Luiz Carlos Azedo - 28/04/2014
Correio Braziliense ( Nas Entrelinhas)
Estado de MInas (Em Dia Com a Política)
Estado de MInas (Em Dia Com a Política)
Dilma enfrenta agora uma situação nova: com a possibilidade cada vez
maior de uma disputa em dois turnos, por uma série de razões, mesmo
estando hoje em vantagem nas pesquisas, a reeleição subiu no telhado.
Vejamos as razões:
A candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff enfrenta um
momento crítico. Não é por causa do movimento “Volta, Lula!”, que entrou
em convulsão com a CPI da Petrobras e a Operação Lava-Jato, mas por
causa das pesquisas de opinião, que registram queda gradativa das
intenções de voto da candidata petista (de 44% para 38%, segundo o
Datafolha) e, mais ainda, da avaliação de seu desempenho no governo (63%
dizem que Dilma fez menos do que esperavam, revelou a mesma pesquisa).
Até recentemente considerada favorita absoluta nas eleições deste ano,
Dilma enfrenta agora uma situação nova: com a possibilidade cada vez
maior de uma disputa em dois turnos, por uma série de razões, mesmo
estando hoje em vantagem nas pesquisas, a reeleição subiu no telhado.
Vejamos as raz
ões:
A economia vai mal
Previsões de que a inflação deste ano deve ultrapassar 6,5% tiram o sono de Dilma Rousseff. Especialmente porque a taxa de crescimento continua baixa, e elevar ainda mais os juros pode jogar o país numa recessão. A contenção de tarifas públicas para segurar a inflação já é vista como uma bomba-relógio pelos analistas e começa a ser denunciada pelos candidatos adversários. Além disso, a condução da política econômica afasta grandes investidores de projetos de infraestrutura e outros negócios. A ponto de o Planalto vazar a informação de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está escalado para substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antes mesmo do pleito, se for preciso. Trata-se de uma tentativa de recuperar a confiança do mercado.
Previsões de que a inflação deste ano deve ultrapassar 6,5% tiram o sono de Dilma Rousseff. Especialmente porque a taxa de crescimento continua baixa, e elevar ainda mais os juros pode jogar o país numa recessão. A contenção de tarifas públicas para segurar a inflação já é vista como uma bomba-relógio pelos analistas e começa a ser denunciada pelos candidatos adversários. Além disso, a condução da política econômica afasta grandes investidores de projetos de infraestrutura e outros negócios. A ponto de o Planalto vazar a informação de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está escalado para substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antes mesmo do pleito, se for preciso. Trata-se de uma tentativa de recuperar a confiança do mercado.
Petrobras no pelourinhoA CPI da
Petrobras é uma pedra no sapato do governo, com ingredientes explosivos
por causa da sucessão de fatos que vinculam o doleiro preso Alberto
Youssef ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, também em cana, e
ao deputado André Vargas (sem partido-PR) e alguns petistas. O
parlamentar se desfiliou do PT na sexta, mas arrastou para o olho do
furacão o candidato a governador de São Paulo Alexandre Padilha (PT),
que é o principal palanque regional de Dilma. Como essas denúncias são
resultado de vazamentos de investigações da Polícia Federal, mesmo que o
governo consiga domar a CPI, isso não significa que se verá livre de
novos escândalos.
A violência nas ruas
Por mais que o Planalto jogue o problema no colo dos governadores, aliados ou não, o tema da violência tende a desgastar o governo federal, quando nada pelo trabalho insuficiente para desmantelar as redes de tráfico de armas e de drogas. Nas cidades, além dos conflitos com o crime organizado, às vésperas da Copa do Mundo, a inquietação social também se ampliou, com a multiplicação de atos de vandalismo e confrontos violentos com policiais encarregados de garantir a ordem pública por causa de problemas nas áreas sociais: transportes, saúde, habitação. O governo prometeu soluções e não as entregou. Dilma tenta manter a bandeira da ordem em mãos, mas não se faz isso sem combater a violência.
