Brasília/DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 25/052013
Recém indicado pela presidente Dilma Rousseff para a vaga de Ayres
Britto no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado constitucionalista
Luís Roberto Barroso deu ontem, em Salvador, indicações de que
protagonizará grandes polêmicas na Corte. Principalmente, com os
ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello. Barroso criticou o ativismo
jurídico do tribunal e defendeu um “ponto de equilíbrio” entre o
Legislativo e o Judiciário. Sereno e elegante, com amplo trânsito entre
os ministros dos tribunais superiores, Barroso é respeitado como o mais
importante constitucionalista de sua geração.
“Em uma democracia, decisão política deve tomar quem tem voto”,
provocou. Cada macaco no seu galho. Essa interpretação é pura música aos
ouvidos dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recentemente atropelados por
liminares que sustaram a tramitação de projetos de lei e emendas
constitucionais.
Para Barroso, o Judiciário deve ser “deferente às escolhas feitas pelo
legislador e às decisões da administração pública, a menos que — e aí,
sim, legitima-se a intervenção do Judiciário — essas decisões violem
frontalmente a Constituição”. O futuro ministro criticou decisões do STF
em matérias como a fidelidade partidária. Como se sabe, recentemente, o
ministro Gilmar Mendes suspendeu a tramitação de um projeto de lei que
inibe a criação de partidos políticos, ao impedir que um parlamentar
eleito por um partido leve tempo de tevê e fundo partidário quando mudar
de legenda.
Reforma
Autor de 18 livros, as ideias de Barroso não chegam a surpreender o
mundo jurídico. Suas posições sobre muitos temas polêmicos que foram ou
serão apreciados pelo Supremo já são conhecidas em razão de artigos,
ensaios e teses jurídicas publicadas, além de sua atuação nos tribunais
como advogado. A opinião dele sobre o mensalão, por exemplo, é de que o
STF transcendeu à discussão puramente penal e condenou uma determinada
forma de fazer política.
Mensalão
O atual modelo político brasileiro, para Barroso, estaria na origem do
mensalão. “É compreensível que os condenados se sintam, não sem alguma
amargura, como os apanhados da vez, condenados a assumirem sozinhos a
conta acumulada de todo um sistema”, disse ao site Consultor Jurídico.
Políticos condenados na Ação Penal 470, os deputados cassados José
Dirceu (PT) e Roberto Jefferson (PTB); e os deputados José Genoino
(PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT), defendem-se das
acusações com discurso semelhante.
Cargos
Do deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF), comentando a resposta oficial
sobre o número de cargos comissionados na administração: “Enquanto a
França possui 4,8 mil cargos comissionados, os EUA inteiro, 8 mil, o
governo brasileiro possui exatos
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Caneta vazia
Muito festejado por aliados, o presidente do Senado, Renan Calheiros,
aproveitou a interinidade na Presidência da República para agradecer a
ajuda dada pela presidente Dilma Rousseff aos agricultores do seu
estado, que sofrem com a seca. Renan fará o possível para ter, até
amanhã, a passagem mais discreta possível pelo cargo: “Nada de medidas
provisórias, de vetos e de nomeações de ministros”, ironizou.
Rendição
Aliados da presidente Dilma Rousseff em Pernambuco foram informados de
que a candidatura do governador Eduardo Campos a presidente da República
subiu no telhado. As promessas do Palácio do Planalto aos governadores e
prefeitos do PSB estariam isolando Campos internamente, a ponto de o
vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, já tratar dos termos de uma
recomposição com o PT.
Mercado
Pesquisa entre economistas de instituições financeiras concluiu que 70%
estão a favor de uma alta de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom,
semana que vem. O restante aposta em 0,50. A justificativa para o
gradualismo é que a inflação já está caindo e não há motivo para uma
aceleração. Nas agências de notícias financeiras, porém, predominam os
que defendem um alta maior da Selic. Eis a chance de o Banco Central
mostrar sua independência… Do mercado!
Cassação/ O deputado estadual paulista Carlos Giannazi (PSol) ri à
toa. O seu pedido de cassação do mandato do vice-governador de São
Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), que acumula o cargo de ministro da
Secretaria da Micro e Pequena Empresa, recebeu sinal verde do Palácio
dos Bandeirantes.
Retaguarda/ O PT pretende abrir mão de uma candidatura própria
para armar o palanque de Dilma Rousseff em Pernambuco. Admite apoiar a
candidatura do senador Armando Monteiro (PTB-PE)
ao governo do estado.
Na canela/ O deputado Romário (PSB-RJ) cobrou da presidência da
Câmara dos Deputados a instalação de uma CPI para investigar a CBF, que
chamou de “Comitê Brasileiro de Falcatruas” durante discurso em
plenário.
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