquina como as portentosas estruturas do governo federal e do governo de São Paulo, ou de, notoriamente, não ser o mais querido da grande mídia ou do baronato que comanda o país”, vangloria-se.

» » »

Ciro se tornou um aliado incômodo. Critica petistas e tucanos. E denuncia as pressões que está sofrendo. “Querem impor que ao invés de uma ampla opção arbitrada pelo povo, o jogo de poder seja decidido em gabinetes de Brasília”, dispara. Ciro considera seu dever lutar até o fim. “Se for derrotado, respeito. Mas amanhã algum brasileiro mais atento dirá que alguns não se omitiram quando se quis tirar o povo da jogada”, avisa.

Engenharia

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) monitora a pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao Planalto. Se Ciro resistir ao cerco petista e conseguir emplacar sua candidatura, o tucano será pressionado a lançar um nome ao governo do Ceará para abrir palanque ao ex-governador José Serra (PSDB-SP).

Novas vagas

Pelo terceiro mês consecutivo, a geração de empregos bateu recorde no Brasil. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram criadas no mês de março 266 mil vagas. A estimativa é que abril seja ainda melhor para os trabalhadores, com a abertura de mais postos de trabalho. O número pode chegar a 340 mil.

Escudo

A Advocacia-Geral da União prepara o contra-ataque às queixas da Ordem dos Advogados do Brasil, que chiou da defesa do presidente Lula feita no caso das multas aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral por campanha antecipada. Se a polêmica ganhar dimensão, o advogado-geral, Luís Inácio Adams, argumentará que é legítima a defesa, já que o presidente Lula estava em evento oficial.

Dundum

Líder do PSDB na Câmara, o deputado João Almeida, da BA, dispara contra o líder do PT, Fernando Ferro (PE), ao rechaçar as insinuações de que o partido seria o responsável pela invasão que deixou o site do PT fora do ar por dois dias. “Ferro devia procurar entre os aloprados capazes de fazer tal desastre no PT. Não temos absolutamente nada a ver com isso.”

Fundos

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) desceu o sarrafo na decisão do governo de fortalecer com os fundos de pensão de empresas estatais, como a Petrobras, entre outras, os consórcios de empreiteiras que participarão do leilão da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. Previsto para o próximo dia 20, o leilão foi suspenso pela Justiça Federal, mas o governo recorreu. Quarta maior do mundo no Brasil, só perde para Itaipu. Seu custo total pode chegar a R$ 30 bilhões ao final das obras.

Aposentados

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), quer barrar na Casa o projeto que extingue a contribuição dos aposentados ao INSS retroativa a 1995, aprovada pelo Senado. “O Senado perdeu o juízo”, reclama. Atrás do prejuízo, que contou com a ajuda da base aliada — o relator do projeto foi o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) —, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (foto), do PMDB-RR, pedirá em plenário que o projeto volte para a Comissão de Assuntos Econômicos.

Escalado

Apesar de corintiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anda fazendo campanha para que o atacante Neymar, que vem massacrando os adversários do Santos com seus gols, seja convocado pelo técnico Dunga para a seleção brasileira de futebol.

Tucanou - Dirigido pelo deputado Benedito de Lira em Alagoas, o Partido Progressista está em cima do muro. O popular prefeito Cícero Almeida quer fechar com o pedetista Ronaldo Lessa, candidato ao governo, mas é dado como pule de 10 o apoio da legenda à reeleição do tucano Teotônio Vilela. “O PP apoiará o que for melhor para Alagoas. A única certeza agora é nosso palanque para a Dilma Rousseff”, adianta Lira.

Festa - Fanático pela tribuna do Senado, o piauiense Mão Santa (PSC-PI) era só alegria ao discursar ontem para os convidados da sessão em homenagem ao centenário de Chico Xavier. Empolgado com os aplausos, despachou a modéstia e se declarou um dos melhores cirurgiões do Brasil.

Raiz - O presidente da Infraero, Murilo Barboza, quer saber por que o Aeroporto Internacional de São Luís é tão deficitário. Desconfia que o seu status de internacional encarece os custos de operação. O estado não é rota de voo
para o exterior.

