Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 18/042014
Ninguém sabe muito bem o que André Vargas pretende fazer, embora o
processo de cassação já tenha sido iniciado no Conselho de Ética da
Câmara
As intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT) variaram de 40%
em março para 37% neste mês, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem.
Ainda assim, se a eleição fosse hoje, ela venceria Aécio Neves (PSDB) e
Eduardo Campos (PSB). O problema é que as eleições serão em 5 de outubro
e, antes disso, Dilma precisa estancar a queda gradativa que vem
sofrendo na avaliação dos eleitores. Se Dilma cair mais cinco pontos até
o fim de maio, pode se tornar irrefreável o “Volta, Lula!”
Dilma
acumula 37% em dois cenários. No primeiro, Aécio aparece com 14% e
Eduardo Campos com 6%. Em seguida, Pastor Everaldo (PSC), com 2%; Denise
Abreu (PEN), 1%; e Randolfe Rodrigues (PSol), 1%. Eymael (PSDC), Levy
Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e Eduardo Jorge (PV) não alcançaram 1%.
Brancos ou nulos somaram 24%; os que não sabem em quem votar ou não
responderam, 13%. No segundo cenário, Aécio está em segundo lugar com
14%, e Marina Silva em terceiro, com 10%. Os demais são Pastor Everaldo
(2%); Denise Abreu, Randolfe Rodrigues e Eduardo Jorge (1% cada); e
Eymael, Levy Fidélix e Mauro Iasi (0%). Brancos e nulos são 23% e não
sabem/não responderam, 12%.
A pesquisa amplia a tensão interna
no PT, que está em alta voltagem por causa da Operação Lava-Jato, da
Polícia Federal, que flagrou um propinoduto entre o doleiro Alberto
Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Ambos estão
presos. O envolvimento do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas
(PT-PR) com o doleiro deixou o PT na berlinda. O petista renunciou ao
cargo, mas não ao mandato. A cúpula do PT e o governo pressionam o
parlamentar para que o faça com urgência, com objetivo de evitar
desgastes para o governo e o partido. Vargas resiste às pressões e
pretende usar a tribuna da Câmara para se defender. A avaliação dos
marqueteiros de Dilma Rousseff é de que o caso da Petrobras ainda pode
causar um grande estrago. Ontem, no programa de tevê do PSDB, o senador
Aécio Neves (MG), partiu pra cima do governo.
Dilma tenta
preservar sua imagem ao sair em defesa da Petrobras, mas cobra a
apuração dos malfeitos de seus diretores, linha reforçada pela
presidente da empresa, Maria das Graças Foster, na terça-feira, ao depor
na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, quando reiterou que a
compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um mau negócio.
Segundo a presidente Dilma, o conselho administrativo da empresa, que
presidia à época, teria sido induzido a erro pelo ex-diretor da área
internacional Nestor Cerveró. Ocorre que a maioria do PT não aceita essa
interpretação, blindou o ex-presidente da Petrobras Sérgfio Gabrielli e
saiu até em defesa de Cerveró, quando prestou depoimento à Comissão de
Controle e Fiscalização Financeira da Câmara, na quarta-feira.
O
governo ainda tenta evitar a instalação de uma CPI exclusiva, a
pretexto de investigar também o cartel do Metrô de São Paulo e as obras
do Porto de Suape, em Pernambuco, mas o caso será decidido mesmo é pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima semana. André Vargas (PT-PR),
porém, tornou-se um fio desencapado na história. Ninguém sabe muito bem o
que pretende fazer, embora o processo de cassação já tenha sido
iniciado no Conselho de Ética da Câmara. O fato , porém, é que Dilma
Rousseff quer distância do “malfeitos” investigados pela Polícia Federal
na gestão de Sérgio Cabrielli, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, nos bastidores, comanda a blindagem do ex-presidente da
Petrobras. É mais combustível para o “Volta, Lula!”
Gabriel García Márquez
Aos
87 anos, faleceu ontem, na Cidade do México, um gigante da literatura
universal: o escritor colombiano Gabriel García Márquez, que lutava
contra um câncer linfático desde 1999. Gabo sofria de demência senil e
perda da prodigiosa memória. Se Dom Quixote, de Miguel de Cervantes,
abriu a cortina que encobria a idade média, Cem anos de solidão, sua
obra-prima, publicado em 1967, desnudou a América espanhola. Foi
traduzida para 35 idiomas e já vendeu mais de 50 milhões de exemplares.
Romance seminal do realismo fantástico — gênero latinoamericano da
segunda metade do século XX —, Cem anos de solidão se passa na fictícia
aldeia de Macondo e acompanha, ao longo de gerações, a saga da família
Buendía.
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