Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 07/04/2012 |
Há muitas maneiras de os políticos lerem uma pesquisa. Uma delas é pôr uma lente de aumento nas avaliações setoriais que apontam os pontos fracos do adversário. É mais ou menos o que a oposição procura fazer ao interpretar os números da última pesquisa CNI/Ipope, que apontam a presidente Dilma Rousseff com 77% de aprovação. Quando o assunto é impostos, saúde, segurança pública, taxa de juros, combate à inflação e educação, a insatisfação suplanta a aprovação, destacam. » » » Sendo assim, a avaliação positiva do governo no combate à fome e à pobreza, à defesa do meio ambiente e à geração de emprego teria mais peso para a opinião pública do que os itens reprovados, considerando-se os bons resultados da avaliação geral do governo e o prestígio da presidente da República com a opinião pública. Por que isso aconteceria? Talvez a explicação esteja no fato de governadores e prefeitos — inclusive os de oposição — serem sócios majoritários do governo federal nos quesitos saúde, educação e segurança pública. » » » O caso dos impostos é emblemático: 65% desaprovam o governo, cuja aprovação se resume a 28%. A recriminação à política tributária chega a 81%, mas nem de longe é possível imaginar um cenário de "desobediência civil" em razão da "derrama". Ora, é exatamente essa carga tributária de 38% do Produto Interno Bruto (PIB) que garante o enorme poder de intervenção do governo federal e, em menor escala, dos demais entes federados (leiam-se governadores e prefeitos) na vida política nacional. Colaboração Com os governos de São Paulo, Minas, Paraná, Goiás, Pará e Rio Grande do Norte nas mãos, o isolamento da oposição perante a opinião pública é muito maior do que deveria, considerando-se o chamado "poder instalado". Porém, os governadores de oposição, a começar pelo tucano Geraldo Alckmin, não fazem oposição sistemática ao governo federal. Muito pelo contrário, mantêm excelentes relações com a presidente Dilma Rousseff. Implacável Quando se imagina uma oposição implacável, o personagem que mais a simboliza é Carlos Lacerda, que fez da antiga Guanabara um "tambor" político da nação após a inauguração de Brasília e foi um dos protagonistas da destituição do presidente João Goulart no golpe militar de 1964. Para seus adversários, com suas denúncias, Lacerda teria levado ao suicídio o presidente Getúlio Vargas. Caiu no real Certa vez, numa reunião do PT, o então prefeito de Santos, David Capistrano Filho, já falecido, chegou a dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria fazer oposição ao governo Itamar Franco como Carlos Lacerda fazia. Na ocasião, a cúpula do PT havia entrado em parafuso por causa do Plano Real. Lula subiu o tom das críticas à política de combate à inflação e perdeu a eleição para Fernando Henrique Cardoso, embora fosse o franco favorito da disputa. Desde então, nunca mais deu ouvidos aos economistas do PT que apostaram no fracasso do Real. Malas prontas// A presidente Dilma Rousseff viaja amanhã para os Estados Unidos. Além de se encontrar com o presidente Barack Obama, pretende fazer uma visita ao Massachusetts Institute of Technology (MIT). Está previsto um encontro com os estudantes brasileiros do programa Ciência Sem Fronteiras, na famosa Universidade de Harvard. Faraônico O governo corre atrás do prejuízo para retomar as obras de transposição do Rio São Francisco, que já pode ser chamado de projeto faraônico. Para retomar o que está parado, em abril serão licitados quatro conjuntos de intervenções no valor de R$ 2 bilhões Greve Acampados na Câmara dos Vereadores do município baiano de Lauro de Freitas, professores e trabalhadores da educação da cidade estão em greve de fome desde quinta-feira. Parados desde 26 de março, não aceitam a perda do adicional de 54% aos salários. Conselho/ O PSDB resolveu atacar a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pela retaguarda. Vai ao Conselho de Ética da Presidência da República pedir que analise a execução do contrato com a ONG Pró-Natureza para criação de peixes em Brasília, feita pela ministra. Evaporaram R$ 869,9 mil. Ponto fraco/ A Polícia Federal investiga um novo personagem no elenco de suspeitos da Operação Monte Carlo. Chama-se Ítala, suposta amante do contraventor Carlos Cachoeira. Comandos/ O almirante-de-esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld e o tenente-brigadeiro-do-ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes assumiram, respectivamente, o Comando de Operações Navais da Marinha e a direção-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) da Aeronáutica. Ambos ocupavam postos estratégicos no Ministério da Defesa (MD). |
sábado, 7 de abril de 2012
Sócios da desaprovação
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