Reforço - Arquivo vivo do governo Lula, a ex-deputada Clara Ant deixou o gabinete pessoal da Presidência para atuar na campanha da petista Dilma Rousseff.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A onça é braba

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A cúpula do PMDB avalia que chegou a hora de a onça beber água. Isto é, de exigir do PT um tratamento mais cordato nos estados onde os dois partidos enfrentam dificuldades para consolidar a coalizão governista. Depois da indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para a vaga de vice de Dilma, os caciques regionais do PMDB querem resolver seus problemas eleitorais. O momento seria oportuno porque a petista Dilma Rousseff deixou de ser a ministra toda-poderosa do governo Lula e revelou suas fraquezas como pré-candidata petista.

» » »

Ontem, sem a participação do presidente da legenda, Michel Temer — o algodão entre os cristais —, o presidente do PT, Eduardo Dutra, e outros dirigentes petistas se reuniram com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL), respectivamente, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Os três foram porta-vozes do descontentamento.

» » »

Quem são os mais insatisfeitos com o PT? Um time da pesada: o presidente do Senado, José Sarney (AP), por causa do Maranhão; o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, pré-candidato ao governo de Minas; o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO); os deputados Jader Barbalho (PA) e Eunício Oliveira (CE); e o ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira.

Perdido

O líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), promoveu reunião da bancada com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. O cardápio do almoço foi a sucessão. Jefferson pretende apoiar o tucano José Serra, mas uma parte da bancada prefere a petista Dilma Rousseff. No epicentro da divergência está a reeleição do senador Romeu Tuma (SP), que ficou de fora das chapas de Geraldo Alckmin (PSDB) e de Aloizio Mercadante (PT).

Justiça

A Federal Administration Aviation (FAA) — correspondente norte-americana à Agência Nacional de Aviação Civil brasileira (Anac) — pediu ontem ao presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, deputado Milton Monti (PR-SP), uma semana para se manifestar sobre os laudos técnicos e os relatórios entregues pela comissão ao órgão em Washington. Os deputados querem uma punição aos pilotos do jato Legacy que se chocou com o voo 1907 da Gol, em 2006, matando 154 pessoas. “O prazo curto demonstra boa vontade da agência com o caso”, anima-se o deputado.

Gira

A deputada estadual Maria Luiza, do PSC baiano, mulher do prefeito de Salvador, João Henrique, rodou a baiana. Desistiu da candidatura a deputada federal por causa da aliança do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima com o PR, do senador César Borges. Segundo ela, João Henrique só se submete às exigências de Geddel por causa da administração da cidade. O governador Jaques Wagner (PT), surpreendido pela decisão do PR e pelo barraco doméstico, comemorou.

Batalha

O apoio à reeleição do governador José Maranhão, do PMDB, rachou o PT na Paraíba. A ala petista que deseja ver o partido apoiando Ricardo Coutinho (PSB) não se deu por vencida: planeja levar a questão à direção nacional da legenda. Os pró-Maranhão conseguiram 60% dos votos dos filiados para embarcar na campanha do peemedebista.

Caracu

Sem abrir mão da vaga ao Senado para o ex-ministro José Pimentel, o PT no Ceará articula uma saída para preservar a aliança com o PSB no estado. O plano inclui ceder a vaga de vice a Eunício Oliveira na chapa à reeleição do governador Cid Gomes (PSB). Só falta combinar com o peemedebista, que é candidato ao Senado.


W.O.

A aliança entre PT e PCdoB no Acre criou um vácuo nas disputas majoritárias no estado. Com a chapa encabeçada pelo senador Tião Viana (PT), o ex-governador Jorge Viana (PT) e o comunista Edvaldo Magalhães ao Senado, a oposição concentra esforços para aumentar sua bancada na Câmara. “Colocaram um time reserva para disputar os cargos majoritários”, desdenha a deputada Perpétua Almeida (PCdoB).

