sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A volta de Renan

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 01/02/2013

O Senado deve eleger hoje, por ampla maioria, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência da Casa. Será uma proeza e tanto. O parlamentar alagoano é alvejado por denúncias e por um coro de reprovações. Contra ele circula na internet um abaixo-assinado com mais de 250 mil subscrições.

A volta por cima de Renan não tem paralelo: renunciou à presidência do Senado para evitar, em votação de seus pares, a cassação do mandato. O apoio que recebeu na ocasião, em sessão secreta, explica a liderança que exerce até hoje e também o seu sucesso ao percorrer o caminho de volta ao posto.

Renan é um sobrevivente na política nacional. Ex-líder do governo Collor de Mello na Câmara, rompeu com o ex-presidente e sobreviveu à campanha pró-impeachment que o levou à renúncia. Ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, ele voltou ao topo da política ao presidir o Senado durante o governo Lula. Agora, reassumirá o comando do Congresso sem oposição da presidente Dilma Rousseff, que fazia restrição a sua eleição. Político frio e bem-humorado, é considerado por seus pares o melhor estrategista do Senado.

Dois nomes//

Dois nomes estão no bolso do colete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o Palácio dos Bandeirantes contra o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. A primeira opção é o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, um petista; a segunda, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), um aliado, que é assessorado pela filha do ex-presidente, Lurian.

Traições


Nas contas de Renan Calheiros, 58 dos 81 senadores deverão votar a favor de sua eleição, já contabilizados os votos contrários da turma que apoia a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT), inclusive os quatro senadores do PSB, que decidiram romper nesta semana. Se houver traições, serão nas bancadas do PT, do PSDB e do DEM. Renan nunca contou com os dissidentes do PMDB, como Pedro Simon, do PMDB-RS, seu velho desafeto.

Consenso

Com apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumirá a presidência do PSDB para dar início à construção de sua candidatura ao Palácio do Planalto nas eleições de 2014. Seu maior problema ainda é atrair os serristas de São Paulo para a candidatura.

Ranheta

A propósito, não convidem para a mesma mesa o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, do PSD, e o ex-governador José Serra. Sem muito tato, Afif sugeriu ao tucano que fosse menos ranheta ao criticar o governo. A resposta ninguém gostaria de ouvir. O vice-governador está cotado para ser o ministro das Micro e Pequenas Empresas de Dilma Rousseff.

Reforma

Relator da reforma administrativa do Senado, Ciro Nogueira (PP-PI) concluiu sua proposta de redução de gastos e da estrutura da Casa. Diz que a economia será de
R$ 80 milhões

A conta

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, mandou fazer as contas de quanto custará à administração paulista o adiamento do aumento dos preços das passagens de ônibus: R$ 180 milhões. Vai cobrar do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com juros e correção monetária, isto é, em recursos federais para obras.

Submergiu/ O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), submergiu. Grande eleitor da Casa, ele fazia restrições à eleição de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), mas se enquadrou e não moveu uma palha contra ele. A eleição será na segunda-feira.

Vara curta/
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu decidiu politizar sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e faz campanha pelo país contra a Corte e, principalmente, contra seu presidente, ministro Joaquim Barbosa, que foi o relator do mensalão. Segundo o petista, quem fala pela nação é o Congresso e não o STF. Diz que não vai se calar
nem que vá pra solitária.

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