Arma-se em São Paulo uma disputa entre o "velho" e o "novo", a aposta eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Astucioso, o petista deslocou da disputa pela prefeitura a senadora Marta Suplicy, que venceu uma e perdeu duas, e lançou um candidato puro-sangue da nova geração de petistas que ascenderam na burocracia do seu governo de oito anos: o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que é neófito em campanhas eleitorais e mal conhece a cidade. É o novo PT, reinventado por Lula em São Paulo.
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No PSDB, em meio às prévias que a legenda realizava para escolher seu candidato entre quatro pretendentes — Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Tripoli —, o ex-governador José Serra, o único tucano a vencer uma eleição na capital, atropela todo o processo e deve anunciar sua candidatura a qualquer momento. É o velho Serra, dissimulado, soberbo, que joga duro quando entra em campo. Não deixa o novo PSDB nascer pelas mãos da militância, mesmo correndo o risco de perder mais uma vez na capital.
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Essa bipolaridade, porém, pode não ser a representação da luta entre o velho e o novo nas eleições para a prefeitura de São Paulo. Outras candidaturas — como as de Celso Russsomano (PRB), Netinho de Paula (PCdoB) e Soninha Francine (PPS) — revelam que uma parcela do eleitorado está em busca de uma alternativa. É aí, por exemplo, que uma velha raposa da política paulista, o vice-presidente Michel Temer, aposta suas fichas, com a candidatura do deputado Gabriel Chalita (PMDB), um antigo aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Não abre
Não foi boa a conversa do ex-governador José Serra com o presidente do PPS, Roberto Freire (SP), seu amigo. A candidatura de Soninha Francine tem a solidariedade da cúpula da legenda e o apoio das bases do partido. A ex-vereadora se mantém na faixa dos 10% de intenção de votos dos paulistanos. Para Serra, não é o pior dos mundos.
Língua
Terry Gou, presidente da taiwanesa Foxconn, que se prepara para instalar uma fábrica em Minas, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Queixou-se de que Brasil oferece "apenas" o mercado local (190 milhões de consumidores) e exigiu transferência de tecnologia para permitir a fabricação de tabletes. "Estou treinando os brasileiros, dando as tecnologias para eles", declarou, após comparar o Brasil à antiga Formosa, que exportava bananas. É por essas e outras que Taiwan ainda se acha a capital da China.
Está firme
A conversa de Serra com o prefeito Gilberto Kassab (PSD), na sexta-feira, foi positiva. Velho aliado do tucano, com os cofres da prefeitura abarrotados, o prefeito de São Paulo tem um cacife tremendo nas eleições municipais: o apoio da maioria dos 55 vereadores da capital.
Mãos dadas
Fernando Haddad, o pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, disse não ter "a menor dúvida" de que a ex-prefeita Marta Suplicy participará de sua campanha. Depois da frustrada aproximação com Kassab, corre atrás do prejuízo. A senadora petista havia advertido Lula e Haddad de que Serra acabaria sendo o candidato do PSDB. Recusou-se a subir no palanque de Haddad ao lado de Kassab.
Problemas//
O governo se mobiliza para garantir o apoio da base na Câmara para duas votações importantes na próxima semana: a aprovação do Fundo de Previdência dos Servidores Públicos Federais (Funpresp) e o novo Código Florestal. Terá que azeitar a votação com a liberação de emendas parlamentares.
Pito
O líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), tenta consertar o estrago feito por declarações desastradas sobre os investimentos federais no Ceará. Levou um chega para lá do governador Cid Gomes (PSB) e um pito da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Sua preocupação principal, no momento, é manter a aliança em torno de Cid e da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT).
Patrocínios
O que têm a ver campeonatos de montarias em touros com o incentivo à cultura? Um dos problemas da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, é ter que financiar toda a sorte de eventos de marketing de grandes empresas — como o Brahma Super Bull — via Lei Rouanet. O circuito de rodeios com dezesseis apresentações em oito cidades custará R$ 6,4 milhões.
Polêmica/ A Comissão de Constituição e Justiça do Senado quer discutir as competências do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), das corregedorias de Justiça e do Ministério Público. Presidente da comissão, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) convidou o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, a corregedora do CNJ, Eliane Calmon, e o vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas, Paulo Schmidt, para debater o assunto na terça-feira.
Torturas/ As imagens chocantes de tortura e maus-tratos a detentos no Espírito Santo, veiculadas na quinta-feira pelo Jornal Nacional da Rede Globo, levaram a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) a protocolar dois requerimentos na Câmara. O primeiro solicita a realização de uma diligência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, em caráter emergencial; o outro pede a urgência para a aprovação do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
Força de paz/ O contra-almirante Wagner Zamith assumiu ontem o comando da Força de Paz da ONU no Líbano a bordo da Fragata União, em Beirute. A passagem foi feita pelo contra-almirante Luis Henrique Caroli, também do Brasil. É a segunda vez consecutiva que um brasileiro comanda a Força da ONU na cidade. Para o comandante da Marinha, Júlio Moura Neto, "é motivo de orgulho para todos os que desejam a paz no Líbano". Trinta países integram a Força de Paz da ONU.
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