Transfusão

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diminuiu o limite mínimo da Transferência Eletrônica Disponível (TED). Em vez de R$ 5 mil, as transferências em tempo real entre contas de bancos diferentes poderão ser feitas a partir de R$ 3 mil. Espera-se com a mudança um aumento no volume dessas operações, que passariam das atuais 279 mil transações por dia para 335 mil

Mão de vaca

No que depender da equipe econômica, os aposentados que ganham acima de um salário mínimo só receberão 6,14% de reajuste. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem na Câmara que se o Congresso aprovar aumento superior a esse índice, o Tesouro vai sugerir que o presidente Lula vete a proposta.

Federal - O deputado João Maia (PR-RN) desistiu da candidatura majoritária e pretende concorrer à reeleição na chapa do candidato do PSB, Iberê Ferreira de Souza, apoiado pela ex-governadora Wilma de Faria (PSB).

Senador - Gerson Camata (PMDB-ES), com a permanência do governador capixaba Paulo Hartung no cargo, está sendo pressionado a disputar mais um mandato de senador na chapa do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB). Reluta por causa da mulher, Rita Camata (PSDB), candidata ao Senado na chapa do tucano Luiz Paulo Velozzo Lucas.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Freio de arrumação

Por Luiz Carlos Azedo
COm Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br

A petista Dilma Rousseff resolveu dar um freio de arrumação na pré-campanha, depois da confusão em que se meteu em três estados conflagrados da base governista: Minas Gerais, Paraná e Ceará. Em reunião realizada na segunda-feira, a cúpula da campanha chegou à conclusão de que a agenda da pré-candidata, desde que deixou de participar dos eventos oficiais do governo Lula, estava de cabeça para baixo. Em vez de demandar, estava sendo demandada por militantes petistas e aliados, muitas vezes sendo obrigada a caminhar por terrenos minados.

» » »

É o que aconteceu, por exemplo, no Ceará, agenda que a ex-ministra tentou cancelar no sábado, mas foi impedida pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), que anda às turras com o governador Cid Gomes (PSB). Ontem pela manhã, depois de uma noite de tensas negociações, Dilma foi à residência oficial para anunciar seu apoio ao governador cearense.

» » »

Na cúpula da campanha de Dilma, ficou acertado que este será o último evento agendado sem a devida preparação. Doravante, a agenda de Dilma será pró-ativa e passará pelo crivo do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, cada vez mais influente nos rumos da campanha.

À mineira

Do secretário-geral da Presidência da República, ministro Luiz Dulci, ontem, sobre a disputa entre o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que se digladiam pela vaga de candidato a governador de Minas pelo PT : “Esse assunto só vai se resolver no último minuto”. Pressionado por prefeitos petistas que relutam em apoiar o candidato do PMDB, Hélio Costa, Patrus será candidato. Pimentel, que defende a aliança com o PMDB, na última hora resolveu entrar na disputa para segurar a vaga de candidato a governador e negociar o acordo com o peemedebista.

Acordo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o acordo da Cúpula de Segurança Nuclear, que fortalece a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e isola ainda mais o Irã. Foi convencido pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que protagonizou o encontro. Os dois andavam se estranhando. O compromisso foi assumido por 50 países. O prazo de quatro anos para cumprir as exigências do acordo facilitou o consenso.

Indigesto

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), recebeu ontem a petista Dilma Rousseff para um café da manhã na residência oficial, mas não deixou barato a inoportuna passagem da ex-ministra por Fortaleza. Avisou que não aceita chantagem do PT. Cid anda agastado com as pressões para ceder uma vaga ao Senado ao petista José Pimentel e para que seu irmão Ciro Gomes (PSB) desista da candidatura a presidente da República.

Túnel

Prevendo uma derrota, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), estava disposto a colocar em votação de qualquer jeito o projeto que trata do reajuste das aposentadorias acima de um salário mínimo. Mas retrocedeu. “Eu estava derrotado, mas agora o cenário clareou”, explicou o líder. O relatório de Vaccarezza defende um reajuste de 6,14%, mas o governo admite negociar até o limite de 7%.

Troia

O líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá (RR), estava atravessado ontem na garganta dos petistas. Depois de conseguir o consenso para fechar em 7% o reajuste dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, os deputados souberam que partira do senador a proposta de elevar o índice no Senado para 7,71%. “Quiseram fazer bondade sem combinar com a gente”, alfinetou o líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE).

