Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 18/12/2014
Diante do do esquema de corrupção
investigado pela Operação Lava-Jato, assumir a presidência da Petrobras é como pular numa piscina sem saber
se tem água dentro
O noticiário sobre corrupção na
Petrobras já domina a lembrança da população em relação ao governo
Dilma, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI). As denúncias foram citadas espontaneamente por 45%
dos entrevistados, sendo que 31% os associam à Operação Lava-Jato e 19%,
às prisões de diretores das empresas envolvidas.
A pesquisa não
sofreu o impacto negativo da aceitação, na última semana, de denúncias
contra 39 pessoas, como ex-diretores da Petrobras, executivos de
empreiteiras e demais envolvidos no escândalo. Serviu para dar um certo
fôlego ao Palácio do Planalto no tratamento da crise da estatal, que
somente se agrava, em razão das denúncias de corrupção, da má gestão e é
de um ambiente externo negativo para os investimentos na exploração do
pré-sal.
Ontem, a presidente da Petrobras, Graça Foster, concedeu
coletiva à imprensa e revelou que conversou com Dilma sobre a sua
própria demissão e sobre a saída dos outros diretores da empresa.
Segundo ela, o assunto foi tratado algumas vezes com a presidente devido
às investigações da operação Lava-Jato e ao atraso que isto vem
causando ao fechamento do balanço financeiro do terceiro trimestre da
empresa.
A agonia, porém, continua. Graça Foster disse que a
presidente da República pediu que continuasse à frente da empresa e deu a
entender que ela não vai sair do cargo. Garantiu que se sente motivada
para recuperar a credibilidade da estatal, abalada pela Operação
Lava-Jato, e para aumentar os instrumentos de controle.
A
Petrobras contratou dois escritórios de advocacia, um brasileiro e outro
americano, para investigar, de forma independente, a própria presidente
da empresa, a atual diretoria e os gerentes-executivos: “Estes
contratados, entram na sua sala, abrem seu armário, entram no seu
computador, no seu iPad. É uma investigação apolítica, que vai na raiz
da sua vida profissional. É algo que a gente espera com muita
ansiedade”, disse Graça.
Puro jogo de cena, porque todo o
mercado já sabe que o governo está atrás de um executivo para comandar a
empresa. O problema é que ninguém aceitou a tarefa ainda. Assumir a
presidência da Petrobras sem saber a extensão do esquema de corrupção
investigado pela Operação Lava-Jato é como pular numa piscina sem saber
se tem água dentro.
A divulgação do balanço do terceiro
trimestre da empresa, por exemplo, foi adiado para o fim de janeiro de
2015 por causa do escândalo. A cúpula da Petrobras não sabe o tamanho do
rombo, não conseguiu fechar o balanço de perdas e danos com as
falcatruas. Graça chegou a dizer que aguarda a “delação premiada” do
ex-gerente executivo Pedro Barusco à Justiça para avaliar os prejuízos.
O social e a economia
O
governo Dilma tem aprovação de 40% dos entrevistados, que avaliam o
governo como “ótimo” ou “bom”, segundo o levantamento do Ibope.
Encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a pesquisa
foi realizada entre 5 e 8 de dezembro e ouviu 2.002 pessoas em 142
municípios.
De acordo com a CNI, o levantamento anterior,
divulgado em setembro deste ano, havia apontado que 38% aprovavam o
governo. Durante a campanha presidencial, 28% avaliaram a administração
Dilma como “ruim” ou “péssima”; e 33% consideraram a gestão “regular”.
Agora, os que julgam o governo “ruim” ou “péssimo”, segundo o Ibope, são
27%; para 32%, o governo é “regular”.
A melhora nos quesitos
aprovação e confiança em relação à presidente Dilma pode ser explicada
pela atuação na área social. O combate à fome e à pobreza (24%), os
investimentos em programas sociais (17%) e em educação (15%), além da
priorização da população mais carente (13%), são considerados os
aspectos positivos do primeiro governo Dilma.
Em contrapartida,
há forte rejeição à atuação do governo na saúde (71%), na educação (56%)
e na segurança pública (71%). Na área econômica, ao combate à inflação
(68%), à taxa de juros (68%) e aos impostos (73%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário