sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O PMDB invocado

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz
luizazedo.df@dabr.com.br



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu embaralhar a relação com o PMDB muito mais do que imagina. Os caciques que controlam a legenda — que não são os líderes no Congresso, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), e os senadores Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR) — ainda não engoliram o chega pra lá no presidente da Câmara, Michel Temer (SP), que os representa. “Nós temos o controle da convenção. Vamos indicar o vice de Dilma Rousseff (PT) ou não tem coligação. O nosso vice é o Temer”, dispara o ex-ministro das Comunicações, deputado Eunício Oliveira, dono de uma das maiores bancadas de delegados à convenção nacional, a do Ceará.

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A reunião da bancada do PMDB na casa de Eunício, na quarta-feira passada, foi um desagravo a Temer, mas o presidente da Câmara, mesmo assim, anda jururu. É que esteve com o presidente Lula por mais de uma hora depois do inopinado discurso no Maranhão, no qual o Lula pediu ao PMDB uma lista tríplice para Dilma escolher o vice, mas o assunto nem sequer foi tratado na conversa entre ambos. O encontro foi meramente protocolar. Dilma chegou a sugerir que Lula fizesse um afago em Michel Temer, mas o presidente não deu a menor bola.

Gelado

Dias antes de Aécio Neves desistir da indicação para disputar a Presidência, José Serra fez chegar à bancada tucana no Congresso que não revelará suas pretensões eleitorais antes de março. Quer jogar água fria na sucessão de Lula.

Alívio

O Palácio do Planalto reagiu com satisfação ao anúncio do governador de Minas, Aécio Neves, de que desistiu de postular a candidatura do PSDB a presidente da República e será candidato ao Senado. Toda a estratégia de Lula visa a isolar o governador paulista José Serra (foto). Porém, vinha se revelando ineficaz contra Aécio, que desarticulava as alianças com o PMDB e o PP e complicava o discurso antipaulista da candidatura de Dilma Rousseff (PT).

Ato falho

Detalhe pouco notado na gafe cometida pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na Conferência do Clima: ela lia o próprio discurso quando afirmou que o meio ambiente é uma “ameaça ao desenvolvimento sustentável”. Não se tratou de improviso.

Ecofilas

Veterano da Eco-92, no Rio de Janeiro, o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) fez diagnóstico da conturbada organização da Conferência do Clima de Copenhague. Os problemas no credenciamento, causa das longas filas no acesso ao Bella Center, afetaram principalmente os representantes de ONGs ambientalistas, que tiveram voz mais ativa na edição brasileira do encontro.

Vaga

Petistas de São Paulo desencanaram da candidatura de Ciro Gomes ao Palácio dos Bandeirantes. Chegaram à conclusão de que o político cearense realmente será candidato a presidente da República, a não ser que leve uma rasteira do PSB, o que não parece ser o caso. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que controla a legenda, vem bancando a candidatura. Quem pleiteia a vaga de candidato a governador é o ex-ministro da fazenda Antônio Palocci (PT-SP), mas cresce a pressão para que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) concorra novamente ao governo de São Paulo.

Xadrez

O acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de extradição do ex-terrorista italiano Cesare Battisti (foto) é um xadrez jurídico. Subordina a decisão do presidente Lula ao tratado assinado entre Brasil e Itália sobre o assunto. Para negar a extradição, é preciso provar que Battisti é vítima de atos de perseguição e discriminação por opinião política. Condenado por quatro homicídios em plena vigência do regime democrático, o italiano teve a sentença confirmada na França, na Corte Europeia de Direitos Humanos e na Justiça brasileira. Pode até ficar no Brasil, mas será em cana.

Porta-voz/ Apesar do esforço do PT de isolar o ataque de Ciro Gomes (PSB-CE) à aliança com o PMDB, petistas confessam que o socialista deu voz às insatisfações não ditas em nome da manutenção da parceria. “Ele (Ciro) está certo. É tudo o que muita gente gostaria de dizer”, revela um deputado petista de um estado onde a relação com o PMDB vinagrou.

Reboque/ Na esteira do lançamento do portal de monitoramento de gastos da Copa de 2014, montado pelo Congresso e pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro dos Transportes, Orlando Silva, avisou que o governo também terá página na internet sobre o assunto.

Azebudsman/ Tropecei nas datas ontem: o ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, foi candidato a presidente da República nas eleições de 1998 e de 2002, e não em 2006, quando apoiou a reeleição do presidente Lula e se elegeu deputado federal pelo Ceará, com 667.737 votos.

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