Fundo

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) lidera junto ao Congresso Nacional uma ampla campanha pela revisão da legislação que regula o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No ano passado, o FGTS foi corrigido em 3,9%, enquanto a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,31%. Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, a perda acumulada do FGTS desde de 2002 chega a R$ 58 bilhões

Pesquisas

Os diretores de institutos de pesquisa farão uma reunião para acertar os ponteiros. O Instituto Sensus, que divulgou pesquisa ontem, e o Datafolha, que deve divulgar novo levantamento no sábado, andam se bicando.

Chapa - O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) tem pressa em dar a largada na pré-campanha ao governo de São Paulo, mas, em reunião com os representantes do PDT, do PR, do PCdoB e do PRB, ouviu da presidenta regional do PCdoB, Nádia Campeão, que para fazer campanha tem que ter chapa montada. Os comunistas desconfiam
de que o PT queira puxar o tapete do cantor Netinho, candidato ao Senado pela legenda.

Dispersão - Cresce entre os petistas de São Paulo a convicção de que mais dois candidatos devem entrar na disputa para garantir o segundo turno no maior colégio eleitoral do país: o deputado Celso Russomano, que concorreria pelo PP, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do PSB.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O trem bão

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, está ficando de cabeça branca com o trem de bondades que trafega no Congresso Nacional, onde a base governista está cada vez mais impossível. As votações que oneram o Tesouro se sucedem e, se pudesse, o governo não votaria mais nada. Mas não pode impedir, por exemplo, as votações das medidas provisórias, que perdem efeito se não forem apreciadas no prazo previsto em lei.

» » »

Na Câmara, nove medidas provisórias trancam a pauta. A primeira é a MP nº 474/09, que aumentou de R$ 465 para R$ 510 o valor do salário mínimo. A segunda é a MP nº 475/09, que reajustou em 6,14% os benefícios da Previdência Social e fixou em R$ 3.416,54 o valor máximo do salário de contribuição e do salário de benefício, o que vem dando a maior dor de cabeça ao governo. A oposição quer reajustar todas as aposentadorias do setor pelo salário mínimo e acabar com o fator previdenciário. Até aí, tudo bem.

» » »

O problema é a base. Líderes defendem o aumento do índice para reajuste de aposentados para 7,71%. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, tenta um acordo em torno de 7%, o que ainda poderia ser absorvido pelo governo, apesar do gasto adicional de
R$ 1,1 bilhão nas contas públicas. Se prevalecer o índice de 7,71% — proposto pelo petista Paulo Paim (RS) no Senado —, a conta subirá para R$ 1,7 bilhão.

Obstrução

Duas MPs trancam a pauta do Senado: a nº 473/09, que concede crédito extraordinário de R$ 742 milhões a ministérios para ações de recuperação de estruturas de municípios atingidos por chuvas e secas no fim do ano passado, e a nº 472/09, que concede incentivos fiscais a diversos setores da economia, estimados em cerca de R$ 3 bilhões em 2010. Nada anda no Senado, porém, até que o governo edite uma medida provisória para anistiar dívidas de até R$ 10 mil dos agricultores do semiárido com o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, uma bondade no valor de R$ 1 bilhão. A exigência é do líder do PMDB, Renan Calheiros, de Alagoas.

Língua

Dilma Rousseff usou o Twitter para se reposicionar. Sua polêmica declaração de “nunca ter abandonado o barco” por ter medo da luta — supostamente dirigida ao tucano José Serra, que passou 12 anos no exílio —, segundo a petista, nada tem a ver com os opositores ao regime militar que foram obrigados a sair do país. Desde que deixou a Casa Civil, Dilma ocupa espaço na mídia para explicar declarações, no mínimo, polêmicas.

Prestígio

Numa demonstração de prestígio, Lula recebe os presidentes da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul na quinta para a 2ª Cúpula do Bric, em Brasília. Na quarta, chegam os chefes de estado do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul).

