domingo, 29 de novembro de 2009

A terceira via do PMDB

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Guilherme Queiroz


O Palácio do Planalto trabalha para desarticular a rediviva do movimento a favor da candidatura própria do PMDB, que deve lançar na próxima terça-feira o nome do governador do Paraná, Roberto Requião, como pré-candidato à Presidência da República. Articulada pelo governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (SC), pelo ex-governador Orestes Quércia (SP), pelo ex-deputado Paes de Andrade (CE) e pelo ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger (RJ), a candidatura é encarada como uma espécie de linha auxiliar da oposição. Requião faz parte da lista dos amigos difíceis do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A reunião será uma tentativa de melar o acordo da cúpula do PMDB com o PT, empenhada em acertar os ponteiros nos estados para viabilizar a convivência das duas legendas na campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Encabeçada pelos caciques da legenda no Congresso — os presidentes do Senado, José Sarney (AP), e da Câmara, Michel Temer (SP), e pelos líderes nas duas Casas, senador Renan Calheiros (AL) e deputado Henrique Eduardo Alves (RN) —, a ala governista sedimenta a aliança com o PT graças à coalizão de governo com Lula. Como a turma que gostaria de apoiar um candidato de oposição não tem força para reverter essa tendência, resolveu reerguer a velha bandeira da candidatura própria. Requião agarrou-a com as duas mãos para entrar no jogo da sucessão de 2010.

A conta

As desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) afetarão diretamente a receita dos municípios, segundo o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. O Fundo de Participação dos Municípios sofrerá uma redução de R$ 518 milhões

Calor


O governador tucano de São Paulo, José Serra, do PSDB, sentiu o calor das pesquisas e resolveu pôr o pé na estrada, embora afirme que é cedo para decidir sobre a candidatura presidencial. Depois de uma semana de presença constante na mídia, seja em programas populares, seja na propaganda oficial do PSDB, sinalizou para os correligionários que aceita convites para ir aos estados. Na sexta-feira, por exemplo, estava em Canindé, no interior do Ceará, com Tasso Jereissati (PSDB) e o presidente do PPS, Roberto Freire.

Voto nulo


O governo brasileiro resolveu radicalizar na crise de Honduras. Avalia que o boicote às eleições deste fim de semana, convocadas pelo presidente deposto Manoel Zelaya, será bem-sucedido. O governo dos Estados Unidos apoia as eleições, previstas constitucionalmente, e deve reconhecer o novo governo eleito. Será acompanhado pela Colômbia e pelo Peru, na América do Sul, cuja divisão política se aprofunda.

Sem papo


O governador da Bahia, Jaques Wagner (foto), perdeu definitivamente a paciência com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB). O petista não quer saber de conversa sobre dois palanques para Dilma Rousseff no estado. Também já não quer acordo com Geddel. Aliança, agora, somente com a rendição incondicional do peemedebista.

Marisco


Governador de estado pequeno, o capixaba Paulo Hartung (foto), do PMDB, tenta costurar um acordo com os estados não produtores de petróleo sobre os royalties da camada pré-sal. O Espírito Santo virou marisco no confronto entre os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Extradição/ No Palácio do Planalto, é pule de 10 que o presidente Lula não concederá a extradição do ex-terrorista italiano Cesare Battisti, mas há muitas dúvidas sobre sua efetiva libertação. Tudo vai depender do acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF), que por 5 x 4 endossou a condenação que recebeu por crime comum da Justiça italiana. Se isso ocorrer, a pena seria comutada para 30 anos, mas Battisti mofará na prisão.

Sucessão/ Começa amanhã o processo eleitoral para a sucessão de Cezar Britto na presidência nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cuja eleição será em 1º de fevereiro de 2010. O presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, reeleito com mais de 70% dos votos, lançou o nome de Ophir Cavalcante Junior, atual diretor da entidade nacional, para presidir a OAB nos próximos três anos.

Agentes/ A Câmara dos Deputados aprovou, em primeira votação, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que regulamenta a situação dos agentes de saúde. Prevê a definição, por lei federal, de um piso salarial para a categoria e diretrizes para os planos de carreira, cujas formulações caberão aos estados e aos municípios. A medida reforça o Programa de Saúde da Família.

sábado, 28 de novembro de 2009

Apertem os cintos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Incomodada com as notas divulgadas pela coluna sobre “a lastimável situação” de alguns dos mais importantes aeroportos do país, a começar pelo de Brasília, a Infraero enviou esclarecimentos sobre cada uma das críticas recebidas, a começar pela denúncia do vice-líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), de que a empresa não informa sua execução orçamentária. Como é de conhecimento da opinião pública, especialmente daqueles que viajam de avião, os aeroportos do país são um gargalo do sistema de transportes, que fica à beira do colapso nos períodos de férias e de festas, como o ano-novo e o carnaval. Além disso, fazem parte do caminho crítico para a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, como advertiu o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB).

Segundo a empresa, por não pertencer à administração direta, suas contas não aparecem no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), mas o orçamento de investimento da Infraero é divulgado por meio do Programa de Dispêndios Globais do Ministério do Planejamento, que reúne as informações das estatais. “Tanto na LOA quanto no Plano Plurianual (PPA) do governo federal, a execução orçamentária, tanto das referidas obras quanto de todas as outras, pode ser verificada.” A empresa culpa prazos e exigências da Lei de Licitações e a ação dos órgãos reguladores pelas dificuldades para a realização das obras. Porém, não entra no mérito dos casos de superfaturamento, sobrepreço e outras irregularidades que determinaram as paralisações.

Cumbica

Segundo a Infraero, as obras de revitalização, recuperação e ampliação dos sistemas de pistas e pátios do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos foram iniciadas em janeiro de 2005 e o valor do contrato era de R$ 270 milhões. Essas obras foram paralisadas, por iniciativa do consórcio construtor, em março de 2008, em função das medidas cautelares aplicadas pela Infraero, por recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). Em maio de 2008, a Infraero encaminhou proposta de repactuação ao TCU para análise, sem sucesso. Resultado: apenas 53% da obra foram executados. Com a rescisão do contrato, em junho passado, virou uma batalha judicial.


Exército

Em outubro passado, a Infraero firmou um protocolo de intenções com o departamento de Engenharia e Construção do Exército para uma operação de guerra: reiniciar as obras dos aeroportos de Guarulhos, Vitória e Goiânia. Essas reformas e ampliações foram paralisadas por irregularidade nos contratos, que acabaram rescindidos. É possível que o Exército também retome a execução das obras de Cumbica.

Brasília


O Aeroporto Internacional de Brasília/Juscelino Kubitschek deverá sofrer reformas e ampliação do terminal sul de passageiros. Serão realizadas melhorias no saguão, salas de embarque e desembarque, check-in, controles de entrada de passageiros (raios x), meio-fio de desembarque e da área de bagagens. A previsão de conclusão é para 2013. Antes da reforma, porém, como medida emergencial, a Infraero instalará uma estrutura removível que servirá como setor de embarque em função da alta demanda do aeroporto. Começa a funcionar em junho de 2010. Serão investidosR$ 524,2 milhões

Amigo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está encantado com o presidente da França, Nicolas Sarkozy (foto), líder conservador que ocupou o lugar do ex-presidente norte-americano George Bush como seu principal parceiro internacional. O chefe de estado francês prestigiou o esvaziado encontro dos oito presidentes da Região Amazônica em Manaus, ao qual somente compareceu o presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo. Os demais mandaram ministros de Estado.

Aliado

Lula está mais chateado com Hugo Chávez (foto), da Venezuela, do que com Álvaro Uribe, da Colômbia, embora ambos os chefes de Estado tenham faltado ao encontro de Manaus. Uribe pretendia viajar, mas caiu do cavalo e se machucou. Avisou com antecedência que faltaria. Chávez , não. Prometeu ir ao encontro e só avisou que não compareceria quando a cúpula estava começando. Para quem pretendia pautar a Conferência do Clima, o fracasso do encontro dos países da Amazônia foi péssimo.

Ideólogo

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, lança na terça-feira o livro Ideias e rumos, às 17h, no salão nobre da Câmara dos Deputados. Médico, egresso da antiga Ação Popular, sucedeu o legendário líder sindical comunista João Amazonas no comando da legenda. É o grande responsável pela longa hegemonia dos comunistas na União Nacional dos Estudantes (UNE), o principal celeiro de quadros do PCdoB.

Arapongas/ Para debater o papel da atividade de inteligência e o controle interno e externo dos órgãos de inteligência, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal promoverão um seminário sobre atividade de inteligência e controle parlamentar. Foram chamados especialistas dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Portugal, Argentina e Chile, além de representantes da Abin, do Ministério da Defesa, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, da Polícia Federal, da Receita Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública. O evento começa na terça-feira.

Bombeiro/ O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), promete atuar como bombeiro na disputa por royalties de petróleo entre os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Por isso mesmo, não vai apresentar nenhuma proposta de mudança no critério de partilha acordado pelo presidente Lula com Cabral.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Com o chapéu alheio

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O governador de Minas, Aécio Neves, queixou-se ontem da forma como o governo federal anunciou as novas reduções do IPI para linha branca, móveis e material escolar. Com outras palavras, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez cortesia com o chapéu alheio. Para o político mineiro, os governadores e 5,5 mil prefeitos brasileiros são responsáveis por 57% das reduções e isenções de impostos, mas não foram consultados nem reconhecidos como parceiros nas bondades.

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Para combater a recessão e forçar o crescimento, o governo federal vem reduzindo a carga tributária que incide sobre o setor produtivo, principalmente as indústrias de automóveis e eletrodomésticos. Mas faz isso com os impostos compartilhados com estados e municípios, com impacto concentrado em algumas cidades e economias regionais, e deixa de fora os tributos exclusivamente federais. “Faltou um pouco de generosidade do governo federal com os estados e municípios que vêm fazendo enorme esforço para o equilíbrio das suas contas”, disse Aécio.

Francês//

O presidente Lula joga duro com os franceses nas negociações de compra dos 36 novos caças de última geração. Favoritos na disputa por razões geopolíticas, estão sendo obrigados a fazer novas concessões em termos de proposta de preços para vender ao Brasil os caças Rafale, de duas turbinas. O governo, aparentemente, não tem pressa para bater o martelo.

Aposentados

O Palácio do Planalto prepara uma ofensiva para reagrupar a base governista no Congresso e aprovar o aumento dos aposentados. A proposta é corrigir os benefícios para quem ganha acima do salário mínimo pela inflação mais 80% do PIB. A proposta foi negociada com as centrais sindicais para isolar o senador Paulo Paim (foto), do PT-RS, autor da emenda que reajusta os benefícios com base no salário mínimo. Inclui, ainda, contagem do tempo de seguro-desemprego para efeito de tempo de contribuição; o descarte de 30 (e não mais 20) contribuições “ruins” para o cálculo; e o fator 85/95 para substituir o fator previdenciário, que consiste na soma de idade mais tempo de contribuição, totalizando 85 anos para a mulher e 95 para o homem.

Obama

Apesar da carta que recebeu do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, às vésperas da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e dos desmentidos oficiais, o desconforto do presidente Lula com o poderoso colega do Norte ainda é grande. Idiossincrasias de ambos à parte, o carro está pegando mesmo é por causa de Honduras, que vai realizar eleições com o apoio norte-americano, enquanto o governo brasileiro paga o mico de continuar hospedando o presidente deposto Manoel Zelaya, que boicota o pleito.

