Resenha - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 27/12/2014
Muito prazer, eu sou a morte, o livro de Jorge Oliveira (Chiado Editora), é um mergulho nos bastidores da imprensa carioca e brasiliense durante os anos mais duros do regime militar. Obra autobiográfica, editada em Portugal (disponível nas livrarias Cultura e Dom Quixote), com 355 páginas e apresentação do jornalista, crítico de cinema e professor José Carlos Monteiro, narra a dura vida de repórter do hoje escritor, marqueteiro e cineasta.
Alagoano radicado em Brasília, ganhador de dois prêmios Esso de Reportagem, o jornalista também descreve o engajamento da categoria na luta pela democratização do país, num momento em que a imprensa atravessava uma crise que resultou no fechamento de muitos jornais. Num dos anexos, nos brinda com uma rara entrevista do falecido diretor do jornal O Globo e da TV Globo, Evandro Carlos de Andrade, para o jornal Unidade & Ação, do Sindicato dos Jornalista do Rio de Janeiro.
Muito prazer, eu sou a morte, o livro de Jorge Oliveira (Chiado Editora), é um mergulho nos bastidores da imprensa carioca e brasiliense durante os anos mais duros do regime militar. Obra autobiográfica, editada em Portugal (disponível nas livrarias Cultura e Dom Quixote), com 355 páginas e apresentação do jornalista, crítico de cinema e professor José Carlos Monteiro, narra a dura vida de repórter do hoje escritor, marqueteiro e cineasta.
Alagoano radicado em Brasília, ganhador de dois prêmios Esso de Reportagem, o jornalista também descreve o engajamento da categoria na luta pela democratização do país, num momento em que a imprensa atravessava uma crise que resultou no fechamento de muitos jornais. Num dos anexos, nos brinda com uma rara entrevista do falecido diretor do jornal O Globo e da TV Globo, Evandro Carlos de Andrade, para o jornal Unidade & Ação, do Sindicato dos Jornalista do Rio de Janeiro.
Jorge Oliveira revela a dura vida de repórter investigativo durante a ditadura |
“— Muito prazer, eu sou a Morte!
(…) Antes que eu esboçasse qualquer reação à apresentação tão surpreendente, o doutor Sapucaia, percebendo o clima tenso, desfaz o enigma que me atormenta desde a minha chegada ao aeroporto.
— Você conhece esse rapaz? Perguntou o doutor Sapucaia.
— Conheço.
— Quem é ele?
— É o jornalista Jorge Oliveira.
— Então diga agora o que você ia fazer com ele.
— Eu ia matá-lo.”
Natural de Arapiraca, no interior de Alagoas, Oliveira trabalhou no Correio da Manhã, na Última Hora, no Jornal do Brasil, na Radio JB, no Jornal de Brasília e na Gazeta Mercantil numa época em que o jornalismo se tornava, de fato, uma profissão com direito a carteira assinada, jornada de trabalho regulamentada e algumas prerrogativas inerentes à atividade, como o direito de bisbilhotar os papéis dos órgãos do governo.
Ao publicar um documento ultra-secreto, da lavra de um general do serviço de informações, com uma lista de políticos e cientistas considerados “inimigos” do programa nuclear brasileiro, ganhou o segundo prêmio Esso. Repórter de Economia especializado na área de Energia, havia conquistado o primeiro ao denunciar as negociações secretas do presidente Ernesto Geisel com a Alemanha para viabilizar o programa nuclear brasileiro, cujo objetivo verdadeiro era dotar o Brasil de um arsenal nuclear, o que lhe valeu um processo com base na Lei de Segurança Nacional.
Sua atribulada passagem pelas redações deu à narrativa ares de um thriller noir, com a riqueza de detalhes que somente um experimentado jornalista que passou muitas madrugadas de plantão na reportagem policial poderia relatar. Oliveira nunca renegou suas origens nordestinas. Ainda hoje, volta ao seu estado natal. Ao fazê-lo, algumas vezes, mergulhou no submundo da política local para denúncia o famoso Sindicato do Crime, assim como denunciara, como repórter policial, as atrocidades do famigerado Esquadrão da Morte na Baixada Fluminense. Isso quase lhe custou a vida.
Muito prazer, eu sou a morte
De Jorge Oliveira. Chiado Editora, 305 páginas. R$ 39,50
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