Dura Lex

Levou dez anos para ser executada, com sua prisão neste fim de semana, em Goiânia, a sentença condenatória do ex-dono da Encol Pedro Paulo de Souza. Condenado em 2000 pela Justiça federal em Goiás por crime contra o sistema financeiro, só agora a sentença foi confirmada: quatro anos e dois meses de prisão semiaberta.

Fracasso

Cotado para ser o ministro da Fazenda de um eventual governo Dilma Rousseff (PT), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, esperneia por causa da política cambial. Segundo ele, o deficit comercial brasileiro torna o país vulnerável e provocará a médio prazo a rápida expansão da dívida externa. “Não me conformo de o Brasil ter perdido peso na exportação mundial”, lamenta. Especialista em política industrial, Coutinho está frustrado com a perda de competitividade das manufaturas brasileiras.

Veterano

Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano será homenageado hoje, às 19h, no Clube da Caixa Econômica (APCEF), no Setor de Clubes Norte, atrás da UnB. Capixaba, Perly ficou dez anos preso durante o regime militar e completa 50 anos de militância.

As bombas

Estados Unidos
5.200 ogivas nucleares e 2.700 ogivas operacionais implantadas (2.200 estratégicas). Deve reduzir seu arsenal para 1.500 ogivas em 2012.

Rússia
14 mil bombas, sendo 3.909 ogivas nucleares estratégicas. Também deve reduzir o arsenal para 1.500 ogivas nucleares até 2012.

França
300 ogivas nucleares, sem contar mísseis de submarino cujo número é desconhecido.

Reino Unido
200 ogivas estratégicas e número desconhecido de mísseis balísticos de quatro submarinos nucleares.

China
250 armas nucleares estratégicas e táticas e capacidade de produzir número muito maior.

Coreia do Norte
Plutônio suficiente para seis a oito bombas.

Índia
50 a 60 ogivas montadas.

Paquistão
580 a 800kg de urânio altamente enriquecido, suficiente para construir entre 30 e 50 bombas.

Israel
200 artefatos nucleares não declarados.

Irã
Signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o Irã dos aiatolás tem um programa de enriquecimento de urânio supostamente para fins pacíficos. Ninguém acredita.

Estima-se esse arsenal mundial em
25 mil ogivas

domingo, 11 de abril de 2010

No palanque de Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o fato de o vice-presidente José Alencar (PRB) permanecer no cargo e não ser candidato ao Senado por Minas Gerais. Com isso, poderá se licenciar da Presidência e entrar de cabeça na campanha da petista Dilma Rousseff sem gerar grandes polêmicas. Se Alencar saísse do cargo para ser candidato, a presidência seria exercida interinamente pelo senador José Sarney, que neste domingo já voltaria a ocupar a cadeira que foi sua, em razão da viagem de Lula a Washington.

» » »

A capacidade de Dilma Rousseff fazer campanha eleitoral sem a companhia de Lula foi posta à prova na primeira semana da ex-ministra fora da Casa Civil. Em viagem a Minas, gerou controvérsias porque desagradou ao candidato a governador do PMDB, Hélio Costa, ao propor a chapa “Dilmasia”, uma aliança pirata com o governador tucano Antonio Anastasia, candidato à reeleição. A petista também foi criticada por posar sorrindo ao lado do túmulo do presidente Tancredo Neves, que nunca teve apoio do PT. Seu comentário de que o senador Osmar Dias (PDT) era “tchutchuca” com Lula e “tigrão” com o PT, no Paraná, também foi considerado um desastre. O pedetista considerou uma ofensa à sua masculinidade.

» » »

A oposição comemora as supostas mancadas de Dilma. Com ironia, serristas falam em adotar a tática “siga a Dilma”. Ou seja, deixar a candidata chegar primeiro aos estados para depois faturar os desgastes de eventuais trombadas com aliados difíceis.


Radioativo//

Lixo nuclear da antiga Nuclemon, aproximadamente mil toneladas de resíduos radioativos dormem na esquina da Avenida Interlagos com a Avenida Miguel Yunes, em São Paulo. Ao lado, está sendo construída a nova igreja do padre Marcelo Rossi.

