quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desproporção de meios


Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 10/09/2014
O risco de desastre para Dilma continua iminente por causa do fracasso na economia e dos escândalos envolvendo a base do governo, como no caso da Petrobras, que é objeto de uma guerra de versões
A vantagem em termos de tempo de televisão está fazendo a diferença na campanha eleitoral, razão pela qual a avaliação positiva do governo cresceu. Com isso, a presidente Dilma Rousseff vem encurtando a distância que a separa de Marina Silva nas pesquisas de segundo turno e mantém certa vantagem no empate técnico de primeiro turno. O fenômeno já vinha sendo registrado nas pesquisas internas na campanha desde a semana passada.

Embora, para a maioria do eleitorado, o videoshow de obras e programas sociais do governo federal ainda não convença, o fato é que a estratégia do “nunca antes neste país” apresentada na telinha, tendo como garoto propaganda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem salvando Dilma de uma catástrofe eleitoral.

Na vida real, porém, o risco de desastre continua iminente por causa do fracasso na economia e dos escândalos envolvendo a base do governo, como no caso da Petrobras, que é objeto de uma guerra de versões. Dilma vem fazendo o que pode para se manter à margem das denúncias, mas já sofre fortes ataques de Aécio Neves e de Marina Silva.

Percepções
Na pesquisa CNT/MDA realizada entre 5 e 7 de setembro e divulgada ontem, em comparação com a sondagem feita entre 21 e 25 de agosto, a votação espontânea em Marina Silva aumentou, mas a rejeição dela aumentou de 29,3% para 31%. Mas veio, principalmente, daqueles que afirmam não conhecê-la.

Os duros ataques que vem sofrendo de parte da presidente Dilma e os questionamentos do tucano Aécio Neves estão dificultando a vida da candidata do PSB, que perdeu muito terreno no Rio de Janeiro. Nas simulações de segundo turno, a presidente da República aparece tecnicamente empatada com Marina Silva, cuja vantagem era de 5,9 pontos e caiu para 2,8. Dilma cresceu 4,9 pontos na comparação com a pesquisa anterior.

A maciça propaganda eleitoral das realizações do governo, mesmo com a oposição denunciando que a realidade não é bem essa que aparece na campanha do PT, deu resultados favoráveis do ponto de vista da avaliação da administração de Dilma, que era seu ponto fraco: o percentual “ótimo/bom” aumentou de 33,1% para 37,5%, enquanto o índice “ruim/péssimo” (avaliação negativa) caiu de 28,8% para 23%. A avaliação “regular” oscilou positivamente de 37,4% para 39%.

A avaliação do desempenho pessoal de Dilma, em consequência, também mostrou recuperação. Sua aprovação cresceu de 47,4% para 52,4%, enquanto a desaprovação caiu de 47,4% para 42,9%. Por enquanto, o escândalo da Petrobras ainda não contaminou a imagem de Dilma, que foi à tevê fazer a defesa do pré-sal. Tanto que houve redução de sua rejeição, que caiu de 45,5% para 41,7%. Esse índice, porém, ainda dificulta, e muito, a reeleição.

A redução da vantagem de Marina, principalmente na simulação de segundo turno, mostra que a campanha realizada pelo PT e pelo PSDB tem arranhado a imagem da candidata do PSB , que é acusada de falta de experiência e de comportamento contraditório em relação a questões polêmicas.

Não é exagero afirmar que as próximas três semanas, que vão registrar um envolvimento maior do eleitor com a campanha, podem revelar grandes surpresas. Assim como Dilma não é imbatível, Marina também teve seu favoritismo abalado.

Esperanças
Apesar da desvantagem nas pesquisas, o candidato do PSDB não perdeu as esperanças. A avaliação do estado-maior tucano é de que é mais fácil a campanha de Marina Silva sofrer um esvaziamento do que reverter as posições conquistadas por Dilma Rousseff, daí a insistência nos ataques à candidata do PSB.

Aécio Neves está focado nos eleitores tradicionais do PSDB, que sempre foi a segunda força no processo eleitoral, principalmente nos estados governados pelos tucanos, como São Paulo, Paraná, Pará e Goiás. O site Conversa com Brasileiros reforçou a agenda de debates , com uma programação intensa na reta final da campanha, mobilizando os responsáveis pelo programa de governo do tucano para debater propostas com os internautas.



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