Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 13/06/2012 |
O depoimento do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) à CPI do Cachoeira ontem durou quase nove horas. Foi uma batalha parlamentar transmitida em tempo real para todo o país. Contra a orientação de seu advogado, o tucano apostou nesse caminho para se safar das denúncias de envolvimento com o contraventor. Enfrentou uma espécie de corredor polonês comandado pelo relator da CPI, Odair Cunha (PT-SP), que lhe fez mais perguntas do que a todos os demais depoentes que se apresentaram na CPI.
Aliados do governador goiano e parlamentares independentes na CPI consideraram o depoimento satisfatório: Perillo foi firme e convincente ao responder às perguntas, mesmo ao explicar a rocambolesca venda de sua casa para um ex-vereador de Goiânia — o imóvel acabou servindo de moradia para Carlinhos Cachoeira. Durante a reunião da CPI, parecia que Perillo transitaria incólume pelo corredor petista, até que Odair Cunha, depois de atender a uma ligação telefônica atribuída pela oposição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu pedir que Perillo tomasse a iniciativa de abrir os sigilos bancário, fiscal e telefônico. O tucano Carlos Sampaio (SP) reagiu, denunciou a suposta interferência de Lula e acusou o relator de tentar transformar Perillo de testemunha em investigado. Só a partir daí o clima esquentou na CPI. Ponto a ponto Orientado pelo advogado, Marconi Perillo fez um depoimento pautado por argumentos de sua defesa jurídica. Para cada pergunta do relator baseada no inquérito da Polícia Federal, tinha uma resposta com começo, meio e fim. O governador de Goiás demonstrou indignação, fez um balanço de seu governo e rebateu as acusações. Com isso, manteve o apoio dos aliados. A aposta dos petistas era de que Perillo ficaria desamparado na CPI. Desacordo Não houve acordo entre petistas e tucanos para livrar a cara de Perillo em troca de um salvo-conduto para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que hoje prestará depoimento à CPI. Essa era a grande dúvida de um grupo de integrantes da CPI que se consideram independentes. Reunidos no restaurante Piantella, em Brasília, os deputados Miro Teixeira, do PDT-RJ, e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSol-AP) tentavam adivinhar o que os petistas combinavam na casa do deputado Hugo Leal (PSC-RJ). "O único jeito de saber é sentar e ouvi-los na CPI", vaticinava Miro. Troco Os tucanos prometem dar o troco nos petistas durante o depoimento de Agnelo Queiroz marcado para hoje. A situação do governador do DF, porém, é mais tranquila, porque ele não teve relação direta com Cachoeira e conta com a colaboração do relator, o petista Odair Cunha. A maior preocupação de Agnelo é com o PMDB. Por isso, escalou o vice, o peemedebista Tadeu Filipelli, para fazer o meio de campo na CPI. Mensalão O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, de Pernambuco, minimizou as acusações dos petistas. "A discussão é rigorosamente ridícula. Não há conteúdo. "O problema do PT é o mensalão. É tudo invenção para tirar o foco", completou. Cassação O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), marcou para segunda-feira a leitura do relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) sobre o processo contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). O petista pedirá a cassação de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. Viadutos O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), e a presidente Dilma Rousseff assinaram ontem termo de compromisso para modernização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Serão construídos 18 viadutos e pavimentados 27,3km da via. O governo federal repassará ao governo mineiro R$ 1,5 bilhão Documentos/ O Ministério da Defesa negou ontem que a reclassificação de documentos sigilosos das Forças Armadas tenha por objetivo burlar a nova Lei da Acesso à Informação. Ministros/ A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou ontem as indicações de Hugo Carlos Scheuermann e Alexandre de Souza Agra Belmonte, feitas pela presidente Dilma Rousseff, para o cargo de ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Polio/ O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lança hoje a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. Começa no sábado e vai até 6 de julho em todo o Brasil. |
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Corredor petista
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