terça-feira, 30 de outubro de 2012

Análise da notícia: Crise no ninho

Correio Braziliense - 29/10/2012
LUIZ CARLOS AZEDO

A vitória de Fernando Haddad, que foi uma façanha do PT e, principalmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é uma catástrofe para o PSDB em São Paulo. Houve outras derrotas tucanas na capital paulista, mas não num contexto de avanço petista no interior do estado.

Está aberto o caminho para a tomada do Palácio dos Bandeirantes pelo PT nas eleições de 2014, nas quais Lula pode repetir a fórmula que deu certo: um candidato novo, "o poste" que nunca antes disputou uma eleição.

O grande derrotado das eleições municipais é José Serra, mas a conta caiu no colo do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que será candidato à reeleição em condições mais difíceis. Alckmin está condenado a cuidar da própria reeleição e a apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB), ex-governador de Minas e desafeto de Serra, a presidente da República.

Aécio consolidou sua candidatura internamente. O PSDB colheu bons resultados nas capitais do Norte (Belém e Manaus) e Nordeste (Maceió e Teresina), mas está fora das prefeituras das capitais do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste. Os governos de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Alagoas e Pará, entretanto, garantem a condição de maior partido de oposição.

A derrota não aposenta José Serra. Político cascudo, teve 2,7 milhões de votos, um tesouro eleitoral. O tucano ainda pode disputar eleições majoritárias em São Paulo, quando nada ao Senado. A grande incógnita é o rumo que irá tomar. Mesmo em grande dificuldades eleitorais, sequer convidou Aécio para o seu palanque. Não será surpresa se deixar o ninho tucano.

Trocando em miúdos: o resultado das urnas em São Paulo consolida a aliança do PT com o PMDB em torno da reeleição da presidente Dilma Rousseff, e nome de Aécio Neves a presidente da República. Mas também alargou os horizontes do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que conquistou importantes vitórias. Serra e seus aliados podem tomar o mesmo rumo do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que já desembarcou de mala e cuia no projeto nacional do neto de Miguel Arraes.

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