quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A hora do predador

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz
luizazedo.df@dabr.com.br


Ex-ministro da Integração Nacional e duas vezes candidato a presidente da República, uma em 1998 e outra em 2002, Ciro Gomes, o deputado campeão de votos da Câmara, é um experiente predador. Foi como tal que atacou de uma só vez, com muita dureza, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o poderoso presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por causa da retirada de pauta da emenda do deputado Ibsen Pinheiro, que propõe a distribuição dos royalties de petróleo da camada pré-sal pelos mesmos critérios dos fundos constitucionais de participação dos estados e dos municípios. Foi um gesto que extrapola, em muito, o simples protesto contra a suposta manobra regimental.

Ciro farejou o animal ferido, no caso, o PMDB, fragilizado pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que descartou o presidente da Câmara como vice da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). A fulanização do ataque tem explicação: tanto Michel como Cunha são do grupo que hoje comanda com mão de ferro a legenda e exige a vice-presidência para a legenda. O recado de Ciro é mais ou menos o seguinte: ou o PT remove o PMDB da vice ou a aliança sofrerá pesado bombardeio na campanha eleitoral.


Cola// Empenhada em demonstrar unidade não vista há dois anos, a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados elegeu, ontem, Duarte Nogueira (SP) líder da minoria em 2010. O paulista abrira mão, na noite anterior, de disputar a liderança tucana contra o novo líder eleito, João Almeida (BA). O parlamentar baiano era o nome de preferência do governador de São Paulo, José Serra, artífice do acordo.


Para-raios

Os ataques de Ciro contra o PMDB foram assunto nas reuniões de líderes da Câmara. Sobrou para o representante do PSB, o deputado Rodrigo Rollemberg (foto), do PSB-DF, que serviu de para-raios para as queixas dos colegas. O líder da bancada socialista é um dos principais defensores da candidatura de Ciro à Presidência da República.

Extintor

Entre os mais descontentes com Ciro Gomes, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), chegou a propor ao presidente Michel Temer (PMDB-SP) que respondesse à acusação de que teria manobrado para sepultar a emenda Ibsen. Temer ponderou que isso agravaria o já deteriorado ambiente da Casa após a frustrada votação da partilha do pré-sal. Na verdade, Ciro aproveitou o fato de o peemedebista ter descontentado o baixo clero da Casa, inclusive a maioria da bancada peemedebista.

Exumação

Apesar de considerarem a melhor forma de diluir a crise pós-discussão da partilha no marco regulatório do pré-sal, deputados não sabem como ressuscitar a emenda do deputado Júlio César (DEM-PI), considerada palatável, sem violar o regimento interno. A proposta do piauiense fora sacrificada para dar espaço à emenda Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), pomo da discórdia em curso. A questão, porém, somente será resolvida em fevereiro.

Puro-sangue

Integrante do coro de descontentes com Ciro Gomes, o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), deu seu recado: o PT passará a investir em candidatura própria ao governo de São Paulo. O socialista era cogitado como opção da esquerda paulista. Vaccarezza avaliou que os ataques de Ciro em nada ajudaram na sua relação com os partidos da base aliada. Quem ganha força é o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (foto), que pleiteia a vaga de candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes.

Dois bicos

Cacique do PMDB gaúcho, o deputado Eliseu Padilha (PMDB) torce para que a governadora tucana Yeda Crusius mantenha sua candidatura à reeleição em 2010, mesmo que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), mantenha sua candidatura. Segundo ele, o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), perderá a eleição na capital e no interior.

Infraestrutura

Relator da subcomissão de infraestrutura da Comissão Mista do Orçamento, o tucano Duarte Nogueira voltou a criticar o Ministério do Planejamento, a Infraero e a Petrobras por não fornecerem informações à comissão. “Fica difícil monitorar os gastos públicos no setor de infraestrutura”, afirma. Segundo ele, até o último dia 13 de dezembro, neste ano, foram pagos apenas R$ 6,5 bilhões (23,4%) dos recursos previstos para as obras do PAC: R$ 27,9 bilhões

Antifumo/ A Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE) conseguiu suspender, em segunda instância, uma liminar contra a Lei Antifumo. O desembargador Ricardo Rodrigues Cardoso, da 15ª Câmara Cível, acolheu a argumentação do estado e suspendeu a decisão a favor do Sindicato das Casas de Diversões do Rio de Janeiro, concedida pela 8ª Vara da Fazenda Pública.

Cacique/
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB), consolidou seu controle sobre a legenda no Rio de Janeiro, em aliança com o governador Sérgio Cabral. É dele uma das vagas ao Senado. A outra sobrou para a ex-governadora Benedita da Silva (PT). O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria, se insistir com a candidatura a governador, corre o risco de acabar candidato a deputado federal.

Porta-voz/ O general de brigada Carlos Alberto Neiva Barcellos assume hoje a chefia do C entro de Comunicação Social do Exército, no lugar do general de divisão Adhemar Costa Machado Filho.

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