quarta-feira, 6 de junho de 2012

Começa o desânimo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 06/06/2012
 
Não é só a indústria brasileira que anda devagar, em razão da crise econômica mundial e das limitações do modelo de expansão do mercado interno via consumo (devido ao endividamento das famílias e ao próprio ciclo de reposição dos meios de consumo duráveis). O governo também precisa acelerar.

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Nos meios empresariais, o desânimo começa a se espalhar. Há queixas de que o governo transferiu para os consumidores o papel de alavanca do setor produtivo. Deixou a taxa de investimentos cair, os contratos não são assinados (caso dos aeroportos), a agenda legislativa anda a passos de cágado (royalties de petróleo). Sobram reclamações de que as coisas não caminham nas repartições federais.

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O general do Dnit segue o princípio da coluna: quem dá o ritmo das obras nas estradas é o funcionário mais lento. O ministro não consegue realizar as campanhas de saúde publicadas nos prazos anunciados pelo Twitter. E a Esplanada se segura na popularidade da presidente Dilma Rousseff e põe a culpa da própria lentidão no poder centralizador do Palácio do Planalto.

Código// A medida provisória sobre o novo Código Florestal editada pela presidente Dilma Rousseff desagradou ambientalistas e ruralistas. Deputados e senadores apresentaram mais de 620 emendas ao texto. A propósito, ontem foi o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Vacina

Somente 13 estados e o Distrito Federal alcançaram a meta de vacinação contra a gripe, mesmo com uma semana de prorrogação. O balanço mostra que 23.010.548 pessoas foram imunizadas, 76,33% de cobertura do público-alvo. Entre as gestantes, a adesão foi de 68,24%, índice que representa 1.474.474 mulheres desse grupo. A expectativa do Ministério da Saúde é atingir a meta nacional de 80% do público prioritário até 13 de julho.

Pacotinhos

É beabá do gerenciamento de crise: mentira precisa de cúmplice. Costuma pôr tudo a perder quando aparece para depor uma secretária, um caseiro ou um motorista. Desta vez, porém, foi um empresário que pôs lenha na fogueira na qual arde o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Walter Paulo Santiago revelou à CPI mista do caso Cachoeira que o pagamento pela casa que pertencia ao governador goiano foi feito em dinheiro e entregue a Lúcio Gouthier Fiúza, assessor de Perillo, e ao ex-vereador Wladimir Garcez, tido como um dos principais auxiliares do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira. "Não paguei com cheque. Paguei com notas de R$ 50 e R$ 100", disse.
 
É sério

Não foi uma simples indisposição que impediu a senadora paulista Marta Suplicy de participar do lançamento da candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. O problema "íntimo" que alegou é político: a forma como está sendo tratada pelo candidato e seu estado-maior. A cúpula do PT avalia que não precisa da ex-prefeita petista para ganhar a eleição tendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabo eleitoral. E esnoba Marta, que resolveu pagar pra ver. Haddad tem 3% de preferência do eleitorado nas pesquisas, os petistas acham que têm 30% de eleitores cativos.

Nossa Casa

A Caixa Econômica Federal reduziu as taxas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que baixaram de 9% para 8,85% para todos os clientes, mas pode chegar a 7,8%, dependendo do nível de relacionamento com o banco. E ampliou o prazo do financiamento da casa própria com recursos da poupança de 30 para até 35 anos.

Conselho

Recado da escritora Lygia Fagundes Telles, "imortal" da Academia Brasileira de Letras, autora de Ciranda de pedra e As horas nuas, a propósito da crise mundial e das viagens presidenciais, para a presidente Dilma Rousseff: "Dê três voltas na sua casa antes de ir para a casa dos outros". É um velho ditado chinês da dinastia Ming, que ouviu do líder comunista Mao Tse Tung ao visitar a China na década de 60.

Royalties / O relator do projeto de divisão dos royalties do petróleo, deputado Carlos Zarattini, do PT-SP, concluiu seu parecer e espera votar o projeto de partilha até 15 de julho. O Rio de Janeiro está isolado na negociação. Se o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), não conseguir abrir uma janela na pauta de votações da Casa, o texto será apreciado somente após as eleições de outubro.

Dólar/ O Banco Central dos EUA (FED) divulga hoje o "livro bege", documento contendo avaliação da economia norte-americana. O mercado aguarda uma luz no fim do túnel. Ben Bernanke, presidente do FED, irá amanhã ao Comitê Conjunto de Economia do Congresso, em Washington, para explicar o relatório.

Voto/ Está pronto para apreciação no plenário do Senado o projeto que acaba com o voto secreto nos processos de cassação de senadores e deputados. Em Brasília, a Câmara Legislativa adotou a medida em 2006, projeto do deputado Chico Leite (PT).

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