Royalties

A mudança do critério das linhas ortogonais por linhas paralelas na delimitação geográfica das áreas confrontantes de exploração de petróleo pode virar mais uma confusão com o Rio de Janeiro. A proposta deve ser apresentada pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) quando a discussão chegar ao Senado. Pelo critério, o Rio perderia parte de sua bacia de pré-sal, enquanto o Paraná, que ficou de fora por causa do traçado das áreas confrontantes, passaria a ser beneficiado como estado produtor.

Chinatown

Os chineses vieram para ficar. Esse foi o recado de Jia Qinglin, que preside o Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, ontem, no Congresso. Explicou que a China e a América Latina se complementam em termos econômicos e tecnológicos e que a região já é o segundo parceiro comercial dos chineses, com um intercâmbio de US$ 140 bilhões

Mestre

Uma mesa-redonda, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, comemora o lançamento das obras Formação Econômica do Brasil — Edição Comemorativa de 50 Anos (Companhia das Letras) e Cinquenta Anos de Formação Econômica do Brasil — Ensaios sobre a Obra Clássica de Celso Furtado (Ipea). Participam o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, o senador Cristovam Buarque (foto), do PDT, e de Rosa Freire d´Aguiar Furtado, viúva de Celso Furtado. João Sicsú, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, será o mediador.


Violência/
Com o programa Pacto pela Vida, o governo de Pernambuco conseguiu, em dois anos e meio, reduzir a criminalidade entre a população jovem, principal alvo das estatísticas. Os crimes violentos letais (homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte) entre adolescentes do Recife regrediram 16% entre 2008 e 2009. Entre os adultos jovens, a queda foi de 14%. No total da população de Recife, a queda nas taxas destes tipos de crimes até meados de novembro foi de 19%.

Blecaute/ O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, prometeu entregar ao Senado, na próxima quarta-feira, o relatório sobre as causas do blecaute. O documento será feito em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo ele, “não há qualquer relação com o acidente que causou o blecaute as recomendações dadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).” O governo ainda bate cabeça sobre o assunto.

Leitura/ O lobby de editoras, distribuidoras e livrarias funcionou. O governo vai mesmo encaminhar ao Congresso o projeto de lei que cria o Fundo Pró-Leitura. Será formado com recursos da Educação e da Cultura e pela contribuição das editoras beneficiadas com a alíquota zero do PIS e da Cofins. A meta é atingir 77 milhões de leitores. Com a desoneração, o mercado editorial deixou de pagar R$ 592 milhões aos cofres públicos.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Lula negocia com Cabral

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta evitar a guerra federativa. Ontem, no Rio de Janeiro, prometeu ao governador Sérgio Cabral (PMDB) não votar a partilha dos royalties do petróleo da camada pré-sal enquanto não houver um amplo acordo. Só há uma maneira de conseguir esse objetivo: ceder parte dos recursos que havia reservado para a União aos estados não produtores e impedi-los de reduzir a participação dos estados produtores de petróleo de 25% para 22%, para obter igual fatia do bolo.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), comanda a rebelião dos estados do Norte e Nordeste, que querem receber inclusive os royalties do pré-sal já licitado no regime de concessões. Seu líder na Câmara, deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), mobiliza o apoio das demais bancadas e desanca o governador fluminense. A declaração de Cabral de que os estados não produtores querem “roubar” o Rio de Janeiro isolou os fluminenses, que tentam impedir a votação do relatório do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Nunca, desde a transferência da capital para Brasília, o Rio de Janeiro esteve tão vulnerável.

Saquaremas

Durante a maior parte do Império, políticos fluminenses e pernambucanos viveram às turras. O Rio de Janeiro, sede da Corte, era dominado por conservadores apelidados de saquaremas, por causa do Visconde de Itaboraí, que tinha uma fazenda no município de Saquarema (RJ), onde reunia os aliados. Defendiam o Estado unitário, centralizado, como forma de preservar a integridade territorial, o poder de D. Pedro II e o regime escravocrata.

Luzias

Pernambuco era um reduto dos liberais, chamados de luzias desde as revoltas de 1842. Uma homenagem aos rebeldes da Vila de Santa Luzia, em Minas Gerais. A última revolta liberal, porém, foi a Revolução Praieira (1848), no Recife, cuja derrota marcou o fim do ciclo revolucionário iniciado com a Confederação do Equador (1824), movimento republicano e emancipacionista, que reuniu as províncias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba e foi duramente reprimido pelas tropas de D. Pedro I por seu caráter separatista.

Bandeirantes

O governador de São Paulo, José Serra (foto), do PSDB, mergulhou. A bancada paulista não fez sequer uma reunião para discutir a partilha do pré-sal, embora a maioria de seus integrantes engrossem a obstrução às votações. O tucano pesca nas águas profundas da camada pré-sal. Hoje, o estado recebe apenas 0,05% dos royalties de petróleo, cerca de R$ 4,18 milhões. Mas é dono das maiores reservas de petróleo e será o mais beneficiado no futuro, qualquer que seja o desfecho da partilha.

Reciclagem

Líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP) apresentou projeto, ontem, criando um programa para reciclagem educacional e profissional de trabalhadores. Cursos de alfabetização, ensino fundamental, médio e profissionalizante vão incorporar ao currículo escolar os conhecimentos já adquiridos no exercício da profissão. Portugal, atualmente, recicla 25% da mão de obra do país.

Lista

O deputado Fábio Ramalho (foto), do PV-MG, comanda o lobby na Câmara a favor da indicação de um mineiro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Minas tinha quatro representantes no tribunal, dois já se aposentaram e mais dois devem deixar a toga na compulsória. Na lista tríplice encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o único mineiro é o desembargador José Antonino Bahia Borges, com 40 anos de magistratura.

Saudade

No filme Eliezer Batista, o engenheiro do Brasil, uma declaração do próprio elogia o breve governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello: “Ele fazia as coisas andar e os projetos saíam mesmo”. O filme estreia amanhã, no Cine Academia 3, às 21h20.

Royalties

A repartição atual dos royalties é a principal propaganda dos que defendem o novo regime de partilha, com uma divisão mais generosa para os estados não produtores. Enquanto a maioria não recebe royalties, em 2008, o Rio de Janeiro arrecadou 84,20% do total, cerca de R$ 6, 7 bilhões. A segunda arrecadação é do município de Campos de Goytacazes (RJ), com R$ 1,168 bilhão

Emendas/ O relator da Comissão Mista de Orçamento, Geraldo Magela (PT-DF), conseguiu fechar um acordo com a oposição para votar o relatório final da peça orçamentária de 2010. É a liberação de 50% das emendas parlamentares apresentadas por oposicionistas ao Orçamento de 2009. Agora, só falta combinar com a Casa Civil e o Ministério da Fazenda, que seguram a liberação.

Comando/ Ao lado do atual presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), o presidente recém-eleito da legenda, José Eduardo Dutra (SE), comandou a reunião da bancada petista, ontem, na Câmara. Cresce na cúpula do PT um movimento para que a posse de Dutra seja antecipada. Berzoini, porém, já tem lugar cativo no comando da campanha de Dilma Rousseff (PT).

Dilma atropela

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

A cúpula petista comemora o resultado das últimas pesquisas, não apenas a da CNT/Sensus, mas também a que mandou fazer por sua própria conta sobre a sucessão de 2010. É que o resultado da pesquisa reservada projeta a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), virando o ano com 25% de preferência do eleitorado. Ou seja, praticamente em empate técnico com o governador de São Paulo, o tucano José Serra. A pesquisa petista municia a direção do partido com dados quantitativos (preferências do eleitorado) e qualitativos (avaliação de imagem). É a maior feita até agora, desde a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Isso quer dizer que Serra será facilmente ultrapassado ou que os demais presidenciáveis — o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), o deputado Ciro Gomes (PSB) e a senadora Marina Silva (PV) — permitirão que a eleição se torne plebiscitária, como deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Não necessariamente. Os petistas acreditam que haverá uma reação dos adversários de Dilma Rousseff, a começar pelo governador José Serra. Mas o que a cúpula do PT teme mesmo são as trapalhadas e imprevistos, no governo e fora dele.


Trabalho


O arquiteto Oscar Niemeyer, que acaba de se recuperar de uma cirurgia, depois de um encontro com Aécio Neves, revelou que voltou às atividades normais. Passa 10 horas por dia em seu escritório de Copacabana, onde trabalha, conversa com os amigos e ainda descansa um pouco. O criador de Brasília passou um mês no hospital. No momento, dedica-se à conclusão do moderno Centro Administrativo do governo de Minas Gerais, uma das maiores obras arquitetônicas
do país.


Planos


O Ministério do Planejamento publicou circular que, em vez de explicar a Portaria Normativa nº 03/2009, modifica-a totalmente: os servidores públicos foram liberados para adquirir seu plano de saúde em qualquer empresa do mercado. Estima-se que a medida provocará a migração de mais de 50% nos atuais usuários da GEAP- Fundação de Seguridade Social, cuja presidente, Regina Parizi, acaba de cair em meio a uma crise interna. Pode ser o colapso da instituição, que agoniza.


Generoso


O governador de Minas, o tucano Aécio Neves (foto), minimizou a queda de José Serra nas pesquisas. Ontem, reiterou que seu nome estará à disposição do PSDB para concorrer à Presidência da República até dezembro e que gostaria que o partido decidisse o assunto antes disso. Defendeu o legado do ex-presidente Itamar Franco (PPS) e disse que o PSDB deve defender as realizações do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cujo nome apareceu com alto índice de rejeição nas pesquisas.

Álcool

Enquanto o governo Lula quebra castanhas para reforçar o controle estatal sobre o petróleo da camada pré-sal, a Bunge, um dos maiores grupos de agronegócio do mundo, investe pesado na produção de álccol combustível e já é a terceira maior empresa do setor. Comprou seis usinas de açúcar e álcool do grupo Moema, no estado de São Paulo, por US$ 1,3 bilhão


Carbono


Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (foto) trabalha nos bastidores do Congresso para manter no texto do relator Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) os recursos do fundo especial destinado a programas de adaptação às mudanças climáticas e proteção ao ambiente marinho. Os combustíveis fósseis financiarão parte do controle ambiental, com 3% dos royalties arrecadados com a extração do petróleo da camada pré-sal. Minc deseja que o fundo financie a captura e o armazenamento de carbono (ou CCS), que aprisiona e armazena no subsolo o dióxido de carbono (CO2) liberado pela exploração do pré-sal.

Pesquisas

Analista de pesquisas preferido por nove entre dez oposicionistas, o sociólogo pernambucano Antônio Lavareda lançará hoje, em Brasília, na Expand Store (SCLS 202), o livro Emoções ocultas e estratégias eleitorais, publicado pela Editora Objetiva. O foco é o que acontece no frisson das eleições.

Refinaria/ A Petrobras contesta o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), que denunciou a paralisação das obras da refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, em nota publicada ontem, nesta coluna. Segundo a empresa, as obras não estão paralisadas e os esclarecimentos necessários já foram dados ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Congresso Nacional.

