sábado, 7 de novembro de 2009

O PT à sombra de Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Há muito de pragmatismo na forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressiona o PT para que apoie os candidatos do PMDB e de outros partidos aliados na maioria dos estados. Na verdade, à sombra do Palácio do Planalto, os petistas não construíram alternativas de poder na maioria dos estados, a começar pelo berço da legenda, São Paulo. Os candidatos mais competitivos do partido são os governadores que concorrem à reeleição, como Jaques Wagner, na Bahia; Ana Júlia Carepa, no Pará; e Marcelo Déda, em Sergipe. Completam o grupo o ministro da Justiça, Tarso Genro, no Rio Grande do Sul; a senadora Ideli Salvati, em Santa Catarina; o ex-governador Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, e o senador Tião Viana, no Acre. É só.

Nesse cenário, não restou ao presidente Lula outra alternativa para alavancar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT) senão fechar uma coligação formal com o PMDB. A legenda abduziu os petistas no Congresso e ficaria perigosamente à deriva se a prioridade da política de alianças de Lula fosse outra. Ainda mais porque o PT tem contradições antagônicas (aquelas na qual um tem que derrotar o outro) com os peemedebistas em estados importantes para o resultado do processo sucessório, como Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, sem falar no Rio de Janeiro. A equação sucessória não se completa, porém, sem um acordo do PT com o PSB, principalmente em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

Martelo

A cúpula do PCdoB, que realiza mais um congresso neste fim de semana, em São Paulo, está mesmo fechada com a candidatura de Dilma Rousseff (PT), graças ao empenho do presidente da legenda, Renato Rabelo. Grande aliado de Ciro Gomes e arquiteto do bloquinho com o PSB e o PDT, o ex-ministro da Articulação Política Aldo Rebelo, estrela comunista na Câmara dos Deputados, vive às turras com os petistas paulistas e apostou na candidatura de Ciro Gomes, mas não conseguiu empolgar a legenda.


Mínimo

O governo vai editar uma medida provisória para definir o índice de reajuste do salário mínimo de 2011, caso o Congresso não aprove o polêmico PL 01/07, que dispõe sobre a política de valorização do piso. O provável percentual será a variação do PIB mais o INPC. A edição da MP deve ocorrer em janeiro. Para 2010, pelo mesmo critério, a projeção é de um salário mínimo de R$ 506,90

Chororô

Com apoio de deputados da base, líderes da oposição na Comissão Mista de Orçamento colocaram três condições para retomar a votação do Orçamento de 2010 e de créditos suplementares: a liberação das emendas parlamentares, a recomposição de dotações nos relatórios setoriais afetados por cortes e a autorização para que definam obras prioritárias para a Copa de 2016, atribuição exclusiva do relator-geral, deputado Geraldo Magela , do PT-DF.

Status

Convidados a contribuir com emendas ao projeto de reforma administrativa, os senadores fazem boicote branco à iniciativa. Os parlamentares não gostaram de a Mesa Diretora não ter designado um de seus membros relator. Eles não querem que suas emendas sejam apreciadas por um funcionário da Casa.

Deixa disso

Lula terá uma conversa de pé de fogueira com o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci (foto), do PT-SP, que se movimenta com apoio da ex-prefeita Marta Suplicy para se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes. Lula ainda acredita que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desistirá de ser candidato a presidente da República e aceitará a missão de concorrer ao governo paulista. Motivo: Ciro está isolado e tem pouco apoio na cúpula do PSB.

Cizânia
Na reforma administrativa do Senado, o artigo 349 da proposta tornou-se motivo de disputa entre analistas e consultores. O texto dá aos consultores legislativos e do orçamento autoridade para nomear colegas da carreira para cargos de confiança. Impedidos de assumir os postos, os analistas dizem que tal prerrogativa é exclusiva dos senadores.


Parlatur/
A Câmara estabeleceu critérios para escalar a comitiva de deputados que vai à Conferência do Clima, em Copenhague. A preferência para escolha dos representantes da Casa será dada aos parlamentares que não fizeram viagens internacionais no ano. O desembolso será limitado a cinco diárias por deputado. Os que estiverem fora do critério terão que viajar por conta própria.

Racha/O diretório estadual do PP no Rio de Janeiro está em conflito com o presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ). A militância quer condicionar o apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) à aliança nas eleições proporcionais, o que os peemedebistas não desejam. Dornelles está com Cabral e não abre.

Sem-terra/Para evitar o rolo compressor governista, a oposição tenta repetir na negociação da CPI do MST o acordo selado com a base para a CPI da Terra, em 2004. Na ocasião, os oposicionistas garantiram a presidência e a vice da investigação, deixando a relatoria para um aliado do Palácio do Planalto. O acordo deve sair na próxima semana.

Cena/O PSDB adotou o teatro para dividir a paternidade do Bolsa Família, marca maior do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Para a encenação, os tucanos usam como roteiro o gibi lançado, há dois meses, no Rio Grande do Norte, que descreve o Bolsa Família como desdobramento do Bolsa Escola, programa lançado no governo Fernando Henrique Cardoso.

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