terça-feira, 1 de setembro de 2009

Maldade com Cabral

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Grande perdedor da negociação do pré-sal, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), saiu desgastado das negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que o governador fluminense exagerou no jantar presidencial, no Palácio da Alvorada, ao equiparar o projeto do pré-sal à transferência da capital para Brasília por Juscelino Kubitschek, à fusão dos antigos estados da Guanabara e Rio de Janeiro por Ernesto Geisel e à transferência do polo petroquímico de Santa Cruz (RJ) para Camaçari (BA) por José Sarney. São decisões presidenciais que os cariocas abominam, por serem apontadas como supostas causas da decadência da Cidade Maravilhosa. Para Cabral, o projeto do pré-sal é uma “maldade com o Rio de Janeiro”.

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Aliado incondicional do presidente Lula até a semana passada, Cabral quase chorou quando o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ponderou que o problema do Rio de Janeiro era nacional, e não uma questão meramente regional. Lula captou o perigo e resolveu restabelecer a participação especial dos estados produtores na partilha dos recursos do pré-sal, que não constava do projeto original apresentado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.


Global//


Além dos convites à plateia tupiniquim de autoridades e companheiros, a Presidência da República incluiu na lista de convidados cerca de 90 embaixadores e chefes de representações diplomáticas de Brasília, entre civis e militares, das quais 60 registraram presença no evento.


Reservas

Com a descoberta do pré-sal, as reservas de petróleo do Brasil — que vão de 9,5 bilhões a 14 bilhões de barris — , somente com as áreas de Tupi, Iara e Baleias, serão acrescidas de mais 23,5 bilhões de barris de petróleo.


Bombeiro


O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), atuou como bombeiro, nos bastidores, para acalmar o governador Sérgio Cabral, disposto a romper com o presidente Lula se o Rio de Janeiro perder a participação especial na renda do pré-sal. Líder do governo no Congresso, a catarinense Ideli Salvatti, de um dos estados beneficiados pelos royalties, bota lenha na fogueira ao afirmar que o chororô de Cabral é para ganhar mais do que já tem.


O pai

Diretor de produção da Petrobras, Guilherme Estrela é o pai do novo marco regulatório do pré-sal. Durante visita de Lula ao centro de pesquisas da empresa, convenceu o presidente da República a sustar a 9ª rodada de leilões de blocos da plataforma continental convocada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mostrou que o pré-sal era uma área de baixo risco e alta produtividade para os investidores estrangeiros, que estavam deslocando a Petrobras da exploração nos leilões por falta de capacidade de investimento da empresa brasileira.


Renovação

Deputados do PV querem aproveitar a refundação da legenda, anunciada no discurso de filiação da senadora Marina Silva (foto) ao partido, para convocar eleições nos principais diretórios regionais, hoje comandados por indicações políticas. A legenda conquistou votos suficientes para escolher sua direção pelas urnas em São Paulo, em Minas Gerais e no Maranhão. Renovação mesmo, até agora, só no Acre.


Poita

O presidente Lula lembrou à cúpula do PT que o deputado José Pimentel (PT-CE) assumira o Ministério da Previdência, em junho de 2008, com a promessa de que permaneceria no cargo até o fim do mandato. Lula ouviu do PMDB um pedido para que segure o subordinado e leve o PT a apoiar o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) a disputar o Senado, em 2010.


Risco/ Ao abrir a reunião do conselho político, ontem, Lula tranquilizou ministros e líderes da base no Congresso que não correriam o risco de contrair gripe suína. O presidente esteve em Bariloche, na semana passada, para a reunião da Unasul, onde também esteve o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, acometido da doença.

Breque/
Um argumento usado para convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a brecar mudanças nas regras de divisão dos royalties do pré-sal foi o cronograma de produção dos novos campos. Já que o de Tupi deve entrar em operação comercial depois de 2011 e Iara, não antes de 2013, não haveria razão para pressa em mudar o regime de partilha do benefício.

Conselho/ Foi o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, quem convenceu o presidente Lula a voltar atrás na retirada do pedido de urgência para aprovação das novas regras do pré-sal no Congresso Nacional. Gabrielli alertou que a definição das normas de exploração é necessária para o planejamento, a médio prazo, da exploração do petróleo na região. Lula havia desistido da urgência a pedido do governador paulista, José Serra.

Meio-fio/ O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aproveitou o Twitter para fazer troça dos jornalistas que montavam plantão em frente ao Palácio da Alvorada, no domingo, durante a reunião de Lula com os governadores do Sudeste. Escreveu: “Caminhei uma hora. Lua a pino. Na frente do Alvorada, metade dos jornalistas de Brasília. É o pré-sal”.

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