Federais/ Será lançado hoje, no Edifício-Sede da Polícia Federal, às 16 horas, o livro Charlie.Oscar.Tango, que conta a história do Comando de Operações Táticas da PF. Escrito pelos agentes Eduardo Betini e Fabiano Tomazi, a obra relata ações do grupo de elite e dá dicas de segurança à população.

Drogas/ O avanço dos plantios de coca no Peru alertou as autoridades brasileiras. O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, assina hoje um acordo de cooperação entre os dois países, em Manaus. O objetivo é ajudar o país vizinho no combate ao narcotráfico, que já se aproxima do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, que ressurgiu e tem relações com a guerrilha da Colômbia.

Selva/
Os irmãos Viana perderam as eleições para a prefeitura de Feijó, às margens da BR 364, a 400 quilômetros de Rio Branco. O tucano Raimundo Ferreira, o Dindim, é o novo prefeito da cidade, com 55% dos votos. As eleições foram realizadas no último fim de semana.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

E agora, José?


Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

A pesquisa do Instituto Sensus divulgada ontem reforçou as críticas à estratégia do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que se finge de morto como candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tucano só pretende decidir se concorrerá à Presidência ou à reeleição para o Palácio dos Bandeirantes em março do próximo ano. Para esses críticos, Serra deveria marcar as prévias do PSDB para disputar a vaga de candidato tucano com o governador de Minas, Aécio Neves, e ir à luta, para evitar a continuada queda nas pesquisas. Caso outra pesquisa confirmar a tendência de queda, a estratégia estará em xeque. Serra aposta tudo na propaganda do PSDB de rádio e tevê para reverter a tendência de queda. Se falhar, será o xeque-mate.

Pela CNT/Sensus, realizada entre 16 e 20 de novembro, na principal simulação, José Serra teria 31,8%; Dilma Rousseff, 21,7%; Ciro Gomes, 17,5%; Marina Silva, 5,9%; e 23,2% não teriam candidato. Na simulação do segundo turno, José Serra teria 46,8% dos votos e Dilma Rousseff, 28,2%. Não teriam candidato 27,1% dos entrevistados. Os principais críticos da postura de Serra são Aécio Neves, que deve anunciar sua candidatura a senador em dezembro, e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), também candidato ao Senado. Minas e Rio de Janeiro são o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do país, respectivamente.

Gravidade

A pesquisa do Instituto Sensus mostra que não há transferência de votos por gravidade. Nas simulações, Marina Silva (PV), por exemplo, não herda os votos de Heloísa Helena (PSol), que vão para Dilma Rousseff (PT). José Serra seria o maior beneficiado pela desistência do desafeto Ciro Gomes (PSB), caso o ex-ministro do governo Lula decida concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Finalmente, Aécio Neves (PSDB) está cheio de razão ao se colocar como candidato pós-Lula, distanciando-se de Fernando Henrique Cardoso. O apoio do ex-presidente da República, eleitoralmente, tira mais votos do que transfere.


Secreto

Vice-líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP) cobra a divulgação da execução orçamentária de duas obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) paralisadas, uma em São Paulo e outra no Paraná. “A Infraero e a Petrobras não nos passaram os números, que também não estão disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira, o Siafi”, estrila. O tucano visitou, semana passada, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária (PR), e o Aeroporto de Cumbica (Guarulhos), cujas obras estão paradas.

Tráfico

O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay (foto), recebeu apoio de vários países para ocupar o cargo de diretor-executivo do Escritório Mundial da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC), em Genebra. A escolha será feita em dezembro ou janeiro e, na disputa, terá apenas um indiano como adversário. Na América Latina, o apoio é unanime. Abramovay chegou a ser ministro da Justiça interino por duas vezes, aos 29 anos, quando Tarso Genro viajou ao exterior.

Cabrito

Apesar de frustrado com a replicagem da chapa dos Democratas para o governo do Distrito Federal em 2010, com o governador José Roberto Arruda e seu vice, Paulo Octávio, candidatos à reeleição, o deputado federal Tadeu Filippelli (foto), que hoje comanda o PMDB candango, foi bom cabrito: continua elogiando o governador e o vice e anuncia que vai disputar uma das vagas ao Senado na chapa da coalizão.

Cumbica

A ampliação e a revitalização das pistas e pátios e a recuperação do sistema de drenagem de Cumbica não decolam porque o TCU detectou, em março, superfaturamento, sobrepreço e pagamento por serviços que não constam em contrato. O investimento total é de R$ 282 milhões

Parafuso

A propósito da lastimável situação de importantes aeroportos do país, a começar por Brasília, o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Murilo Barboza, participa de audiência pública na Comissão de Infraestrutura e Transportes da Câmara, hoje.

Moita/ Foi discreta a passagem do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, ontem, pelo Congresso. O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), criticou o presidente Lula pela visita e chegou a falar com o presidente da Casa, Michel Temer, para que não o recebesse, “por ser um tirano que nega o Holocausto”. O líder iraniano não foi recebido em plenário no Senado, como é de praxe.

Procura-se/ O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) tenta localizar o ex-agente do DOI-Codi Marival Chaves, para convocá-lo a prestar depoimento na Comissão de Direitos Humanos do Senado sobre o paradeiro dos oposicionistas desaparecidos durante o regime militar. A convocação foi motivada por seu depoimento ao documentário Perdão, mister Fiel, de Jorge Oliveira.

Marolinha/ A recuperação da atividade econômica nos últimos meses começa a se refletir na arrecadação de IPI e Imposto de Renda, segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Os dois impostos compõem o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Investimento/ O governador da Bahia, Jaques Wagner, comemora a ampliação do prazo de isenção fiscal concedido às montadoras de automóveis de 1999 até 2015, depois de um ano tentando convencer o presidente Lula a adotar a medida. O presidente da Ford América Latina, Marck Fields, anunciou que pretende investir R$2 bilhões na duplicação da fábrica da empresa na Bahia.

domingo, 22 de novembro de 2009

Cabeça do cachorro

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Uma delegação formada pelos deputados Raul Jungmann (PPS-PE), Emiliano José (PT-BA), Rui Pauletti (PSDB-RS) e Cláudio Cajardo (DEM-BA) fechou ontem um périplo por Venezuela, Colômbia e Equador. Não foi recebida por Hugo Chávez, mas conversou com os presidentes Álvaro Uribe, colombiano, e Rafael Correa, equatoriano, além de chanceleres, ministros da Defesa e chefes do Legislativo. Os três países andam em pé de guerra. O centro do problema não são as bases militares dos Estados Unidos na Colômbia, mas a presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) nas fronteiras com a Venezuela e o Equador.

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Segundo Jungmann, coordenador do grupo, devido à grande desconfiança existente em relação ao acordo militar dos Estados Unidos com a Colômbia, qualquer acerto entre os três países depende da intervenção do Brasil no processo. Ou melhor, da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações. Não apenas porque sua liderança é reconhecida por todos. O Brasil é o alicerce da integração econômica do subcontinente, via grandes empresas brasileiras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), “hoje a maior fonte de financiamento do capitalismo sul-americano”.

Guerrilha

O Brasil ficou de fora da confusão porque não permitiu nem permite que as Farcs operem na região da Cabeça do Cachorro, extremidade Noroeste do nosso território, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Um ataque dos guerrilheiros das Farcs a um antigo posto de fronteira do Exército brasileiro, no Rio Traíra, em 1991, no qual foram mortos três soldados, levou o governo a expandir a presença militar na região. Foram criados vários pelotões de fronteira, a partir de São Gabriel da Cachoeira, a 1.146km de Manaus, Rio Negro acima. E o troco veio 11 anos depois. Em 26 de fevereiro de 2002, o Exército matou cinco guerrilheiros que navegavam pelo Rio Japurá.

Selva

São Gabriel, com 22 etnias, é a maior cidade indígena do país. Jovens tucanos, desanas, baniuas, curipacos, cubeus, ianomâmis, tarianos, hupdas e de outras tribos são recrutados e treinados pelo Exército, para servir nos pelotões da fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Vigiam os rios Uaupés, Tiquié, Içana, Cauaburi, Pari-Cachoeira, Iauaretê, Querari, Tunuí-Cachoeira, São Joaquim, Maturacá e Cucuí. Sob o comando de jovens tenentes, em plena selva, toda manhã hasteiam a bandeira do Brasil e cantam o Hino Nacional.

Crise

Uribe disse a Jungmann (foto) que as Farc sobrevivem por causa dos santuários nas fronteiras da Venezuela e do Equador. E que a ajuda dos Estados Unidos salvou a Colômbia das mãos do narcotráfico. Desgastado pela falta de energia e por uma crise de abastecimento, Chávez explora a tensão na fronteira e a presença norte-americana para unir suas forças armadas e manter o apoio popular. Correa, porém, inicia uma lenta aproximação com a Colômbia e tenta se livrar da infiltração das Farcs, cujas bases no Equador foram destruídas por uma operação militar colombiana que provocou o rompimento entre os dois países.

Perigo//

Em depoimento na Câmara, respondendo ao deputado Osório Adriano (DEM-DF), o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), admitiu que o maior gargalo de infraestrutura para a Copa de 2014 não são os estádios, mas os aeroportos das 12 cidades-sedes. A Infraero é responsável pelo atraso nas obras.

Malandro

Com todo respeito, como diria meu camarada Ancelmo Gois, o presidente Lula está como aquele malandro do samba de Bezerra da Silva, que apertou, mas não acendeu o cigarro. Já decidiu, mas faz suspense sobre o desfecho da extradição do italiano Césare Battisti, com base em controversa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o que fragiliza ainda mais o Judiciário e desgasta o governo brasileiro com as autoridades da Itália.

CredBrasília

O governador José Roberto Arruda (foto) pretende lançar, às vésperas do Natal, o banco de microcrédito do DF. O objetivo é tirar da economia informal 30 mil pessoas, com financiamentos de até R$ 20 mil para micro e pequenos empreendedores, entre empresas individuais e pessoas físicas. Para obter um empréstimo de até R$ 800, não será preciso avalista ou qualquer outra garantia. E quem pagar a parcela mensal do financiamento em dia terá 20% de desconto na tabela de juros. Os recursos serão provenientes dos fundos de Agricultura, de Geração de Emprego e de Turismo e do Banco de Brasília.

Persas

O presidente do Senado, José Sarney, mandou reforçar a segurança do Senado para a visita do polêmico presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, amanhã, às 15h30. Antissemita, ele chega com uma comitiva de 300 pessoas

Promoções/ O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) articula na Câmara a aprovação de projeto de lei de sua autoria que assegura promoções aos integrantes do quadro especial do Exército, integrado por mecânicos, armeiros e outros profissionais especializados. Hoje, esses militares batem no teto da carreira ao chegar a cabo ou terceiro-sargento, mesmo com 15 anos de serviço. A proposta prevê promoções a cada cinco anos, até o posto de sub-tenente.