Por mais que o Planalto jogue o problema no colo dos governadores, aliados ou não, o tema da violência tende a desgastar o governo federal, quando nada pelo trabalho insuficiente para desmantelar as redes de tráfico de armas e de drogas. Nas cidades, além dos conflitos com o crime organizado, às vésperas da Copa do Mundo, a inquietação social também se ampliou, com a multiplicação de atos de vandalismo e confrontos violentos com policiais encarregados de garantir a ordem pública por causa de problemas nas áreas sociais: transportes, saúde, habitação. O governo prometeu soluções e não as entregou. Dilma tenta manter a bandeira da ordem em mãos, mas não se faz isso sem combater a violência.
Aliança com o PMDB
Deve-se ao vice-presidente Michel Temer, principalmente, a manutenção da aliança do PMDB com o PT, o que garantirá à presidente Dilma, com os demais aliados, o dobro do tempo de televisão de que disporão os adversários do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), e do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Entretanto, nos estados, a tensão entre PT e PMDB continua grande, principalmente no Rio de Janeiro e no Ceará, que sempre marcharam com o PT. O resultado disso é que as dissidências do PMDB estão fortalecendo os palanques de Aécio e de Eduardo na maioria dos estados.
Deve-se ao vice-presidente Michel Temer, principalmente, a manutenção da aliança do PMDB com o PT, o que garantirá à presidente Dilma, com os demais aliados, o dobro do tempo de televisão de que disporão os adversários do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), e do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Entretanto, nos estados, a tensão entre PT e PMDB continua grande, principalmente no Rio de Janeiro e no Ceará, que sempre marcharam com o PT. O resultado disso é que as dissidências do PMDB estão fortalecendo os palanques de Aécio e de Eduardo na maioria dos estados.
A unidade do PSDB
Aécio conseguiu unir o PSDB em torno da candidatura dele, isolando o
ex-governador paulista José Serra, seu desafeto interno, com quem pode
até vir a compor a chapa, se depender das articulações do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso. Além de subir o tom dos ataques contra o
governo, com auxílio do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga,
Aécio ampliou a interlocução com setores empresariais descontentes com a
política econômica de Dilma. Simultaneamente, busca atrair partidos da
base governista. Os estrategistas de Dilma contavam com a divisão do
PSDB, principalmente em São Paulo, o que não ocorreu.
A terceira via
Outra pedra no sapato de Dilma Rousseff é Marina Silva, cuja candidatura presidencial conseguiu inviabilizar. A ex-petista se filiou ao PSB e acaba de consolidar a chapa de Eduardo Campos ao assumir a condição de vice, como havia anunciado. Além disso, Dilma empurrou o candidato pernambucano para o campo da oposição no segundo turno, mesmo que ele fique fora da disputa. A inclusão do Porto de Suape no espectro de investigações que o PT pretendia adicionar à CPI da Petrobras foi um erro estratégico do Planalto, provocado pela bancada petista de Pernambuco.
Outra pedra no sapato de Dilma Rousseff é Marina Silva, cuja candidatura presidencial conseguiu inviabilizar. A ex-petista se filiou ao PSB e acaba de consolidar a chapa de Eduardo Campos ao assumir a condição de vice, como havia anunciado. Além disso, Dilma empurrou o candidato pernambucano para o campo da oposição no segundo turno, mesmo que ele fique fora da disputa. A inclusão do Porto de Suape no espectro de investigações que o PT pretendia adicionar à CPI da Petrobras foi um erro estratégico do Planalto, provocado pela bancada petista de Pernambuco.
Diante desse quadro, as fichas de Dilma para reverter a queda nas
pesquisas serão apostadas no pronunciamento em rede de tevê e rádio que
ela pretende fazer para comemorar o Primeiro de Maio, e no programa de
televisão do PT que vai ao ar no próximo dia 15, quando, novamente,
aparecerá ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essas
variáveis acima, porém, não serão alteradas somente no gogó.
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