Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Pela primeira vez em muitos anos, o Banco Central e o mercado financeiro estão com os rumos cruzados. A expectativa de queda dos juros foi consolidada pela última reunião do Comitê de Política Monetária, que antecipou a intenção de novos cortes até o fim do ano. Enquanto o BC prevê a queda gradativa da inflação, o mercado aposta na alta.
No Ministério da Fazenda, já se fala abertamente que a estratégia é tentar reduzir a taxa de juros em 4% reais até o fim de 2012, o que representaria uma Selic de 8% ao ano. Hoje, está em 12%. É que a presidente Dilma Rousseff pretende concluir seu mandato com uma taxa de juros de país desenvolvido.
A tese encampa o discurso da oposição (leia-se José Serra), que acusava o governo Lula de ter desperdiçado a oportunidade de baixar os juros na crise econômica de 2008 e 2009. O ministro da fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, estão afinados com a presidente Dilma na avaliação de que a crise internacional impede que a inflação suba. O mercado discorda.
Inflação
A estimativa do mercado financeiro (Boletim Focus) para o IPCA de 2011 subiu para 6,45%, quase no teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (6,5%). A previsão anterior era de 6,38%. Em relação ao próximo ano, o mercado calcula que será de 5,4%, embora o BC estime em 4,5%.
O crescimento
De onde vem essa discrepância entre o BC e o mercado? Das expectativas quanto ao PIB. O governo aposta no crescimento de 4,5% em 2011, mas a iniciativa privada avalia que o incremento do PIB não passará de 3,67%. Para 2012, o Executivo calcula um crescimento de 5% - o mercado aposta em 3,8% do PIB. Como o Orçamento se baseia na estimativa do PIB, o mercado imagina que não haverá recuo da inflação, porque o governo gastará mais do que deveria.
Na cara
A ministra-chefe da casa Civil, Gleisi Hoffmann , defendeu a medida provisória que criou o regime Diferenciado de Contratações (RDC) para obras da Copa do Mundo durante discurso realizado ontem em seminário promovido pelo Tribunal de Contas da União. Na ocasião, o procurador-geral da república, Roberto Gurgel, que contestou o RDC no Supremo Tribunal Federal (STF), estava sentado ao lado de Gleisi.
Desembarque
Milhares de prefeitos já estão em Brasília para pressionar o Congresso em busca de mais recursos. Liderados pela Confederação Nacional (CNM), querem derrubar o veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à dist4ribuição igualitária dos royalties de petróleo da camada pré-sal; a regulamentação da Emenda 29, que destina mais recursos da União, estados e municípios para a Saúde; e o encontro de contas dos débitos e créditos dos municípios com a receita Federal e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Reforma
O prazo para emendas ao parecer do deputado Henrique Fontana , do PT-RS, relator da reforma política, termina hoje. Entre as propostas em discussão, estão o financiamento público de campanha, o voto híbrido em lista fechada e uninominal e o fim do suplente de senador que seria substituído pelo deputado mais votado.
Calote
O Palácio do Planalto excluiu do Orçamento da União de 2012 as dotações de Lei Kandir. No orçamento deste ano, fez a mesma coisa, mas o Congresso acabou reservando R$ 3,9 bilhões para ressarcir os estados. Agora, os governadores pressionam a Comissão Mista de Orçamento para proceder da mesma maneira.
Vidraça/ O líder do PR na Câmara, deputado Lincoln Portela (MG), determinou a substituição de todas as divisórias da sede da liderança por vidraças. Preocupado com a imagem do partido, que desde o inicio da crise no Ministério dos Transportes ficou desgastada, Portela se tornou adepto da transparência até mesmo com os funcionários.
Forcinha/ O encontro do PMDB, programado para o próximo dia 15, deve servir para dar um gás na candidatura do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para a Prefeitura de São Pualo.
Independência/ O deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF) quer a legenda fora dos cargos no GDF; com uma postura de independência: elogiar o que for correto e criticar o que estiver errado. "A forma de o partido contribuir é com idéias e propostas, e não com listinhas de cargos," justifica.
Corrida/ O governo corre contra o relógio para a renovação da emenda constitucional que prorroga a Desvinculação das Receitas da União até 2015. A primeira votação importante será amanhã, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Publicado em 13 de setembro, terça-feira, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense
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