Não abre/ Presidente da Assembleia Legislativa do Rio de janeiro, Jorge Picciani, que controla o PMDB fluminense, não abre mão de uma das vagas ao Senado na chapa do governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição. Com isso, a proposta do presidente Lula de reservar uma vaga para o senador Marcelo Crivella (PRB) e outra para o prefeito de Nova Iguaçu, Lindeberg Faria, foi para o espaço.

sábado, 21 de novembro de 2009

Novela das 40 horas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O governo se mobiliza para barrar a votação das 40 horas semanais, que divide a base aliada naquilo que o projeto tem de mais importante: o seu caráter policlassista. PT, PDT, PSB e PCdoB são a favor da proposta da Central Única dos Trabalhadores e da Força Sindical, de olho nos votos da massa de sindicalizados. O PMDB, o PTB, PP, o PR e o PRB são contra, tendo como alvo as pequenas e as médias empresas do país.

Se a proposta for votada na próxima semana, a possibilidade de aprovação é grande, por causa dos votos de parte da oposição, principalmente do PSDB e do PPS. O DEM fechou questão contra as 40 horas. A consequência imediata da aprovação seria o fim do trabalho aos sábados para quem tem jornada de oito horas cheias, de segunda a sexta-feira. As empresas que quisessem manter o funcionamento na manhã de sábado teriam que pagar horas extras aos funcionários. O pequeno comércio, escritórios de prestação de serviços, oficinas e empresas de construção civil seriam os mais atingidos, pois, na maioria desses casos, a produtividade depende do número de horas trabalhadas.

Transição

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), tentou costurar um acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), para implantar o regime de quarenta horas até 2016, gradualmente, com reduções anuais a partir de 2010. A proposta foi rechaçada pela CUT e pela Força Sindical. A alternativa do Palácio do Planalto é empurrar a decisão “pras calendas”, para evitar um racha na base.

Algodão

Escaldado pela confusão que criou ao colocar na pauta a emenda Paim, que equipara o aumento do salário mínimo aos reajustes dos benefícios de aposentados e pensionistas, o presidente da Câmara, Michel Temer (foto), do PMDB-SP, avisou aos líderes que só colocará em votação o regime de 40 horas semanais com um acordo entre líderes. As centrais sindicais não gostaram, pois tudo o que as confederações patronais queriam era engavetar o projeto.

Copa

O Ministério do Turismo planeja investir pesadamente na infraestrutura do país, principalmente em aeroportos, metrôs e rede hoteleira. Pretende oferecer financiamentos às 12 cidades-sedes da ordem de US$ 2 bilhões

Casca-grossa

Jader Barbalho (PMDB-PA), cacique do PMDB na Câmara, não quer saber de conversa sobre candidatura ao Senado. É como falar em corda na casa de enforcado. Cada vez mais está disposto a disputar o governo do Pará contra a governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição.


Catacumba


Bombou na estreia no Festival de Brasília o filme Perdão, mister Fiel, do jornalista Jorge Oliveira, ganhador de dois prêmios Esso de reportagem na década de 1970, um deles por denunciar a existência do então secretíssimo acordo nuclear do governo Geisel com a Alemanha. Em consequência do filme, o Ministério da Justiça está atrás do ex-agente do Doi-Codi Marival Chaves para que esclareça as circunstâncias do assassinato do ex-deputado Rubens Paiva. Segundo o sargento reformado do Exército, o parlamentar teria sido esquartejado na prisão. É fácil achar Marival: mora em Vila Velha(ES).


Ferida

Ao subir o tom nas declarações contra o governo italiano, o ministro da Justiça, Tarso Genro (foto), pressiona o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a favor do asilo político ao ex-terrorista Cesare Battisti, cuja extradição foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por 5 x 4, com o voto de minerva de seu presidente, Gilmar Mendes. Mexe numa ferida mal-cicatrizada da política italiana ao dizer que Battisti é vítima de setores fascistas da sociedade e do governo da Itália.

Boas-festas/Vem aí mais uma crise na aviação do país. Com o reaquecimento da economia, os salões de embarque e saguões andam lotados e as companhias aéreas começam a tropeçar nas próprias asas. A Infraero tira o corpo fora com a desculpa de que o respeito aos horários é de responsabilidade das companhias, que muitas vezes fecham o check-in na hora marcada, mas os aviões partem com longos atrasos.

Direitos/Advogados cubanos saem do isolamento. O presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Henrique Maués, está em Cuba para a celebração de um acordo de cooperação entre o instituto e a União dos Juristas de Cuba. A ideia é promover o intercâmbio visando tanto à publicação de artigos em revistas digitais e impressas quanto à realização de eventos institucionais.

Voto/ O marqueteiro em monitoramento de campanhas eleitorais e votações, lançou um site interativo de acompanhamento das eleições de 2010. Qualquer cidadão pode participar: www.votocerto.com.br

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Assalto aos royalties


Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O Palácio do Planalto resolveu pisar no acelerador e votar a partilha do pré-sal na próxima semana, antes dos demais relatórios. Teme que as bancadas dos estados não produtores inviabilizem a aprovação do acordo fechado pelo governo com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, ambos do PMDB. Segundo o acerto com Lula, 25% dos royalties seriam destinados aos estados produtores. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que diverge da proposta, comanda a rebelião das bancadas do Norte e do Nordeste, como a coluna antecipou.

“Todo mundo quer tirar um pouco dos royalties do Rio de Janeiro”, justifica o líder do PT, Cândido Vacarezza (SP), que negocia com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), a inversão da pauta. Segundo o petista, a intenção é votar no começo da semana o relatório do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que estabelece a partilha dos royalties. Mesmo assim, segundo o parlamentar, será preciso fazer alguns “ajustes” na proposta para amansar os descontentes.

Bombou//

A equipe econômica estima que o país crescerá 2,5% no último trimestre, o que projeta uma taxa de crescimento “anualizada” de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas a previsão que deixa o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rindo mais do que aeromoça é o aumento da arrecadação federal a ser divulgada na próxima semana.


Caixa

A propósito dos projetos do pré-sal, o líder do PSDB, José Aníbal(SP), está cismado com a pressa do governo para aprovar o projeto de capitalização da Petrobras, urgência que atribui a problemas de caixa. Para o tucano paulista, o socorro de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal à empresa, em outubro passado, ainda preocupa o mercado. Como o número é pequeno para uma empresa que investe somente este ano US$ 60bilhões, a única explicação para sua necessidade é a falta de capital de giro.

Fênix

O ex-governador de Minas Newton Cardoso quer renascer das cinzas. Na moita, arrebanha delegados para a convenção do PMDB mineiro com objetivo de recuperar o controle da legenda. Quem não está gostando da empreitada é o ministro das Comunicações, Hélio Costa, candidato ao governo mineiro. A deputada Maria Lúcia Cardoso, ex-mulher e desafeta de Newton, corre risco de perder a legenda e não concorrer à reeleição.

Cana-dura

Um pedido de vista coletivo adiou para a próxima semana a votação no Senado do projeto que altera as atribuições do Ministério Público e das polícias federal, civil e militar na repressão ao crime organizado. O líder do PT, senador Aloizio Mercadante, relator do projeto, no qual o MP exercerá o controle externo das polícias, tenta costurar um acordo para acabar com a disputa entre os órgãos. O petista também leva em conta o projeto do Ministério da Defesa que atribui poderes de polícia à Marinha e ao Exército nas fronteiras do país.

Mulheres


Pesquisa do Data Senado aponta que 62% das entrevistadas conhecem mulheres que já sofreram violência doméstica e familiar. Entre os tipos de violência, as mais citadas foram a física (51%), a moral (16%) e a psicológica (15%). No Brasil, uma mulher é espancada pelo marido ou companheiro a cada 15 segundos

Absoluto

O favoritismo do senador tucano Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, inibe a candidatura do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), até agora o único que poderia enfrentá-lo na disputa pelo governo goiano. Pela mesma razão, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que se filiou ao PMDB, anda falando que permanecerá no cargo.

Recauchutagem/ Enquanto os 36 novos caças de última geração que o governo Lula pretende adquirir taxiam na pista do Programa FX-2, a Força Aérea Brasileira recauchuta mais 12 aviões F-5 adquiridos de segunda mão da Jordânia. O programa de modernização da frota de combate da FAB já reformou 34 caças norte-americanos F-5, que compõem a vanguarda da Força, juntamente com os velhos Mirages 2000, também reformados.

Sem-terra/ A bancada ruralista aprontou mais uma na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural: aprovou, ontem, projeto do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) que condiciona a desapropriação de terras para fins de reforma agrária à prévia autorização do Congresso Nacional. A pretexto de combater os sem-terra, a comissão invadiu as atribuições do Executivo.

Olodum/ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que assinam vários decretos de regularização de terras quilombolas, vão levar o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, a um ato público na Praça Castro Alves, hoje, às 16 horas, em comemoração ao dia da Consciência Negra. Acostumado aos tiros para o ar de AK-45 dos soldados do Fatah, durante as solenidades palestinas, Abbas ouvirá pela primeira vez o canto de Margareth Menezes e o som dos tambores da Bahia.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Para debaixo do tapete

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Velho cacique, o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen entrou em campo para abafar a crise da legenda com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provocada pelas declarações do presidente partido, Rodrigo Maia (RJ), e do ex-prefeito Cesar Maia, seu pai. Ambos questionam duramente a postura do tucano paulista, que não quer saber da campanha eleitoral antes de março do próximo ano, e defendem a candidatura do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República. Com esse objetivo, articulou o almoço realizado ontem na residência do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), que assumiu a condição de fiador da unidade da legenda.

Tudo foi conversado nos bastidores, mas nada foi resolvido. Arruda reiterou a aliança com o PSDB e o apoio ao candidato a presidente que vier a ser escolhido pelo partido aliado, nada mais. Ou seja, a crise interna no DEM será administrada em banho-maria, profissionalmente. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é serrista de carteirinha, por motivos óbvios. O ex-prefeito Cesar Maia, que é candidato ao Senado, verbaliza uma tendência centrífuga da legenda: não verticalizar, nos estados, a aliança preferencial com o PSDB na sucessão de 2010.


Camarão


Cesar Maia é candidato ao Senado no Rio de Janeiro e ponto final. Não admite se lançar ao Palácio Guanabara contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, e o ex-governador Anthony Garotinho (PR), que pretende voltar ao cargo. A aliança natural de Maia seria com o deputado Fernando Gabeira (PV), que virou o principal palanque da senadora Marina Silva (PV), fora da aliança DEM-PSDB-PPS. Maia mantém uma aliança heterodoxa com o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), cuja candidatura a governador estimula para não tê-lo como concorrente na luta por uma das vagas do Senado.

Churrasco


No Rio Grande do Sul, o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) fechou o apoio à candidatura do deputado Vieira da Cunha (PDT) ao governo gaúcho contra a governadora Yeda Crusius (PSDB), que pretende mesmo concorrer à reeleição. Ontem, em almoço com a presença do ministro do Trabalho, Carlos Luppi, em Brasília, bateu o martelo na aliança com o PDT, que deve incorporar também o PTB do senador Sérgio Zambiasi.


Moqueca

Nada indica que o DEM fechará uma aliança com o deputado Luiz Paulo Vellozzo Lucas (PSDB), candidato ao governo do Espírito Santo. O presidente da Assembleia Legislativa capixaba, Élcio Álvarez, veterano cacique da legenda — foi líder do governo e ministro da Defesa de Fernando Henrique Cardoso — , apoia a candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) à sucessão de Paulo Hartung (PMDB).

