sábado, 25 de fevereiro de 2012

Antes do pôr do sol

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 24/02/2012

Pode ter sido um grande erro a cúpula do PMDB excluir do programa e das inserções na tevê, que foram ao ar nesta semana, o presidente do Senado, José Sarney (AP), o segundo nome da legenda na hierarquia do poder e o mais longevo político brasileiro em atividade. O número um do PMDB é o vice-presidente Michel Temer (SP), responsável pela temerária decisão.

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Sarney já disse que a política não tem porta de saída, somente de entrada, e mais de uma vez frustrou as previsões de que estaria definitivamente derrotado. A mais recente foi logo após assumir a Presidência do Senado, em 2008, depois de derrotar o atual governador do Acre, Tião Viana (PT). Não somente sobreviveu à saraivada de denúncias da imprensa contra a administração da Casa, como acabou reeleito com os votos da bancada do PT.

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Brilharam no programa do PMDB, além de Temer, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); o atual presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO); os senadores Eunício de Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM) e Luiz Henrique (SC); e diversos candidatos a prefeito de capitais, como o deputado Gabriel Chalita. Nenhum deles tem o poder de fogo que Sarney ostenta, embora o octagenário patriarca maranhense prepare sua saída de cena do Congresso, o que deve ocorrer somente em 2014, quando termina o seu mandato de senador pelo Amapá.


Troco

A disputa pelas Mesas do Senado e da Câmara está longe, mas tanto o senador Renan Calheiros quanto o deputado Henrique Eduardo Alves só pensam nisso. Um acordo entre o PMDB e o PT prevê o revezamento na Presidência da Câmara entre o PMDB e o PT desde a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) em 2006. Foi mantido na eleição de Michel Temer (2008) e na de Marco Maia (2010). Esse acordo, porém, sofre ataques especulativos, pois não inviabiliza candidaturas avulsas e, por isso mesmo, depende muito da unidade dos dois partidos. É aí que a exclusão do grupo Sarney-Renan pode provocar surpresas, pois a liderança de Alves também é contestada na bancada do PMDB na Câmara.

Perigo

Outro excluído do programa, Renan Calheiros é candidato ostensivo à sucessão de Sarney na Presidência do Senado. O líder do PMDB na Casa enfrenta oposição cristalizada na própria bancada, mas tem maioria de votos. O único que talvez possa derrotá-lo, assim mesmo em plenário, é Garibaldi Alves (RN), primo do líder da bancada do PMDB na Câmara. Sua exclusão do programa é uma espécie de recado da cúpula do PMDB de que não é o nome preferencial de Temer, de quem é um velho desafeto. Braga e Luiz Henrique fazem parte do grupo dos oito senadores dissidentes da bancada do PMDB.

Soberba

O ex-governador José Serra quer transformar as prévias para escolha do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo numa espécie de concurso para indicação do seu vice. Os pré-candidatos Bruno Covas e Andrea Matarazzo aceitam a ideia, sinalizada pelo tucano quando defendeu uma chapa "puro-sangue". José Aníbal e Ricardo Tripoli não querem saber dessa conversa. Consideram a proposta arrogante e querem pagar pra ver.
 
Não abre

Os partidos da base do governo mantêm as velhas rivalidades no Rio Grande do Sul. Nos 10 maiores municípios, a única exceção é Canoas, em que o petista Jairo Jorge (PT), candidato à reeleição, manteve a base unida. Em seis cidades, PT e PMDB estão em lados opostos. Em sete, há três ou mais pré-candidatos aliados que se digladiam. É o caso de Porto Alegre. Diferentemente de Dilma, o governador Tarso Genro avisou que fará campanha para os candidatos do PT.

No barro

O ex-ministro Fernando Haddad resolveu pisar no barro para ver se decola nas pesquisas. Programou um roteiro de encontros com militantes petistas nos bairros de São Paulo, que pretende visitar de sexta a segunda-feira, deixando terça, quarta e quinta para articulações políticas e reuniões de trabalho. A entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no corpo a corpo da campanha vai esperar o horário eleitoral.

Avis rara/ Um dos poucos parlamentares a comparecer à Câmara nesta semana — é bem verdade que mora em Brasília —, o deputado José Antonio Reguffe (PDT) protocolou ontem dois requerimentos no plenário da Casa. Solicitou a inclusão na pauta de dois projetos que estão na Câmara há mais de dez anos sem serem votados: o que proíbe a cobrança de assinatura básica nos serviços públicos e o que exige que seja destacado nos preços dos produtos o valor dos impostos.

Entorno/ A Força Nacional de Segurança Pública encerra o primeiro ciclo do projeto Força na Comunidade, desenvolvido em Luziânia desde janeiro. Nele, foram realizadas ações de combate à criminalidade, com aulas de prevenção às drogas, cidadania, natação, ginástica, recreação, além da ocupação de áreas antes abandonadas. Amanhã, na Praça Miguel Jesus Salomão, serão oferecidas oficinas de DST/Aids e orientações jurídicas, entre outras.

Sambou, sambou//

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), pretende licitar a organização dos desfiles das escolas de samba e excluir da disputa a Liesa, liga controlada pelos banqueiros do jogo de bicho que hoje comanda o espetáculo. É o que está por trás da ideia de "profissionalizar" as escolas, defendida pelo governador Sérgio Cabral (PMDB).

Jogo pesado

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) promete entregar muitas obras neste ano. O volume de investimentos da prefeitura de São Paulo saltou de R$ 2,5 bilhões (2011) para R$ 4,3 bilhões neste ano eleitoral.

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