sexta-feira, 23 de abril de 2010

Entre o mar e o rochedo

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), virou marisco no duro embate entre as centrais sindicais — CUT e Força Sindical — e a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os sindicalistas da base aliada isolaram o líder do governo e batem o pé na proposta de reajuste de 7,7% para todos os aposentados que recebem acima de um salário mínimo. A reivindicação foi endossada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e virou bandeira dos peemedebistas no Congresso.

Vaccarezza defendia reajuste de 7%, limitado aos que ganham menos de três salários mínimos, o que seria suportável pelo Tesouro. Na tentativa de acordo, nesta semana, propôs um escalonamento: as aposentadorias de um até três salários mínimos receberiam reajuste de 7,7%; para os que recebem acima de três salários mínimos, ficaria mantido o reajuste de 6,14%.

A equipe econômica detonou a proposta: só admite os 6,14% de aumento para todos. E a base bate o pé no reajuste de 7,7% para todas as faixas salariais. O presidente Lula, diante da situação, resolveu aguardar a decisão do Congresso para avaliar se veta ou não. Vaccarezza quer votar seu relatório na terça-feira e cair fora do enrosco.

Reforma

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, quer arrancar um compromisso dos candidatos à sucessão de Lula — José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva — com a reforma do sistema penitenciário do país. Segundo Ophir, “o sistema penitenciário brasileiro está falido e precisa de reconstrução. É um sistema que não louva a dignidade do ser humano e não tem a atenção que deveria ter”.

Fórceps

Durou 32 horas a sessão da Assembleia Legislativa da Bahia que aprovou a contratação de um empréstimo de R$ 563 milhões pelo governador Jaques Wagner (foto). Reflexo da queda de braço com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) e o senador César Borges (PR), que rompeu com Wagner e é candidato à reeleição na chapa de Geddel ao governo da Bahia.

Toalha

Ciro Gomes jogou a toalha, ontem. Já não é candidato a presidente da República, apenas quer tempo para recuar. A pedido do presidente Lula, com quem esteve na quarta-feira, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pediu a Ciro que saísse da disputa e não levasse a legenda ao isolamento. O mesmo mantra foi repetido por outros caciques do PSB em conversas com Ciro. A reação foi mansa, de quem está conformado. Mas ainda falta negociar o apoio à petista Dilma Rousseff.

Aposentados

Cerca de 5,6 milhões de pessoas recebem aposentadorias de até três salários mínimos no Brasil.

O INSS tem 8,36 milhões de aposentados.

Chapa

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, opera a retirada da candidatura do deputado Geraldo Magela, do PT-DF, ao Senado. A vaga será do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que comporá a chapa do petista Agnelo Queiroz com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Opera-se também a saída de Jofran Frejat (PR) da vice de Joaquim Roriz (PSC) para o mesmo lugar na chapa governista. Falta combinar com o deputado Tadeu Fillipelli (PMDB-DF), mais poderoso com o novo governo do DF nas mãos da legenda.

Peregrinação

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) entrou em campanha para impedir o fechamento do Hospital da Beneficência Portuguesa no Rio, mergulhado em dívidas. Revoltado com o que classificou de descaso com a saúde, o senador pediu audiências com o presidente Lula, com o BNDES e o ministro José Gomes Temporão. “Vamos ver se ele tem um tempinho para me receber”, provocou.

Integração

Os senadores estão de olho nos bancos. Um projeto de lei de autoria de Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) enquadra essas instituições, obrigando-as a receberem boletos de outros bancos, mesmo após a data de vencimento. Hoje, quem tem títulos vencidos só pode pagá-los no banco cedente. O projeto já recebeu parecer favorável de duas comissões e segue agora para a Comissão de Assuntos Econômicos.

Cordão

Os defensores públicos conseguiram reforço na luta por mais autonomia. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) endossou ontem o apoio à proposta de emenda constitucional que retira da União a competência para organizar e manter a Defensoria Pública do DF. A PEC pretende melhorar a prestação de assistência jurídica gratuita. Só no ano passado, cerca de 1 milhão de pessoas foram atendidas por defensores públicos.

Paz
O senador gaúcho Pedro Simon — da ala do PMDB que faz oposição — defendeu ontem a política externa do Brasil para o Oriente Médio, em visita oficial do presidente libanês, Michel Suleiman. Simon pediu o apoio do Líbano às iniciativas do presidente Lula em prol do processo de paz na região. O Brasil possui a maior colônia libanesa do mundo. São cerca de 8 milhões de pessoas, quase o dobro dos atuais habitantes do Líbano.

Candanga

Duas brasilienses, pela primeira vez, ocupam cargos de primeiro escalão na Esplanada: a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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