Tensão

Depois de visitar a Venezuela, um grupo de parlamentares brasileiros está em Bogotá para conhecer as bases americanas que serão instaladas na Colômbia. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, contesta a presença dos Estados Unidos no país vizinho, com quem está em pé de guerra. Segundo o deputado Raul Jungmann, do PPS-PE, agora os parlamentares vão ouvir o presidente colombiano, Álvaro Uribe. Na volta, se reunirão com o Ministério das Relações Exteriores para relatar o que viram e ouviram.


Guerrilha

O aumento do tráfico de drogas e da produção de coca está forçando o Peru a fazer um acordo de cooperação com os Estados Unidos, nos mesmos moldes que os americanos implantaram na Colômbia, em 2000. Além do apoio financeiro, os EUA podem fornecer forças para ajudar na erradicação dos plantios. Muitos deles estão hoje em áreas dominadas pelo Sendero Luminoso, o grupo guerrilheiro que está se reestruturando no Peru. O acordo já está em fase de estudos entre as duas nações.


Energia

O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Franklin Moreira Gonçalves, queixa-se de que os eletricitários — que trabalham com a linha viva — não estão sendo ouvidos nas investigações sobre o apagão. Gonçalves denuncia falta de investimentos na prevenção de danos e de acidentes no sistema. O Programa de Ações Estratégicas do setor de energia deve investir em geração, transmissão e distribuição de energia, até 2011, R$ 30 bilhões

Verdes

Cantando Cartola e Noel, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PV), não foi ao badalado lançamento do filme Lula, filho do Brasil, e caiu no samba do refinado grupo Adora Roda, terça-feira à noite, no Bar do Calaf. A roda de samba virou reduto da cariocada do ministério.

Defesa/ A CCJ do Senado aprovou emenda do senador Marco Maciel (DEM-PE) ao Orçamento Geral da União de 2010 reforçando o caixa da Defensoria Pública dos estados e do Distrito federal. São R$ 110 milhões para cobrir despesas com a manutenção e a criação de 19 unidades no interior do país, além de nomear 152 defensores públicos federais.

Retaliação/ A alta burocracia do Senado, de mal com a imprensa em geral, resolveu começar os cortes de gastos com a administração da Casa na área de Comunicação. O alvo principal é a TV Senado, cujos programas e documentários serão os mais atingidos.

Gênio fora da garrafa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O governo tirou o gênio da garrafa da partilha do pré-sal e agora não consegue pô-lo de volta. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), inconformado com os termos do acordo fechado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, rebelou as bancadas do Norte e do Nordeste para estender o novo marco regulatório aos 28% de áreas de exploração do pré-sal já licitadas pelo regime de concessão. No cafezinho da Câmara, era pule de 10 que Campos ganhará a votação em plenário, com folga, se a proposta for votada.

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Cabral e Hartung resolveram marcar posição e resistir. Os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lelo Coimbra (PMDB-ES), ontem, pressionavam o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, para que exigisse das bancadas do PMDB e do PT o cumprimento do acordo. A porteira foi aberta porque o relator do Fundo Social da Petrobras, o ex-ministro Antônio Palocci (PT), mexeu na divisão desses royalties ao destinar a parte que caberia aos ministérios à formação imediata do fundo. Se a emenda de Campos for aprovada, a disputa federativa somente acabará no Supremo Tribunal Federal (STF), pois a participação especial dos estados produtores é matéria constitucional e a proposta tem caráter retroativo.


Herói//

Amanhã, na sessão das 20h30 do Festival de Brasília, estreia o filme Perdão, mr. Fiel, documentário longa-metragem do jornalista Jorge Oliveira que conta a história de um companheiro do presidente Lula que tombou no meio do caminho: o metalúrgico Manuel Fiel Filho, torturado e morto no DOI-CODI de São Paulo, em 1975.


Fogo amigo

O governador de São Paulo, José Serra (foto), anda se queixando do “fogo amigo” com os aliados do PSDB, DEM e PPS. Reclama, principalmente, do ex-prefeito carioca Cesar Maia, que o chamou de caudilho em recente entrevista, e da movimentação do governador de Minas, Aécio Neves, que ontem teve um novo encontro com o candidato do PSB, Ciro Gomes, desafeto do tucano paulista. Maia e Aécio são críticos da posição assumida por Serra de somente decidir sobre sua candidatura à Presidência da República em março de 2010, prazo de desincompatibilização do cargo de governador.

Itaipu

Está o maior alvoroço na imprensa paraguaia por causa da Operação Laçador, exercício das Forças Armadas brasileiras iniciado segunda-feira, com 8 mil homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que simula a ocupação por um país vizinho e a subsequente retomada da hidrelétrica de Ita (SC/RS) e do Porto de Rio Grande (RS). Participam 13 navios, dois submarinos, quatro lanchas e oito helicópteros, três divisões do Exército e 53 aeronaves da FAB. Uma semana após o apagão, a manobra é vista no Paraguai, que também ficou às escuras, como a simulação da tomada da usina binacional de Itaipu.


Menos

Na qualidade de filha de Olga Benário Prestes, extraditada pelo Governo Vargas para a Alemanha nazista, para ser sacrificada numa câmara de gás, Anita Leocádia Prestes (foto) enviou carta ao presidente Lula em defesa da anistia ao ex-terrorista italiano Cesare Batistti. Na texto, afirma que o presidente da República “não permitirá que seja cometido pelo Brasil o crime de entregar Cesare Battisti a um destino semelhante ao vivido por minha mãe e sua família”. A extradição do italiano, condenado à prisão perpétua por quatro homicídios, deve ser decidida hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Filha do falecido líder comunista Luiz Carlos Prestes, Anita nasceu num campo de concentração.


Royalties

Com R$ 3,5 bilhões arrecadados por ano, o Rio de Janeiro, sozinho, recebe 73% do total dos royalties destinados aos estados, o que facilita a mobilização a favor de aplicar as novas regras do marco regulatório às áreas de pré-sal já licitadas. Somente o município de Campos arrecada R$ 1,1 bilhão

Circos/ A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara aprovou relatório do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) que acaba com o uso de animais nos circos que circulam pelo país. Vale para a fauna silvestre brasileira e os animais exóticos, como leões, elefantes e chimpanzés.

Apagão/ A Comissão de Minas e Energia deve deliberar, hoje, sobre a convocação dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), e do secretário de Energia Elétrica, Josias Matos de Araújo, para esclarecer as causas do apagão. O ex-ministro Silas Rondeau também deve ser convocado. Presidida pelo deputado Bernardo Ariston (PMDB-RJ), a comissão virou uma dor de cabeça para o governo.


Madeira/
A ministra em exercício do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Arlete Sampaio, recebe amanhã, em Brasília, a doação por parte do Ibama de 400 carretas de madeira apreendida na cidade de Vilhena, em Rondônia. A carga, avaliada em mais de R$ 860 mil, será leiloada e os valores arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional de Erradicação da Pobreza, cujos recursos são aplicados nos programas sociais do governo federal. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também participa.

Trade/ Foi lançada uma revista eletrônica com informações, artigos e vídeos sobre o comércio exterior do Brasil e do Distrito Federal em particular. É o site Comex-DF (www.comex-df.com.br), lançado para cobrir as atividades dos órgãos governamentais, de instituições privadas e das embaixadas e organismos internacionais na área do comércio internacional. O Comex-DF contém informações de interesse do exportador: portal do exportador e calendário de feiras e eventos no Brasil e no exterior.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sem medo de apagão

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

O Palácio do Planalto avalia o caso do apagão como superado. Não vê problema na ida da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre o blecaute da semana passada. Acredita que só tem a ganhar com uma prestação de contas sobre sua atuação no setor energético. A versão oficial continua sendo a de que o apagão foi causado por descargas elétricas nas linhas de transmissão e não por falta de investimentos. A oposição, porém, não descarta a possibilidade de falha humana.

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Há dúvidas sobre a necessidade de total desligamento das turbinas de Itaipu. Aguarda-se a divulgação do relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com base no monitoramento das subestações de transmissão de energia. O sistema suporta problemas causados por condições atmosféricas (raios, ventanias e temporais), pois funciona segundo o critério n-1, que, no jargão dos engenheiros, significa que deve suportar a perda de um elemento de rede sem interrupção da condução. Porém, são frequentes problemas mais graves. No ano passado, foram 500 contingências múltiplas, mas não houve blecaute. Na semana passada, entretanto, o curto-circuito derrubou três linhas de alta tensão e provocou o desligamento de Itaipu. Em consequência, outras usinas foram desligadas por questão de segurança.

Quase

Em 12 de janeiro de 2008, por exemplo, houve o desligamento simultâneo dos circuitos C2 e C3 da linha de transmissão Gurupi-Miracema, em 500 KV. Como o circuito C1 da linha Gurupi-Miracema, em 500 KV, encontrava-se desligado para a implantação de esquema de religação automática, ocorreu a abertura da interligação Norte-Sudeste. A medida preveniu a Região Centro-Oeste de sobretensões e de cortes automáticos programados de carga, minimizou os efeitos da perturbação e evitou o colapso sistêmico.


Rotina

As linhas de Itaipu caíram pelo menos mais três vezes no ano passado. Em 5 de janeiro, houve perda dupla dos circuitos C1 e C2 da linha de transmissão em Itaberá–Ivaiporã. Em 25 de outubro, curto-circuito provocado por descarga atmosférica derrubou o circuito C3 da linha Foz do Iguaçu–Ivaiporã, com desligamento de máquina em Itaipu, seguido de outro curto-circuito, também por descarga atmosférica, e respectivo desligamento do mesmo circuito. E em 29 de outubro houve desligamento da linha de transmissão Foz do Iguaçu–Ivaiporã, por descarga atmosférica. Com o terminal de Foz do Iguaçu aberto, ocorreu nova descarga atmosférica na linha, causando outro desligamento. O religamento automático falhou em Foz do Iguaçu, mas mesmo assim não houve blecaute.

Velho Chico

Empresas de saneamento das cidades ribeirinhas, indústrias, fazendas e o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional pagarão, a partir de janeiro, pelo uso da água na bacia do São Francisco. Os recursos serão aplicados na recuperação do rio.


Afinado


A cúpula petista tem expectativa de que o ex-senador sergipano José Eduardo Dutra seja eleito presidente da legenda com mais de 60% dos votos, nas eleições diretas do próximo fim de semana. Isso lhe daria cacife para enquadrar os rebeldes em relação à aliança do PT com o PMDB em torno da candidatura de Dilma Rousseff. O primeiro a ser enquadrado será o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria. O ex-cara-pintada deve perder a disputa pelo controle do diretório regional do Rio de Janeiro para o deputado federal Luiz Sérgio, afinado com Dutra e apoiado pelo atual presidente regional do PT, Alberto Cantalice.


Censo

Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), a senadora Kátia Abreu (foto), do DEM-TO, resolveu comprar briga com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Segundo elas, os valores do Índice de Gini no Censo Agropecuário de 2006 estão errados. “Eles exibem fortes inconsistências quando comparados a outros levantamentos anuais do próprio instituto, como a Pesquisa Pecuária Municipal IBGE 2006 e a Pesquisa Agrícola Municipal IBGE 2006. Nesse caso, o censo, as pesquisas anuais ou ambos, estão errados.”

