Brasília/DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 28/05/2013
O governo novamente corre contra o relógio para garantir a aprovação de
medidas provisórias que perigam caducar. Desta vez, são propostas que
não dividem a base pelo seu conteúdo, mas apenas enfrentam as manobras
de obstrução feitas pela oposição: a MP 601, que amplia benefícios de
desoneração da folha para setores que ainda não são agraciados; e a MP
605, que permite o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) para viabilizar a redução da conta de luz.
O problema, porém, é o risco de nova humilhação para o Senado, cujo
presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu aos colegas que a
aprovação da MP dos Portos, há duas semanas, seria a última a ser votada
sem cumprir o prazo regimental de sete dias. Ou seja, sem direito à
discussão e a emendas.
O governo fez de tudo para aprovar as MPs ontem, em sessão
extraordinária convocada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), para evitar que a matéria chegasse ao Senado com prazo
estourado. A desmobilização da base e a ação da oposição, no entanto,
complicaram a votação,
não realizada até o fechamento desta edição. A ministra das Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, porém, avalia que o Senado aprovará as
medidas provisórias na próxima semana.
Fronteiras/ O vice-presidente da República, Michel Temer,
sobrevoou ontem a fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, em
Foz do Iguaçu, para acompanhar atividades da Operação Ágata 7, cujo
objetivo é combater crimes como o narcotráfico, o tráfico de armas, o
contrabando de veículos e a imigração ilegal. Até o fim da operação,
serão fiscalizados 16.886 quilômetros de fronteiras.
Beneficiados
Entre os setores contemplados pelo relator da MP 601, senador Armando
Monteiro (PTB-PE), com alíquota de 1% sobre a receita bruta, estão as
empresas de táxi-aéreo (passageiros e cargas), de transporte rodoviário e
ferroviário de cargas, e empresas jornalísticas (inclusive tevê e
rádio). A MP 605 permite o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) para compensar descontos concedidos a alguns setores na
estrutura tarifária e viabilizar a redução da conta de luz, vigente
desde janeiro deste ano.
Engarrafou
No Senado, duas medidas provisórias estão na fila para votação: as MPs
597, que isenta da cobrança de Imposto de Renda o pagamento de PLR
(Programa de Participação nos Lucros e Resultados) até R$ 6 mil; e a MP
600, que simplifica licitação de obras de aeroportos regionais com
utilização do Regime Diferenciado de Contratação. Ambas correm o risco
de caducar, caso não sejam aprovadas até a próxima segunda-feira.
Palanque
O PMDB baiano começou a admitir a possibilidade de apoiar o nome do
vice-governador Otto Alencar (PSD) à sucessão de Jaques Wagner, em 2014.
Para viabilizar a reeleição de Dilma, e evitar que o partido
desembarque em uma candidatura oposicionista, a cúpula da legenda busca
aproximação com o PSD. Caso o nome de Otto tenha o beneplácido de Wagner
e Dilma, o PMDB poderia até voltar ao governador petista.
Demissões
O Ministério da Fazenda está de olho nas indústrias de calçados e de
autopeças. Mesmo beneficiadas com desonerações tributárias, demitiram
pessoal acima de média. O governo deixou de arrecadar R$ 2,8 bilhões
Decisão suprema
O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem a chance hoje de
acabar de vez com o auxilio-moradia para os magistrados de todo o país.
Decisão em caráter liminar já acabou com a mamata em quase todos os
estados brasileiros. Só ainda resistem Tocantins, Goiás e Rio de
Janeiro. No Supremo Tribunal Federal (STF), o grande algoz dessa
gastança de dinheiro público é o ministro Gilmar Mendes.
Blindados/ O 34º Batalhão de Infantaria de Foz do Iguaçu foi
mecanizado há quatro dias, ou seja, passou a utilizar blindados sobre
rodas e não apenas caminhões. Também participa da operação Ágata, com
outras unidades do Exército, Marinha, Aeronáutica, além da Receita
Federal e forças policiais federais e estaduais. A operação mobilizará
mais de 33 mil homens das três armas.
Belo Monte/ Pela segunda vez no mês de maio, os índios ocupam um
dos canteiros de obras de Belo Monte. O Consórcio Construtor e a Funai
não conseguem fechar um acordo.
Sobe tom
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos,
mandou recado de que pretende resistir às pressões do Palácio do
Planalto para que desista de sua candidatura a Presidente da República,
em 2014. Avalia que essas pressões são indícios de sufocamento da
liberdade no país. Atribui as manobras ao ministro da Educação Aloizio
Mercadante, e ao presidente do PT, Rui Falcão, que articulam os
palanques da presidente Dilma Rousseff nos estados.
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