segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Análise da Notícia: Tudo certo, nada resolvido

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 17/08/2015


A presidente Dilma Rousseff e seu estado-maior acompanharam, do Palácio da Alvorada, as manifestações de ontem. O fato de não terem sido maiores do que as realizadas em 15 de março foi comemorado. Caso ocorresse o contrário, poderiam implodir o acordão costurado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para barrar a rejeição das contas de Dilma em 2014 e um possível pedido de impeachment na Câmara, que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ameaçava aceitar.

A lógica dos esforços para manter Dilma no poder a qualquer preço, mesmo com a sua popularidade em nível baixíssimo, parte do princípio de que as crises políticas podem ser resolvidas por acordos de cúpula. Na maioria das vezes, é isso mesmo que acontece. Ocorre, porém, que a política não é monopólio dos políticos, dos militares e dos diplomatas faz tempo. É por isso que o caseiro, o motorista ou a secretária, às vezes, mudam o curso da História. Um juiz federal imbuído de suas responsabilidades, então, nem se fala.

Os manifestantes de ontem, embora em menor número, não são uma força desprezível no processo, ainda mais porque traduziram a insatisfação difusa das manifestações anteriores em objetivos claros: “Impeachment já”, “Fora, PT” e “Corruptos na cadeia”. Dilma e o ex-presidente Lula catalisaram os protestos. A economia em recessão e a Operação Lava-Jato realimentam a crise política, muito mais do que as disputas entre o PT e o PMDB. O acordo para blindar Dilma não resolve os problemas do país, que tem um governo cambaleante, minado pelos escândalos envolvendo o PT e aliados .



Um comentário:

MarlenePovoa disse...

Muito pertinente a análise da conjuntura da crise e os desdobramentos dela. Empurrados pelo vácuo do poder, o cidadão brasileiro tão pouco afeito aos debates políticos foi para a ruas
gritar a sua insatisfação com o desmandos políticos de um governo que não sabe a que veio.
Fala-se em uma nova direita que estaria empenhada no retorno da ditadura militar como se não estivessemos nós debaixo de uma ditadura de incompetentes omissos em termos de gestão e corrupta ao extremo.
Contra fatos não pode haver resistência, o País não aguenta mais tantos desmandos em decorrência da ausência de uma liderança que de fato esteja empenhada em trazer de volta alguma possibilidade de diálogo e coerência ao fatos políticos. Ameaças, assombros e preces, se eu for preso não haverá cadeia para todos, bradam todos os implicados nos escândalos de corrupção pelo País afora. Lula ameaçando o País com uma guerra civil caso Dilma caía. Que País é esse? Que esquerda é essa que em 20 anos consegue quebrar o País? é questão de tempo a prisão de Lula e a queda de Dilma, o País quer e precisa de um novo caminho, de passar a limpo tanta sujeira e recomeçar aquilo que a todos nós espera, muito trabalho na reconstrução de tudo que foi destruído pela ganância e a incúria profunda. A corrupção precisa ser votada como crime hediondo e o voto não pode mais ser obrigatório. Queremos nosso País de volta e a devolução de tudo que foi roubado de volta aos cofres públicos. Cumpra-se a lei.