Carvão

É periclitante a permanência do diretor de política monetária do Banco Central, Mário Torós, homem de confiança do presidente do órgão, Henrique Meirelles. Torós revelou os bastidores da crise, em dezembro de 2008, com saques estimados em R$ 40 bi em uma semana e ataque especulativo de US$ 5 bilhões



Adido/ A Polícia Federal abriu mais um posto nas embaixadas do Brasil no exterior. Dessa vez em Lima, no Peru, para onde segue o delegado Delci Carlos Teixeira, primeiro adido policial brasileiro no país. Teixeira foi superintendente da PF em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio e Paraná. A representação da PF no Peru é a 11ª instalada nos últimos anos. O foco da atuação é o tráfico de drogas.

Salve Geral/Ministro relator do mensalão, Joaquim Barbosa, e Cláudio Abramo, da ONG Transparência Brasil, estarão hoje na primeira fila para assistir ao polêmico filme sobre os ataques do PCC a São Paulo, Salve Geral, de Sergio Rezende. Depois da exibição, no auditório da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, os dois comandam um debate sobre o filme e a crescente onda de violência registrada nas capitais.

Com Guilherme Queiroz

domingo, 15 de novembro de 2009

O avanço de Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Reunidos esta semana com o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, os presidentes estaduais do partido começaram a traçar as linhas mestras da campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). É uma retórica cheia de zeros, que tem como carro-chefe o orçamento de R$ 1 trilhão de investimentos no chamado PAC2 (2011-2014). Para reforçar a imagem de “mãe do PAC”, darão ênfase à proposta de construir mais mil Centros Federais de Educação Tecnológica, os chamados Cefets.

***

A cúpula petista quer reforçar o discurso de que Dilma dará “continuidade sem continuísmo” ao governo Lula, uma espécie de avanço desenvolvimentista com Bolsa Família, Luz Pra Todos, Prouni, Pronasci, Bolsa Celular e por aí vai. Dirão ao eleitor que a ministra fará mais para o país porque teve como antecessor o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não terá de lutar contra a chamada “herança maldita” do governo de FHC.

Rachou

Por causa dos aposentados, a base do governo na Câmara está à matroca. O PSB, o PCdoB, o PTB e o PDT, aliados do velho trabalhismo, fecharam questão a favor da emenda Paim, que reajusta as aposentadorias com base no salário mínimo. Por isso, PT e PMDB querem que o presidente Lula separe o aumento do salário mínimo do reajuste da aposentadoria por meio de duas medidas provisórias, uma para o novo salário mínimo de R$ 510,00 e outra para o reajuste dos benefícios de aposentados e pensionistas. Além de perder a votação, teriam um ônus eleitoral muito alto.

Enchentes

A desativação dos velhos canais do antigo Departamento Nacional de Obras do Saneamento (DNOS) na Baixada Fluminense, que domavam as águas dos rios Meriti e Sarapuí, cujas margens foram urbanizadas, fez das enchentes de Duque de Caxias e Belford Roxo uma tragédia anunciada. Bastava uma tromba d’água coincidir com a maré cheia.


Genéricos


O lobby da indústria farmacêutica está ganhando a guerra. A Anvisa, que examina pedidos de patente de produtos e processos farmacêuticos para fins de prévia anuência, está sendo progressivamente esvaziada. Parecer da Procuradoria-Geral Federal (PGF) preconiza que o exame para fins de prévia anuência, em vez de aferir os requisitos de patenteabilidade da invenção, deveria se restringir a examinar a segurança sanitária dos produtos e processos objetos da patente. O parecer obstrui a fabricação de genéricos.


Cerco


Segundo o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (foto), a oposição não terá sucesso ao tentar desconstruir a imagem da ministra Dilma Rousseff (PT) aproveitando o “apagão” de terça-feira passada. A oposição estaria encurralada pelas políticas sociais do governo e pelo sucesso da política econômica. “O povo sabe distinguir um blecaute provocado por falha no sistema de distribuição da crise com racionamento de energia que ocorreu a partir do apagão de 2001”, argumenta.

Trem-bala


Os chineses estão interessados na construção do trem-bala que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas. Uma delegação do Ministério das Ferrovias da China, quarta-feira passada, apresentou seu portifólio ao governo brasileiro, em encontro com Dilma Rousseff (PT). O trunfo dos chineses contra espanhóis e franceses, também interessados, é poder financiar a obra de R$ 35 bilhões


Peretti

Dormia num depósito o painel de Marianne Peretti (foto) que deveria estar exposto no Salão Azul do Senado. Gêmeo de outro painel da artista plástica localizado no Salão Verde da Câmara, será restaurado e reinstalado, por ordem do primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), um colecionador de obras de arte. Marianne Peretti é a autora dos magníficos vitrais da Catedral de Brasília, que também estão sendo restaurados.



Agenda/ O presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), divulga na próxima quarta-feira, ao fim do 4º Encontro Nacional da Indústria, a Carta da Indústria, com as linhas básicas das propostas do setor aos futuros candidatos à Presidência da República. Reunirá por dois dias cerca de 1.500 empresários no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Trio/ Convocado por deputados de duas comissões para explicar o apagão, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, preferiu ir à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, na terça-feira. Lá, dividirá o abacaxi com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquin, e o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp. Se fosse à Comissão de Minas e Energia, teria de descascá-lo sozinho.

Campanha/ O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho serão as estrelas do programa político do PR, que irá ao ar em dezembro. O partido quer dar destaque aos seus candidatos a governos estaduais: Nascimento concorrerá no Amazonas; Garotinho, no Rio. O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, aparece como tocador de obras.

sábado, 14 de novembro de 2009

O palanque de Cabral

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Além de render royalties do pré-sal para o Rio de Janeiro, a conversa da semana passada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Sérgio Cabral (PMDB) deixou evidentes divergências sobre a formação do palanque da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no estado. Lula prometeu apoio ao senador Marcelo Crivella (PRB) e gostaria de tê-lo na chapa de Cabral e não na de seu desafeto, o ex-governador Anthony Garotinho (PR). A segunda vaga caberia ao prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), uma espécie de compensação ao PT para desistir de lançá-lo candidato ao Palácio Guanabara.

***

O cenário idealizado por Lula, entretanto, é um pesadelo para Cabral. Seu compromisso para o Senado é com o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), de quem depende para manter maioria na Casa e controlar o PMDB. Traí-lo significaria jogar o cacique do PMDB fluminense no colo da candidatura tucana. Além disso, por causa do voto evangélico, é difícil para Crivella abandonar a candidatura de Garotinho (PR). No fundo, Lula trabalha com a possibilidade de Dilma ter dois palanques no Rio.

Os mineiros

Esqueçam os políticos mineiros. Treze viadutos da Linha Verde, que ligará o centro de Belo Horizonte à Cidade Administrativa, futura sede do Governo de Minas, vão ganhar nomes de escritores. O time é da pesada: Henriqueta Lisboa, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Paulo Mendes Campos, Pedro Nava, Otto Lara Resende, Oswaldo França Júnior, Hélio Pellegrino, Aníbal Machado, Murilo Rubião, Fernando Sabino e Roberto Drummond.


Paim


Cobrado pela rebeldia do senador Paulo Paim, do PT-RS, por causa dos aposentados, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é generoso com o colega de bancada: “Ele tem uma visão sindical que considero antiquada, mas é muito criativo e tem projetos importantes, como o Estatuto do Idoso. Além disso, a presença dele na base aqui no Senado é muito importante para o governo”, argumenta.


Pires

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) fez circular na Câmara dos Deputados sua preocupação com a perda de recursos decorrente do marco regulatório do pré-sal. Com o fim das participações especiais no regime de partilha, o órgão perde a fonte financiadora das pesquisas geológicas e geofísicas. A ANP terá de se contentar com recursos do Orçamento e dos campos explorados sob regime de concessão.


Pé de meia


Por meio de remendos no Orçamento deste ano, o governo fez uma reserva caso o Congresso não aprove a proposta de 2010 até 31 de dezembro. Somente em restos a pagar empenhados, o governo terá, livres para gastar no ano eleitoral R$ 47 bilhões


Candidato

Neófito no PMDB, o ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger (foto) tenta arregimentar correligionários, no dia 18, para voltar a defender a tese da candidatura própria à Presidência. A proposta foi levada à mesa pelo professor em sua apresentação à bancada do partido. Mangabeira tenta colocar o assunto na roda antes da veiculação da propaganda política da legenda, em 26 de novembro.



Cantor/O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) roubou a cena na abertura da exposição Outsider, do artista plástico Oscar Fortunato, na Galeria Renome (SCRN 716), toda inspirada no cantor norte-americano Bob Dylan. O petista cantou à capela Blowin in the wind e foi acompanhado pelos presentes. Ontem, a performance foi parar no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ECi2dq3O-5E

Breu/O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), encomendou um lote de camisetas pretas para distribuir na oposição, na próxima semana. Os parlamentares circularão estampados com os dizeres: “Onde está Dilma?”, cobrando a ministra-chefe da Casa Civil pela submersão de 40 horas depois do apagão de quarta-feira.

Cortiço/As cinco diretorias da Infraero estão de mudança marcada. Até 31 de dezembro, a cúpula da estatal será transferida do Setor Comercial Sul para o hangar da extinta Transbrasil, no Aeroporto de Brasília, que passa por reformas depois de seis anos de abandono. Idealizada pelo novo presidente, Murilo Marques Barboza, a mudança tem dividido a cúpula da estatal, que avalia não haver condições de trabalho no local.

Sobreviventes/O diagnóstico do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as políticas do governo para combate às mudanças climáticas traça um retrato desolador sobre a situação da renascida Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Seu quadro de pessoal é de 130 servidores — teve mais de 1 mil em seu auge. Destes, 20% já têm tempo de serviço para se aposentar, mas permanecem no cargo por conta de um abono de permanência.


Pressa
O PMDB pretende reduzir em uma semana o prazo para conclusão das convenções estaduais. A nova data final para as eleições dos dirigentes estaduais, que começam em 13 de dezembro, será dia 20. Com os resultados das convenções, será possível prever o rumo da legenda em 2010.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Lula das Arábias

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva só se meteu no “grande jogo” do Oriente porque o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no primeiro encontro entre ambos, pediu que o ajudasse na aproximação diplomática com o presidente do Irã, o polêmico Mahmoud Ahmadinejad. “Grande jogo” é o eufemismo usado para descrever a intrincada malha de alianças diplomáticas e militares que as grandes potências europeias, principalmente a Inglaterra, a França e a Rússia, desenvolvem no Oriente desde o século 19. A dissolução do Império Otomano foi o ponto alto da empreitada, na qual pontificou Thomas Edward Lawrence, arqueólogo, militar e espião britânico, personagem eternizado no filme Lawrence da Arábia.

***

A anunciada chegada de Ahmadinejad — que defende a destruição de Israel, acredita que não houve o Holocausto e desenvolve um programa nuclear que o Ocidente suspeita que tem por objetivo a fabricação de uma bomba atômica — colocou o Brasil no epicentro do Oriente conflagrado. Obama acredita que não haverá solução para o problema do Iraque, nem para o Afeganistão, com os antigos persas armando xiitas e talibãs. A propósito, o que o Irã faz com os curdos (20% da população) não passa de limpeza étnica. Mas ninguém apoia a independência do Curdistão.