Tudo certo

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, minimiza os comentários de Dilma sobre Hélio Costa e Osmar Dias. “A oposição está incomodada com o fato de o governador Antonio Anastasia ter considerado o comentário de Dilma um elogio ao governo de Minas. No dia seguinte, em Brasília, o tucano posou para fotografia ao lado do presidente Lula”, dispara.

Lentidão

Menina dos olhos do presidente Lula, o projeto que prevê a implantação da internet de banda larga nas escolas encontra resistência na Câmara. A oposição acusa o governo de ter dificultado o debate sobre o assunto para mudar as regras previstas para o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). “Querem mudar o modus operandi, ignorando o que já prevê o Fust”, aponta o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP).

Minado

Amanhã, Dilma desembarcaria no Ceará, um terreno minado por causa da candidatura do deputado Ciro Gomes a presidente da República pelo PSB. A viagem foi cancelada de última hora. O encontro com o governador Cid Gomes (PSB-CE), que apoia a candidatura do irmão à Presidência, seria inoportuno. A maratona na terra dos Gomes incluia ainda visita à estátua do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, cidade conflagrada por causa de denúncias contra o prefeito Manoel Santana, do PT.

Parado

Especialistas ambientais do Ibama, Ministério do Meio Ambiente e Instituto Chico Mendes esperam adesão maciça à greve da categoria a partir de amanhã. Apenas Roraima e Alagoas ficarão de fora, por enquanto. Os servidores querem reestruturação da carreira e aumento salarial. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Servidores do Ibama, Jonas Corrêa, a carreira anda tão pouco atraente que um especialista em licença ambiental passa no cargo, em média, oito meses.

Desigualdade

O DEM apresentou projeto de lei, batizado de Justiça Fiscal, para isentar de impostos quem ganha até três salários mínimos. Segundo o autor da proposta, Paulo Bornhausen (DEM-SC), quem ganha até R$ 1.020 paga 53,9% de imposto, contra os 29% que incidem sobre os rendimentos de quem recebe mais de 30 salários mínimos. O projeto beneficiará 40 milhões de contribuintes.

Susto/ Vice-líder do PT na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) diz que é boato espalhado pelos tucanos a suposta intenção do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de apoiar a senadora Marina Silva (PV-AC) na corrida ao Planalto.

Fila/ Dificilmente o PT abrirá mão de uma vaga ao Senado na chapa do petista Agnelo Queiroz, apesar das críticas dos aliados. Se o deputado Geraldo Magela (PT) concorrer à reeleição, reivindicam a vaga os deputados distritais Chico Leite e Paulo Tadeu.

Cineminha/ Com entrada franca, o Teatro dos Bancários apresentará amanhã o filme Lula, o filho do Brasil. Os convites estarão disponíveis na bilheteria do teatro, a partir das 12h.

sábado, 10 de abril de 2010

O pós e o anti-Lula

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Presidente do PPS, Roberto Freire passou um pente-fino no discurso que pretende fazer hoje pela manhã no lançamento da candidatura do ex-governador paulista José Serra (PSDB) a presidente da República. A pedido do tucano, retirou do texto os ataques que pretendia fazer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é adversário figadal.

» » »

O marqueteiro de Serra, Luiz Gonzales, baixou o centralismo na coalizão oposicionista: o fogo agora precisa se concentrar na candidata petista Dilma Rousseff, e não em Lula. Freire será o primeiro orador do evento, no Centro de Convenções Brasil 21, seguido pelo presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), que falará no mesmo diapasão. O ex-governador de Minas Aécio Neves, que apresentará o candidato tucano, é o autor da tese de que o postulante à sucessão de 2010 não pode ser um anti-Lula. Serra adotou a estratégia e resolveu encarnar o candidato pós-Lula no seu aguardado discurso de concorrente à Presidência da República.

» » »

Quem está fora de controle é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que falará de improviso e é imprevisível nessas horas. Como não pode ser o pós-Lula, será o anti-Lula. Aliás, seu esporte favorito é provocar a ira do petista.

