Correio Braziliense - 27/01/2016
Dilma absolutiza a força do Estado e busca uma interlocução direta com os grandes grupos empresariais e setores organizados da sociedade sem a mediação dos partidos e do Congresso
Assim era chamada a histórica 
seleção de basquete dos Estados Unidos nas Olimpíadas de Barcelona, em 
1992, na qual brilharam Magic Johnson, Michael Jordan, Scottie Pippen, 
Charles Barkley e Patrick Ewing, grandes astros no NBA, o principal 
torneio de basquete profissional do mundo. Com eles, os Estados Unidos 
recuperaram a hegemonia perdida em razão das derrotas para a antiga 
União Soviética nas Olimpíadas de Munique, em 1972, e para o Brasil, “em
 casa”, nos Jogos Panamericanos de Indianópolis, em 1987, nos quais foi 
derrotada pela seleção liderada por Oscar Schmidt, o maior cestinha dos 
jogos. O Dream Team (time dos sonhos) venceu todas as partidas por uma 
diferença de mais de 30 pontos.
Imaginem, agora, uma equipe ministerial formada pelos integrantes 
do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um agrupamento de 
cerca de 90 empresários, sindicalistas e personalidades da vida 
artística e literária que a presidente Dilma Rousseff reunirá na próxima
 quinta-feira para discutir a situação do país e ouvir sugestões para 
sair da encalacrada em que o país está.
Digamos que o ministro da Fazenda fosse Luiz Carlos Trabuco 
(Bradesco); o presidente do Banco Central, Roberto Setúbal (Itaú); João 
Paulo Lemann (Ambev), ministro das Relações Exteriores; Luiza Helena 
Trajano (Maganize Luiza), presidente do Sebrae; Abílio Diniz (BRF), 
presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES); Miguel Nicolelis, ministro da Ciência e Tecnologia; Frederico 
Curado (Embraer), dos Transportes; Murilo Ferreira (Vale), ministro da 
Integração Nacional; José Roberto Ermírio de Moraes, Indústria e 
Comércio; Benjamin Steinbruch, Minas e Energia.
Que Fernando de Morais fosse ministro da Cultura; Paulo César 
Pinheiro, da Justiça; Miguel Torres (Força Sindical), do Trabalho; 
Wagner Freitas (CUT), da Previdência; e o ator Wagner Moura, escalado 
para a pasta sugerida pelo Chico Buarque, o Ministério do “Vai dar 
Merda”. Um time como esse, obviamente, poderia ser escalado de 
diferentes maneiras e seria o que de melhor o país teria para enfrentar a
 crise mandando os políticos catar coquinhos. Reúne uma plêiade de 
líderes bem-sucedidos, alguns dos quais já foram convidados ou estiveram
 cotados para ocupar uma pasta na Esplanada.
Estão diante de uma recessão somente comparável à crise de 1930, 
cuja principal consequência política foi a derrocada da República Velha,
 com a destituição do presidente Washington Luiz por Getúlio Vargas, na 
Revolução de 1930. A propósito, o governo provisório da época, 
majoritariamente formado por gaúchos e mineiros, reuniu estrelas como 
Assis Brasil (Agricultura), Francisco Campos (Educação e Saúde), Oswaldo
 Aranha (Justiça), Afrânio de Melo Franco (Relações Exteriores), 
Lindolfo Collor (Trabalho, Comércio e Indústria) e Paulo de Moraes e 
Barros (Viação e Transportes).
Getúlio protagonizou uma via de modernização autoritária, que durou
 até 1945, na qual criou linhas de crédito e também companhias e 
institutos dedicados à industrialização do país. A agricultura foi 
agraciada com medidas que aperfeiçoassem a produção e ampliassem os 
índices de exportação. No plano educacional, se instituiu o ensino 
primário público e gratuito, e a ampliação das instituições de ensino 
superior e secundário. Forjou o Estado brasileiro atual.
Em 1934, uma nova constituição consolidou o voto secreto e concedeu
 esse mesmo direito a todos os cidadãos maiores de 21 anos, incluindo as
 mulheres. Paralelamente, os trabalhadores foram agraciados com a 
jornada de oito horas diárias; a paridade salarial entre os sexos, a 
proibição do trabalho aos menores de 14 anos; férias remuneradas e 
indenização para demissão sem justa causa. Getúlio, porém, conseguiu que
 os deputados responsáveis pela Constituição de 1934 aprovassem a adoção
 de eleições indiretas para o primeiro mandato presidencial.
Linha direta
Dessa forma, alargou o seu mandato em mais quatro anos ao ser 
escolhido pelos membros do Poder Legislativo. Segundo o que fora 
acordado, o próximo presidente seria escolhido através de eleições 
diretas. Abriu-se o caminho para a implantação da ditadura do Estado 
Novo, em 1937, um golpe de estado que suspendeu as eleições e fechou o 
Congresso. Influenciado pela Carta Del Lavoro, Getúlio governou sem a 
mediação dos partidos, buscou uma relação direta com as lideranças 
empresariais e sindicais, lastreado por amplo apoio popular. Como todo o
 populismo latino-americano, foi fortemente influenciado pelo fascismo, 
mas Getúlio manteve-se na órbita dos Estados Unidos, quando nada por 
razões geopolíticas óbvias.
2 comentários:
Não torço pelo pior. Sobretudo, desejo o fortalecimento continuo de nossas instituições democráticas. E acho que não perdemos essa chance! Mas, vai dar merda, porque isso seria tarefa de estadista. Dilma, novamente, infelizmente, não o tem. Continuaremos, por outro lado, nos marcos do Estado Democrático de direito, à busca de uma solução! Insisto, não para Dilma, mas para o Brasil.
Bom lembra no rol da Constituição de 1934, regulemntação da lei dos 2/3 de 1930.
Em 12 de dezembro de 1930, através do decreto nº 19.482[5] , é fortemente restringida a entrada de imigrantes no Brasil, medida que vigorou até 1933, para evitar o aumento do número de desempregados, na época, chamados de sem-trabalho, e também exigido, por este decreto, que todas as empresas brasileiras tenham, pelo menos, 2/3 de trabalhadores brasileiros em seus quadros, (a "Lei dos 2/3"), para proteger o trabalhador nacional.
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