Palestina

Lula aproveitará a visita de Abbas para pedir que se candidate à reeleição, garantindo a continuidade das negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina. O governo brasileiro teme que uma vitória dos guerrilheiros palestinos do Hamas provoque nova intervenção de Israel na Palestina, complicando ainda mais a situação na região, que tem fortes laços com o Brasil por causa das comunidades árabe e israelita aqui radicadas.


O cara

O presidente do Irã chegará ao Brasil no dia 23 e desta vez não adiará a viagem por causa dos protestos. O adiamento anterior ocorreu porque era candidato à reeleição e não porque o Brasil ou o Irã cederam ao forte lobby israelita. No encontro, Lula terá a missão diplomática mais importante de todo seu governo. Se for bem sucedido, confirmará a afirmação de Obama de que realmente é “o cara” na diplomacia internacional.


Israel

Quem desembarca no Brasil três dias antes de Ahmadinejad é o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, uma esperta manobra do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim (foto), para neutralizar as pressões de Israel. A visita do presidente israelita Shimon Peres teve quase que um único objetivo: advertir o governo brasileiro de que o Irã é uma ameaça à estabilidade no Oriente Médio e que Israel atacará primeiro diante de uma ameaça nuclear iraniana.

Linhão


Enquanto o governo dedicava o dia a explicar o “apagão”, na Câmara dos Deputados, a discussão da MP 466 serviu de ensejo para a oposição jogar mais gasolina no debate. A medida provisória trata da integração do sistema isolado da Região Norte com o restante do país.

Educação

O Brasil é a nona economia do planeta, mas está em 78º na questão da educação. Os países desenvolvidos investem entre US$ 6 mil a US$ 11 mil em cada estudante. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Educação, César Callegari , o Chile e o México investem o dobro do Brasil, que gasta com cada estudante US$ 1.077


Parede

Inconformados com a escassez de recursos no Orçamento de 2010, os 10 relatores setoriais encostaram na parede — literalmente —, o relator-geral da proposta, deputado Geraldo Magela (foto), do PT-DF. Exigiam que o petista retirasse de seu parecer preliminar os dispositivos que consideram conferir superpoderes ao relator como condição para votarem o texto.

Bondade

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) aprovou ontem a tarifa social de telefonia para consumidores de baixa renda. Os deputados acataram, por unanimidade, o relatório favorável do deputado Luiz Carlos Busato (PTB-RS). Depois do celular de graça, pessoas de baixa renda cadastradas no programa Bolsa Família terão a taxa básica de telefonia fixa reduzida em 90% do valor atual. Vão pagar apenas R$ 4 por todas as ligações que efetuarem.


Sintonia/
Contrários ao pré-compromisso com o PT da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, peemedebistas do Paraná e de Santa Catarina marcaram encontro, dia 21, para avaliar os quadros estaduais. Até lá, tentarão encorpar o encontro com colegas de estados onde há resistentes à aliança com a candidatura petista.

Impactos/ A Comissão de Meio Ambiente da Câmara realiza audiência pública hoje para discutir os impactos ambientais decorrentes da exploração de petróleo na camada pré-sal com os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão; de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende; e de Meio Ambiente, Carlos Minc.

Lançamento/ A Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPB) e o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) lançam hoje, a partir das 20h, no restaurante Carpe Diem, o livro Fronteiras em psicanálise, organizado pelas psicanalistas Valeska Zanello, Cláudia Carneiro e Maria Nilza Mendes Campos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Medo dos velhinhos


Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

O lobby dos aposentados pela derrubada do “fator previdenciário” e pelo reajuste das aposentadorias com base no salário mínimo é o assunto que mais preocupa a bancada governista. Muito mais do que a polêmica sobre a partilha do petróleo da camada pré-sal entre a União, estados produtores e estados não produtores. Há amplo entendimento na Câmara de que a aprovação das duas propostas pode quebrar a Previdência, como teme o governo, mas poucos querem colocar a cara na reta para “votar contra os velhinhos”.

Nove entre cada 10 caciques do PT acusam o senador Paulo Paim (PT-RS), autor dos dois projetos aprovados no Senado, de estar mais preocupado com a própria reeleição. “Esse Paim vive criando problemas para o governo, a proposta não tem cabimento”, reclama o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e amigo do presidente Lula. O senador petista não se faz de rogado. Na tribuna do Senado, um dia sim outro também, discursa pressionando os colegas da Câmara a aprovar suas propostas. Não dá bola às críticas: “Não tem uma cidade no Brasil, hoje, que não esteja debatendo a questão dos idosos, aposentados e pensionistas”, argumenta.

Pacífico

O presidente do Peru, Alan Garcia, enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual propõe um protocolo de paz e segurança — espécie de pacto de não agressão — para a América Latina. O documento, trazido pelo ministro peruano dos transportes, Enrico Cornejo, manifesta a preocupação de Garcia com a corrida armamentista em curso no continente. Lula tem viagem marcada para o Peru em 11 de dezembro.


Complicou

Eleição que parecia no papo da oposição fica cada vez mais complicada: no Paraná, o PSDB não decide quem será o candidato da legenda. O prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o senador Álvaro Dias continuam se estranhando. O Palácio do Planalto, cada vez mais, aposta numa aproximação entre o governador Roberto Requião (PMDB) e o senador Osmar Dias (PDT).


Estripador

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (foto), do PDT-SP, faz autocrítica de ter reunido numa só negociação o reajuste das aposentadorias e o fim do fator previdenciário. É preciso discutir uma coisa de cada vez, a começar pelo aumento dos benefícios do INSS. O deputado pretende levar a proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as demais centrais sindicais. A ideia é jogar a votação para as calendas e o governo conceder um bom aumento das aposentadorias por medida provisória.


Provedores


Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam a existência de 13,3 milhões de idosos chefiando famílias, a metade delas com um adulto com mais de 21 anos desempregado. Há 27 milhões de aposentados e pensionistas.


Copa

O ministro do Esporte, Orlando Silva (foto), rasgou elogios ao GDF pela agilidade nas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. “Fiquei impressionado com o GDF. Os projetos são muito bons, transparentes e estão totalmente alinhados com as exigências da FIFA”, disse. O governador em exercício Paulo Octávio (DEM) aproveitou a deixa para pedir pressa na ampliação do Aeroporto de Brasília.


Heterodoxos


A oposição caminha para a total fragmentação no Rio de janeiro. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) só garante palanque para a candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva (AC). Deixou órfãos o DEM, o PSDB e o PPS. O prefeito de Caxias, o tucano José Camilo Zito, está firme com o governador Sérgio Cabral (PMDB). E, para complicar mais, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), candidato ao Senado, é pressionado para fazer uma “chapa camarão”, isto é, sem candidato a governador.

Terrestre/ A Agência Nacional do Petróleo (ANP) encampa emenda ao marco regulatório do pré-sal para que seja financiada com 100 milhões dos 5 bilhões de barris de petróleo destinados à capitalização da Petrobras. Os recursos, segundo a proposta, seriam aplicados na recuperação de campos terrestres que hoje têm produção declinante.

Desgraça/ A Procuradoria da República no Distrito Federal instaurou inquérito civil para apurar se “declarações” do ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi trouxeram prejuízos aos cofres públicos. Zoghbi foi demitido, semana passada, depois de responder a uma sindicância interna.

Ordem/ Às vésperas da disputada eleição na Ordem dos Advogados do Brasil em todos os estados, marcada para 16 de novembro, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) virou tema de campanha na seção da OAB-RJ. A oposição quer saber o porquê de ter viajado para o Rio, em novembro do ano passado, com despesas pagas pela OAB/RJ.


Dinheiro

Apesar de ter sido o pré-sal o motivo da visita à Câmara dos Deputados, os governadores do Nordeste fizeram apelo especial ao presidente Michel Temer (PMDB-SP) pela regulamentação da Emenda 29. O pedido foi subsidiado por queixas de que a União deve elevar sua participação no custeio da saúde.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Lula decide a partilha

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrará hoje com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), para bater o martelo na negociação dos royalties do pré-sal: a proposta é conceder 22,5% de participação sobre 15% de alíquota, o que equivaleria mais ou menos aos que os estados recebiam antes, no regime de concessão. O parecer do relator do projeto de regime de partilha, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), aumentou a alíquota total de royalties a ser paga pelas empresas de 10% para 15%. Os estados e municípios produtores, contudo, deixariam de receber os atuais 22,5% para ficar com 18% e 6%, respectivamente.

Alves tornou-se o porta-voz dos estados e municípios não produtores, que hoje dividem uma fatia de 7,5% do total e passariam a ter 44%. A União ficaria com 30%. O restante iria para municípios afetados pela produção. Ontem, apesar das pressões de Cabral e Hartung, o líder do PMDB manteve-se irredutível na posição, sendo apoiado pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), e pelo líder do PT Cândido Vaccarezza (SP). Com isso, os três deixaram o presidente Lula na confortável posição de árbitro de uma disputa entre “primos pobres”, os estados não produtores, e “primos ricos”, os estados produtores. O presidente da República quer ser uma espécie de “tiozão” na partilha do pré-sal.

Acordo

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), reuniu-se com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, no fim da tarde de ontem, na esperança de quebrar as resistências a um acordo melhor do que a proposta do relator da partilha do pré-sal. Senador do PMDB pelo Maranhão, o ministro vem defendendo a maior participação dos estados não produtores na partilha.

Mais

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lidera os governadores do Nordeste em defesa do relatório de Henrique Alves. Ontem, em Brasília, desfiava elogios ao texto, mas pedia a inclusão no novo regime de partilha das áreas já licitadas do pré-sal. Hoje, essas áreas fazem parte do regime de concessões.

Corda

Sérgio Cabral resolveu esticar a corda com o governo, novamente. Ontem, bateu o pé contra a votação do relatório de Henrique Alves na comissão especial. O deputado Miro Teixeira (foto) (PDT-RJ), aliado de Cabral, ao sair da negociação, repetia que o Brasil é uma federação e que o governo estava desconsiderando a importância da economia do petróleo para o Rio de Janeiro. O deputado Eduardo Cunha, cacique da bancada peemedebista fluminense, também estrilava bastante com os rumos da negociação.

Clima

Nas auditorias que o Tribunal de Contas da União (TCU) apresentará no seu seminário sobre mudanças climáticas, hoje, a Casa Civil é criticada pelo ministro Aroldo Cedraz, relator dos trabalhos. A falta de integração dos órgãos envolvidos torna as medidas adotadas até agora carentes de “eficiência, eficácia e efetividade”, afirma. A Casa Civil coordena a Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas, na qual os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente se digladiam por causa da reserva legal na Amazônia.


Vagas

A convocação de aprovados em concursos na Câmara dos Deputados não tem conseguido preencher as vagas existentes. Na primeira chamada para as áreas de recursos humanos e comunicação social, 25% das vagas foram rejeitadas pelos convocados. A maioria alegou possuir outro emprego. Os cargos da Câmara já foram dos mais cobiçados do serviço público.