Depois

O líder do Democratas na Câmara, Paulo Bornhausen, disse ontem que a legenda não tem pressa para definir o nome do vice de Serra. “Em razão da sua densidade eleitoral, o Democratas tem o direito de reivindicar a posição de vice. Mas isso só vai acontecer nas convenções de junho.” Segundo ele, o vice precisa ser alguém afinado com o tucano.

Fechou

O candidato petista Agnelo Queiroz fechou um pré-acordo para completar a chapa de candidato ao Governo do Distrito Federal. Prometeu entregar a segunda vaga de candidato ao Senado ao líder do PSB na Câmara, deputado federal Rodrigo Rollemberg. Falta combinar com o deputado federal Geraldo Magela (PT), cotado para a mesma vaga. A outra já é do senador Cristovam Buarque (PDT), candidato à reeleição.

Gripe

Postos de saúde de todo o Brasil abrem hoje para o dia “D” da vacinação contra a pandemia de influenza H1N1 (gripe suína) para reforçar a imunização nos grupos que mais sofreram com a doença no ano passado: doentes crônicos, grávidas, crianças de 6 meses a 2 anos e adultos de 20 a 29 anos. A gripe matou no Brasil 2.051 pessoas

Espera

Aloizio Mercadante resolveu empurrar com a barriga a formação da chapa de candidatos ao Senado da coalizão que está montando. O cantor Netinho (PCdoB), que pleiteia uma das vagas, terá que esperar uma definição do PSB, que pode desistir da candidatura do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a governador de São Paulo. Nesse caso, a segunda vaga do Senado ficaria com Gabriel Chalita (PSB). A primeira é de Marta Suplicy (PT).

Desgaste

O presidente Lula está muito preocupado com o desgaste político do governo federal no Rio de Janeiro por causa da distribuição de recursos para a Defesa Civil nos estados. A notícia de que o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) havia privilegiado a Bahia foi muito boa para a candidatura do político baiano a governador. Mas péssima para a candidatura de Dilma Rousseff no Rio. Dos R$ 200 milhões liberados para o estado fluminense por Lula, Niterói e São Gonçalo receberão R$ 35 milhões cada.

Gana

O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) telefonou para os aliados na Câmara Legislativa pedindo voto para o governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), na eleição indireta marcada para o próximo dia 17. Está de olho no apoio da legenda à sua candidatura ao GDF.


Feminista - A ex-ministra do Meio Ambiente da
França Ségolène Royal deu rasante ontem em Brasília para uma tarefa partidária. Além do encontro com o presidente Lula, a francesa veio declarar apoio à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Como Dilma, Ségolène disputou a Presidência da França contra um homem, o hoje presidente Nicolas Sarkozy.

Criminal - Começa amanhã, na Bahia, o 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, com cerca de 4 mil especialistas representando 140 países.

Socorro - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) arrancou do governo a ajuda aos microprodutores rurais do semiárido nordestino. Calheiros se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para costurar a medida provisória que refinancia os empréstimos e anistia os débitos de até R$ 10 mil dos microempresários endividados.

Oprimidos - A Universidade de Northwestern, em Ilinóis
(Estados Unidos), realiza hoje um seminário em comemoração aos 40 anos da tradução do livro Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire, para o inglês. Reunirá especialistas em educação e em outras áreas, todos norte-americanos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Alerta de tsunami

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

Vem aí mais um tremor de terra em Brasília. A Polícia Federal concluiu ontem o relatório parcial da Operação Caixa de Pandora. É parcial porque surgiram novos fatos a serem investigados, mas conclusivo em relação ao que já foi divulgado. Mantido em sigilo, será encaminhador pelo delegado federal Alfredo Junqueira ao ministro Fernando Gonçalves, relator do caso no Superior Tribunal de Justiça. Faltam ainda novas perícias nos HDs dos computadores apreendidos e nas mídias, inclusive as gravações feitas pelo ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa. Mais deputados estariam envolvidos no mensalão do GDF, segundo o relatório parcial da Polícia Federal.

» » »

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma espécie de intervenção branca da Controladoria-Geral da União (CGU) no GDF. Como? Por meio das auditorias nos repasses de verbas federais, cuja aplicação está sofrendo uma devassa. Durval Barbosa prestou depoimento detalhado na CGU sobre o esquema de propina que supostamente estaria desviando recursos federais para a caixinha dos políticos do GDF.

