sábado, 1 de junho de 2013

O jogo é jogado

Brasília/DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 30/05/23013

Bastou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), jogar duro com o Palácio do Planalto em relação aos prazos para discussão da medidas provisórias pelos senadores, para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), visto como adversário do governo na Casa, apresentar uma solução salomônica para a redução das contas de luz, cuja MP praticamente caducou. Ou seja, o PMDB é o problema na base e, ao mesmo tempo, a solução.
Eduardo Cunha é considerado um desafeto da presidente Dilma Rousseff. O Palácio do Planalto fez de tudo para evitar que ele assumisse a liderança da bancada. Seus articuladores tentam isolá-lo. Em resposta, o líder do PMDB se recusa a conversar com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que tenta reagrupar a base governista na Câmara. Ela despacha no gabinete do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), convoca os líderes da base para conversar, mas Cunha não vai às reuniões.
Agora, quando tudo parecia perdido no caso das contas de luz, Cunha procura o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), relator da MP 609, que diminui a zero as alíquotas dos impostos federais que incidem sobre a cesta básica, e sugere que a redução de tarifas seja incluída na medida provisória. Com isso, o PMDB se livra de ser responsabilizado pelo aumento das tarifas de energia, o discurso que estava sendo ensaiado pelo Palácio do Planalto contra o partido.

E agora, Mantega? “Infelizmente, as previsões mais pessimistas se confirmaram, e o PIB de 0,6% do primeiro trimestre ficou abaixo das expectativas do mercado, que eram de 0,9%”, disparou o senador Aécio Neves, do PSDB-MG. Presidente nacional da legenda, para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014, o ex-governador mineiro vem engrossando o tom das críticas ao governo.

Placebos Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (RN), endossou as críticas à política econômica: “Pior do que o PIB de 0,6% é o governo insistir em remédios que já não dão certo para reativar a economia. Insistem nas velhas fórmulas sem fazer o que é preciso: cortar gasto público de má qualidade. Pelo contrário, sinaliza o mercado com a agressão de um 39º ministério.”

A vaga O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) se prepara para deixar o Senado, que perderá o seu maior especialista em matéria econômica e tributária. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), já avisou aos aliados que concorrerá ao Senado no ano que vem. Cabral queria permanecer no governo, mas foi aconselhado pelo ex-governador capixaba Paulo Hartung (PMDB) a não cometer esse erro. É dura a vida de ex-governador na planície, mesmo quando faz o sucessor.

Aeroportos/ Finalmente saiu o edital de leilão e concessão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), que serão debatidos em audiência pública pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) amanhã. O governo só perdeu tempo e investimentos internacionais com a demora para aceitar a ideia de privatizá-los.

Dúvidas O Senado aprovou projeto de lei que regulamenta as atribuições e garante maior autonomia aos delegados nos inquéritos policiais (PLC 132/2012). A proposta segue para sanção presidencial. O senador Pedro Taques (foto), do PDT-MT, levantou dúvidas em relação à constitucionalidade da proposta, o que, segundo ele, resultará em questionamentos no Poder Judiciário. Ele considerou vago, por exemplo, o parágrafo que dispõe que o delegado poderá conduzir a investigação criminal por meio de inquérito policial “ou outro procedimento previsto em lei”.

Agronegócio A Finep (agência de inovação do governo federal) e o BNDES lançaram ontem um programa para financiar empresas do setor agropecuário, no valor total de R$ 3 bilhões.

Prestígio Com a indicação pela presidente Dilma Rousseff do jurista Luís Roberto Barroso para ocupar a 11ª cadeira do Supremo Tribunal Federal, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cujo curso de direito é considerado um dos melhores do país, passou a contar com três de seus docentes no Supremo Tribunal Federal. Os demais são o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, e o ministro Luiz Fux.

Fundo/ Mais dor de cabeça para a Caixa Econômica Federal, depois da trapalhada com o programa Bolsa Família. O deputado Rodrigo Maia fez duas notificações, uma para a Caixa e uma para a Comissão de Valores Mobiliários, cobrando dados sobre os resultados do Fundo de Investimentos do FGTS. De acordo com o regulamento do fundo, os relatórios contábeis devem ser apresentados 90 dias após o fim do exercício social. A Caixa só disponibilizou os resultados de 2011.

Catástrofes/ Depois de promover simulados de desastres naturais nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, chegou a vez de capacitar os moradores de áreas de risco do Centro-Oeste e Norte do Brasil. A ação ocorre em julho, e é coordenada pelo Ministério da Integração Nacional. Desde 2011, mais de 5.100 pessoas já foram capacitadas em todo o país.

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