Estufa

São Paulo vai reduzir em 20% a emissão de gases de efeito estufa no estado até 2020. Segundo o governador José Serra, a meta é reduzir as emissões de 122 milhões de toneladas por ano (dados
de 2005) para 98 milhões de toneladas


Substituto/ O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, representará o governo no seminário sobre clima, no lugar de Dilma Rousseff (PT). As auditorias do TCU serão apresentadas na África do Sul, ano que vem, no encontro da entidade internacional que reúne órgãos de fiscalização de 13 países.

Sideral/
Diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS) pelo Brasil, Roberto Amaral recebeu comenda da Academia de Ciências Espaciais da China, parceira do país no lançamento de satélites de monitoramento. Os chineses são também os fornecedores do combustível que abastecerá os foguetes Cyclone-4, que serão lançados pela ACS, em sociedade com a Ucrânia.

domingo, 8 de novembro de 2009

Teses sobre o governo Lula

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@dabr.com.br

Crítico do governo Lula, o cientista político Luiz Werneck Viana, do Iuperj, inspirou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a caracterizar o governo Lula como um projeto de poder que mistura o nacional-desenvolvimentismo com o resgate do populismo da Era Vargas. No texto intitulado Tópicos para um debate sobre conjuntura (http://www.acessa.com/gramsci), Werneck sintetiza a série de artigos que escreveu nos últimos anos sobre o atual governo.

***

Para o cientista político carioca, a crise de 2008 serviu como teste do capitalismo brasileiro e do atual governo, que projeta externamente “uma ordem grã-burguesa”. O presidente Lula desenvolve uma estratégia de Estado consciente dos seus objetivos econômicos e políticos de maximização de poder, em estreita articulação com o grande empresariado. Segundo Werneck, a crescente mobilização de recursos e fins da política para a condução da economia “já indicam uma via de capitalismo politicamente orientado, velha conhecida da tradição republicana brasileira, a partir da qual, em conjunturas diversas — a de Vargas, a de JK, e a do regime militar — realizou-se o processo de modernização do país.”

Efeito da crise


A crise trouxe de volta o tema do Estado e de seu papel como agência organizadora da economia. Na opinião de Werneck Viana, atualizou, imprevistamente, o repertório da tradição republicana brasileira, “com os patéticos postulados de grandeza nacional que já se fazem ouvir”. Para ele, políticas estratégicas são conduzidas pelo Estado sem anuência explícita da sociedade civil e de suas instâncias de deliberação. “É toda uma forma de Estado que ressurge, em particular no novo papel concedido às corporações e à representação funcional. O Estado se amplia com a incorporação de representantes das entidades classistas de empresários e de trabalhadores”, destaca.

Equívoco

Para Werneck, porém, é falso e anacrônico conceber a próxima sucessão eleitoral como a reedição dos embates entre a UDN e o PTB. “Estado forte, sim, mas sob controle da sociedade, e não sobreposto assimetricamente a ela”, avalia. Segundo ele, o capitalismo brasileiro é um experimento bem sucedido, com parque industrial diversificado, mercado interno em expansão, um pujante agronegócio e um sistema financeiro racionalizado, que se mostrou capaz de atravessar sem maiores abalos a crise mundial de 2008. E o Judiciário promove uma reforma que vai racionalizar ainda mais o Estado.

Sabatina

A Comissão de Relações Exteriores do Senado marcou para quinta-feira, 12, a sabatina do novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Mauro Vieira. O governo norte-americano já concedeu o agrément para que assuma o posto em Washington. Substituirá Gonzaga Patriota, atual secretário-geral do Itamaraty.


Mr. Fiel


Perdão, Mister Fiel, documentário longa-metragem que conta a história do operário Manoel Fiel Filho, morto nos porões do DOI-Codi de São Paulo em 1976, é aguardado com grande expectativa no Festival de Cinema de Brasília, de 17 a 24 de novembro. Dirigido pelo jornalista Jorge Oliveira, traz revelações inéditas de um ex-agente do DOI-Codi, do presidente Lula e dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney. Conta com detalhes como eram mortos e esquartejados os presos políticos que chegavam à Casa de Petrópolis e nos DOI-Codi de São Paulo e Rio de Janeiro.

Orçamento

O pau vai quebrar na Comissão Mista de Orçamento, terça-feira, entre as bancadas do PT e do DEM. Para não fazer cortes nos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o relator-geral Geraldo Magela (PT-DF) meteu a tesoura no orçamento de infraestrutura apresentado pelo relator setorial Efraim Moraes (DEM-PB). Para o PAC, foram reservados R$ 28 bilhões

Farroupilha

Virou jogo de empurra o debate interno no PMDB gaúcho sobre a sucessão da tucana Yeda Crusius no governo gaúcho. O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, teme deixar a prefeitura no meio do mandato para disputar a eleição. O ex-governador Germano Rigotto emite sinais de que pretende mesmo se candidatar ao Senado. O deputado Eliseu Padilha, cacique da legenda, avalia que a governadora alvejada por denúncias tem plenas condições de reeleição.



Generais/
Lista de promoções encaminhada pelo Comando do Exército ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e ao presidente Lula: para general de exército, os generais de divisão Américo Salvador de Oliveira e Gilberto Arantes Barbosa; para general de divisão, os generais de brigada Celso José Tiago, Luiz Alberto Martins Bringel, Marcelo Flávio Oliveira Aguiar, Eduardo Segundo Liberali Wizniewsky e Oswaldo de Jesus Ferreira.

Coronéis/ Também estão sendo promovidos a general de brigada os coronéis Walter Souza Braga Netto, Luís Antônio Silva dos Santos, Décio Luís Schons, Luiz Felipe Linhares Gomes, Amauri Pereira Leite, Lauro Luís Pires da Silva, Antônio dos Santos Guerra Neto, César Augusto Nardi de Souza, Franklimberg Ribeiro Freitas, Carlos Maurício Barroso Sarmento, José Luiz Laborandy Junior e Waldir da Silva Lucena.

Comenda/
Na próxima segunda-feira, às 19h, o vice José Alencar receberá das mãos do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o título de presidente emérito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O governador de São Paulo, José Serra, participará da homenagem.

Debandada/
Minguado nas eleições municipais, o DEM corre risco de perder sua relevância política no Ceará. Principal nome do partido no estado, o ex-deputado Moroni Torgan se mudou para Portugal, onde foi convidado a coordenar a congregação mórmon no país. Único deputado estadual da legenda, Edson Silva debandou para o PSB do governador Cid Gomes.

sábado, 7 de novembro de 2009

O PT à sombra de Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Há muito de pragmatismo na forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressiona o PT para que apoie os candidatos do PMDB e de outros partidos aliados na maioria dos estados. Na verdade, à sombra do Palácio do Planalto, os petistas não construíram alternativas de poder na maioria dos estados, a começar pelo berço da legenda, São Paulo. Os candidatos mais competitivos do partido são os governadores que concorrem à reeleição, como Jaques Wagner, na Bahia; Ana Júlia Carepa, no Pará; e Marcelo Déda, em Sergipe. Completam o grupo o ministro da Justiça, Tarso Genro, no Rio Grande do Sul; a senadora Ideli Salvati, em Santa Catarina; o ex-governador Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, e o senador Tião Viana, no Acre. É só.

Nesse cenário, não restou ao presidente Lula outra alternativa para alavancar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT) senão fechar uma coligação formal com o PMDB. A legenda abduziu os petistas no Congresso e ficaria perigosamente à deriva se a prioridade da política de alianças de Lula fosse outra. Ainda mais porque o PT tem contradições antagônicas (aquelas na qual um tem que derrotar o outro) com os peemedebistas em estados importantes para o resultado do processo sucessório, como Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, sem falar no Rio de Janeiro. A equação sucessória não se completa, porém, sem um acordo do PT com o PSB, principalmente em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

Martelo

A cúpula do PCdoB, que realiza mais um congresso neste fim de semana, em São Paulo, está mesmo fechada com a candidatura de Dilma Rousseff (PT), graças ao empenho do presidente da legenda, Renato Rabelo. Grande aliado de Ciro Gomes e arquiteto do bloquinho com o PSB e o PDT, o ex-ministro da Articulação Política Aldo Rebelo, estrela comunista na Câmara dos Deputados, vive às turras com os petistas paulistas e apostou na candidatura de Ciro Gomes, mas não conseguiu empolgar a legenda.


Mínimo

O governo vai editar uma medida provisória para definir o índice de reajuste do salário mínimo de 2011, caso o Congresso não aprove o polêmico PL 01/07, que dispõe sobre a política de valorização do piso. O provável percentual será a variação do PIB mais o INPC. A edição da MP deve ocorrer em janeiro. Para 2010, pelo mesmo critério, a projeção é de um salário mínimo de R$ 506,90

Chororô

Com apoio de deputados da base, líderes da oposição na Comissão Mista de Orçamento colocaram três condições para retomar a votação do Orçamento de 2010 e de créditos suplementares: a liberação das emendas parlamentares, a recomposição de dotações nos relatórios setoriais afetados por cortes e a autorização para que definam obras prioritárias para a Copa de 2016, atribuição exclusiva do relator-geral, deputado Geraldo Magela , do PT-DF.

Status

Convidados a contribuir com emendas ao projeto de reforma administrativa, os senadores fazem boicote branco à iniciativa. Os parlamentares não gostaram de a Mesa Diretora não ter designado um de seus membros relator. Eles não querem que suas emendas sejam apreciadas por um funcionário da Casa.

Deixa disso

Lula terá uma conversa de pé de fogueira com o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci (foto), do PT-SP, que se movimenta com apoio da ex-prefeita Marta Suplicy para se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes. Lula ainda acredita que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desistirá de ser candidato a presidente da República e aceitará a missão de concorrer ao governo paulista. Motivo: Ciro está isolado e tem pouco apoio na cúpula do PSB.

Cizânia
Na reforma administrativa do Senado, o artigo 349 da proposta tornou-se motivo de disputa entre analistas e consultores. O texto dá aos consultores legislativos e do orçamento autoridade para nomear colegas da carreira para cargos de confiança. Impedidos de assumir os postos, os analistas dizem que tal prerrogativa é exclusiva dos senadores.


Parlatur/
A Câmara estabeleceu critérios para escalar a comitiva de deputados que vai à Conferência do Clima, em Copenhague. A preferência para escolha dos representantes da Casa será dada aos parlamentares que não fizeram viagens internacionais no ano. O desembolso será limitado a cinco diárias por deputado. Os que estiverem fora do critério terão que viajar por conta própria.

Racha/O diretório estadual do PP no Rio de Janeiro está em conflito com o presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ). A militância quer condicionar o apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) à aliança nas eleições proporcionais, o que os peemedebistas não desejam. Dornelles está com Cabral e não abre.

Sem-terra/Para evitar o rolo compressor governista, a oposição tenta repetir na negociação da CPI do MST o acordo selado com a base para a CPI da Terra, em 2004. Na ocasião, os oposicionistas garantiram a presidência e a vice da investigação, deixando a relatoria para um aliado do Palácio do Planalto. O acordo deve sair na próxima semana.

Cena/O PSDB adotou o teatro para dividir a paternidade do Bolsa Família, marca maior do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Para a encenação, os tucanos usam como roteiro o gibi lançado, há dois meses, no Rio Grande do Norte, que descreve o Bolsa Família como desdobramento do Bolsa Escola, programa lançado no governo Fernando Henrique Cardoso.