domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 23/12/2012

Soldados britânicos, franceses e alemães no front da 1ª Guerra Mundial, na véspera do Natal de 1914, massacravam uns aos outros. Mesmo assim, depuseram as armas para compartilhar vinho e comida, trocar fotos e recordações e ainda disputar uma partida de futebol na neve. O episódio é relatado no filme Feliz Natal, de Christian Carion. Também é estudado até hoje nas escolas militares e deu origem à teoria da "sombra do futuro", que trata da estratégia de sobrevivência em ambientes conflagrados.

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O filme não é um blockbuster de Hollywood, mas uma produção franco, germano, britânica, belga e romena de 2005. Trata de generosidade e humildade humanas. Mais tarde, os soldados foram punidos pelos oficiais superiores por confraternizarem com o inimigo. Nem por isso o episódio, que ocorreu na vida real, deixou de demonstrar que uma outra convivência era possível, a que existe hoje na União Europeia.

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Na política brasileira, esse tipo de confraternização é mais frequente do que se imagina, mesmo entre grandes antagonistas aos olhos do público. A radicalização do discurso político, num contexto de paz social, costuma cair no vazio. É o que vimos ocorrer na semana que passou. Feliz Natal para todos são os votos deste colunista.

Diálogo// 

A falta de diálogo com os principais empresários e executivos do país passou a ser a grande preocupação do Palácio do Planalto neste fim de ano. De forma velada ou aberta, as críticas ao intervencionismo do governo na economia assustaram investidores estrangeiros.

Lucros

Uma das críticas mais sistemática à presidente Dilma é a tentativa de arbitrar o lucro das empresas: para as concessões de rodovias e ferrovias, o governo trabalha com uma taxa de retorno do capital investido de 6% a 6,5% ao ano. Duas rodovias têm taxa mais baixa, de 5,5%. Corre entre os empresários a seguinte piada: "Quando vai fechar uma parceria, o carioca pergunta: "Quanto vamos ganhar?" O paulista, "quanto eu vou ganhar?" E a presidente Dilma, como os gaúchos, "quanto tu vais ganhar?""

Segurança

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), descartou a aprovação do Orçamento da União de 2013 pela Comissão Representativa do Congresso entre o Natal e o ano-novo. O governo quer que o Orçamento seja aprovado "com o mínimo de segurança jurídica".

Extraordinária

O relator-geral do Orçamento da União, senador Romero Jucá (PMDB-RR), defende a convocação extraordinária do Congresso para votação em janeiro. A alternativa mais viável seria fevereiro ou março. O recesso vai até 1º de fevereiro, conforme a Constituição Federal. Não há precedentes de aprovação pela Comissão Representativa.

Não mexe

Apesar do bombardeio que sofre nos meios empresariais e da própria insatisfação com os rumos da economia, que registrou 1% de crescimento em 2012, a presidente Dilma Rousseff não pretende mexer na equipe econômica. A cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega, está firme nos ombros. Quando nada, porque as decisões que tomou contaram com o apoio de quem manda mesmo na economia: a própria presidente Dilma.

Longe da meta

Os resultados da política econômica este ano — medidos pela taxa de crescimento e pela inflação — decepcionaram até o governo. A inflação do IPCA, segundo previsão do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem pelo Banco Central, deve encerrar 2012 em 5,7%. A meta era 4,5%

Cotado

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, está cotadíssimo para ocupar o lugar da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Caiu nas graças da base aliada por sua atuação à frente da pasta.

Mais rolo/ O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), ingressou com representação na Procuradoria Geral da República pedindo que seja instaurada investigação penal e cível para apurar a compra de uma refinaria norte-americana pela Petrobras, que pagou à época US$ 839 milhões pelo mau negócio.

Parque/ O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou edital para escolher a empresa responsável pela implantação do circuito de arvorismo no Parque Nacional da Tijuca, no município do Rio de Janeiro. O percurso terá mais de 1km de extensão. Maior floresta tropical urbana do país, o parque foi criado no Império, numa antiga fazenda de café e áreas desmatadas do Maciço da Tijuca.

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