Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 29/01/2013 |
O poeta gaúcho Fabrício Carpinejar resumiu a tragédia: “Morri em Santa
Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa
ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio
Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta”. Ontem à noite, eram
231 os mortos no local. E o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que
ainda está na cidade gaúcha, anunciou que 75 feridos no incêndio na
boate Kiss ainda correm risco de morte.
Politicamente, a tragédia da madrugada de domingo revelou uma presidente Dilma Rousseff sensível ao sofrimento das pessoas comuns e capaz de deixar pela metade seus compromissos diplomáticos para se solidarizar com os parentes das vítimas in loco. Entretanto, reincidiu o já conhecido somatório de incompetência dos órgãos públicos em todos os níveis e transgressões — licenças provisórias, inspeções superficiais, equipamentos obsoletos — que quase sempre está por trás de grandes desastres. O fato é que o Brasil não tem uma lei nacional que regulamente a prevenção e o combate a incêndios. Parece que o assunto não é da alçada do Congresso, mas é. Ontem, na abertura do encontro nacional dos prefeitos, o tema do dia não era o pacote de bondades anunciado pela presidente Dilma, era a tragédia. Nenhum dos novos administradores gostaria de estar na pele do prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB). E trataram de tomar providências contra as casas de espetáculos em situação irregular de suas cidades, antes de rumar para Brasília. Liderança Ronaldo Caiado (GO) e Mendonça Filho (PE) se digladiam pela liderança do DEM na Câmara. Há duas linhas em choque na legenda. Caiado quer impor à bancada uma atuação mais combativa, de franca oposição ao governo. Mendonça Filho é um político mais conciliador, preocupado com as relações do novo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), com o governo federal. Na canela A bola estava quadrada ontem. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, após vistoriar as obras no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, disse que o Brasil não pode mais “perder tempo” para cumprir os prazos acertados com a Fifa para a entrega das instalações necessárias à Copa das Confederações. Os estádios de Salvador, do Recife, de Brasília e do Rio de Janeiro estão com as obras em atraso; somente os de Fortaleza e de Belo Horizonte foram concluídos. Segurança O Palácio do Planalto escalou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, para rebater as críticas ao governo brasileiro em razão da tragédia de Santa Maria. O noticiário sobre o episódio serviu de pretexto para acusações de que o país não oferece segurança satisfatória aos turistas que virão assistir aos jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. “O Brasil é um país habituado a realizar grandes eventos”, minimizou. Pagou O secretário de Finanças do PT, João Vaccari, anunciou que a legenda pagou, ao longo dos últimos sete anos, todas as parcelas dos empréstimos contraídos junto aos bancos BMG e Rural que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou fraudulentos. Foram R$ 40milhões Manifesto As centrais sindicais — Força, CUT, CGTB, Nova Central, CTB, UGT e CGT — elaboram o documento da Marcha que farão a Brasília. As reivindicações serão encaminhadas à presidente Dilma Rousseff em 6 de março e, entre elas, destacam-se o fim do fator previdenciário e as 40 horas semanais. Sobre ovos Na reta final da eleição para as presidências do Senado e da Câmara, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pisam em ovos. Alvos de denúncias, mesmo assim não perderam o favoritismo. Renan sequer lançou sua candidatura e faz uma campanha silenciosa. Já Eduardo Alves está no sereno faz tempo. Enfrenta dois candidatos em campo aberto: a vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas, do PMDB-ES, e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). A eleição será na próxima segunda-feira. Extradição O ministro da Corte de Apelações de Santiago, Miguel Vázquez, solicitou à Suprema Corte a extradição dos Estados Unidos de Pedro Barrientos, assassino do popular cantor chileno Víctor Jara, morto em 16 de setembro de 1973 no Estádio Nacional do Chile, cinco dias depois do golpe militar encabeçado por Augusto Pinochet. Barrientos foi processado com outras sete pessoas. Aborto O Ministério da Saúde distribui cartilha com o título “Protocolo Misoprostol”, com instruções para o uso desse medicamento considerado abortivo, mais conhecido pela marca Cytotec, cuja comercialização é proibida no Brasil. O responsável pela publicação é o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde. O texto está disponível na Biblioteca Virtual do Ministério. Comando O contra-almirante José Roberto Bueno Júnior é o novo diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha. Era assessor especial do atual comandante-geral, almirante Júlio Moura Neto. Entre janeiro de 2009 a 2011, foi capitão dos portos da Amazônia Oriental. |
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Quem não morreu em Santa Maria?
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