» » »

Em tempo: o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, não será o relator do pedido de intervenção no GDF feito pelo Ministério Público Federal. Como deixará o posto no próximo dia 23, a tarefa ficará a cargo do ministro Cezar Peluso, que assumirá o comando da Suprema Corte.

Desconfiança

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) anda receoso de que a eleição indireta do novo governador sirva para acobertar irregularidades que podem levar o GDF à implosão. O senador defende que os distritais adotem transparência da gestão das contas públicas do DF e revejam decisões polêmicas, como o Plano Diretor de Ordenamento Terrritorial.

Mutirão

Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Gilmar Mendes voltou a alfinetar o Ministério Público. Depois de desferir ao longo de dois anos inúmeras críticas ao órgão, ele elogiou o fato de o Conselho Nacional do MP ter decidido fazer mutirões país afora. “Será ótimo, mas não será original. Bendita provocação. Hoje, estamos institucionalizando esse modelo”, disse. Ao avaliar os dois anos de sua gestão no Supremo e no CNJ, Gilmar Mendes, garante que seu sucessor, Cezar Peluso, partirá “de outro patamar”. Sem modéstia, avalia que os jornais sentirão sua falta por causa das polêmicas que criou. Peluso é avesso a dar entrevistas.

Dolce vita

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso curtia ontem, na 5ª Avenida, em Nova York, momentos de solidão. Amanhã discursará para um público estimado em duas mil pessoas no lançamento da candidatura do tucano José Serra, na convenção do PSDB, em Brasília.

Colheita

A briga entre ambientalistas e ruralistas na Comissão do Meio Ambiente promete ser ferrenha. Relator do parecer que tem despertado a ira de colegas da bancada verde, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB) defende que o trabalho é consistente, nascido do diálogo com 18 estados, não cabendo mais delongas. “Os ambientalistas têm todo o tempo do mundo. Os produtores rurais, não; eles tem uma safra para colher”, defendeu o comunista.

Disputa

O PT se prepara para mais uma prévia. Desta vez em Pernambuco. Apesar de praticamente fechado o apoio ao governador Eduardo Campos (PSB-PE), que tenta a reeleição, o partido não se entende quanto à vaga de senador na chapa majoritária. O ex-ministro Humberto Costa e o ex-prefeito de Recife João Paulo não arredam pé, e estão dispostos a deixar a decisão para os filiados.

Vidraça

Quem está gostando da entrada em cena do ex-presidente FHC é o líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (foto). “Eles vão ter que explicar para 80% do eleitorado o antilulismo e os oito anos do governo de FHC”, provocou, referindo-se ao time escalado pelo núcleo da campanha de José Serra para rebater ataques na Câmara. O escudo tucano é composto pelos líderes do PSDB, João Almeida (BA), do PPS, Fernando Coruja (SC), e do DEM, Paulo Bornhausen (SC).

Desastre

Considerado o melhor prefeito da história de Niterói (RJ) e idealizador do Caminho Niemeyer, o maior conjunto arquitetônico do arquiteto Oscar Niemeyer fora de Brasília, Jorge Roberto Silveira (PDT) entrou em depressão no seu quarto mandato. Com a tragédia do Morro do Bumba — denominação proveniente das explosões de gás metano do antigo lixão no Cubango —, o saldo de mortes no município pode passar de 200.

Pressão - No mesmo dia em que a nova ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciava a redução recorde do desmatamento na Amazônia Legal, funcionários do Ibama faziam barulho para exigir a reestruturação da carreira de especialista em Meio Ambiente. Em greve desde quarta-feira, eles ameaçam emperrar o PAC, interrompendo a concessão de licenças ambientais para empreendimentos do governo federal.

Batom - De olho na questão do gênero, que favorece a candidata petista Dilma Rousseff, o PSDB vai desembarcar amanhã em Brasília com mais de mil mulheres militantes do partido para apoiar o lançamento da candidatura à Presidência da República do tucano José Serra.