Nas Entrelinhas: Luiz carlos Azedo
Correio Braziliense - 02/12/2015
Alguns caciques do PT avaliam que o Palácio do Planalto deveria dar um 
basta às chantagens de Cunha e pagar pra ver a votação do pedido de 
impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara
 A 
presidente Dilma Rousseff voltou às pressas de Paris, onde participou da
 conferência do clima, para fazer prevalecer na Comissão de Ética o 
acordo feito em seu nome pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, com
 o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com objetivo de barrar
 o processo de cassação do parlamentar no Conselho de Ética da Casa por 
falta de decoro. Dilma teme que Cunha despache a favor da abertura do 
seu processo de impeachment caso os três deputados do PT no colegiado 
votem a favor da cassação do peemedebista.
Os 
deputados Zé Geraldo (PT-PE), Léo de Brito (PT-AC) e Valmir Prascidelli 
(PT-SP) são os fiéis da balança da votação, pois Eduardo Cunha já 
contaria com os votos de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Cacá Leão 
(PP-BA), Erivelton Santana (PSC-BA), Paulinho da Força (SD-SP), Ricardo 
Barros (PP-PR), Washington RPMDB-RJ), Vinícius Gurgel (PR-AP) e 
Wellington Roberto (PR-PB) para se livrar do processo. Ou seja, nove dos
 onze votos que precisa.
São declaradamente a 
favor da abertura do processo os deputados Fausto Pinato (PRB-SP), que 
ontem defendeu seu relatório na sessão do Conselho favorável à abertura 
do processo, José Carlos Araújo (PSD-BA), Lisiane Gama (Rede-MA), Nelson
 Marchezan Júnior (PSDB-RS), Sandro Alex (PPS-PR), Marcos Rogério 
(PDT-RO) e Betinho Gomes. Hoje, a sessão do Conselho de Ética será 
retomada sobre grande tensão, maior até que a de ontem, na qual os 
aliados de Cunha manobraram para impedir a votação.
É
 uma corrida contra o relógio. O tempo favorece as pressões do Palácio 
do Planalto sobre os deputados petistas, que estão sendo ameaçados de 
retaliação. A mais dura é a demissão de apadrinhados nomeados para 
cargos federais. O discurso dos petistas, porém, é de que o voto contra 
Cunha provocaria a abertura do impeachment de Dilma Rousseff e que é 
mais importante salvar o governo do que defenestrar o presidente da 
Câmara.
A presidente da República está sendo 
chantageada abertamente pelo presidente da Câmara. Na segunda-feira, 
Cunha foi ao Palácio do Jaburu conversar com o vice-presidente Michel 
Temer somente para sinalizar a intenção de disparar o processo de 
afastamento de Dilma tão logo os petistas votem contra ele no Conselho 
de Ética.
Nota destoante
Não
 existe uma sintonia fina entre a presidente Dilma Rousseff, que voltou 
de Paris aflita com a crise, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, 
que ontem utilizou sua conta pessoal no Twitter para orientar os 
deputados da legenda a votarem contra Eduardo Cunha: “Confio em que 
nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade”, 
disse.
Falcão se alinhou aos 31 deputados da 
bancada petista que lançaram um manifesto a favor da cassação de Cunha. 
Nenhum dos três deputados do Conselho de Ética, porém, assina o 
documento. O texto afirma que Cunha revela “falta de qualquer pudor em 
utilizar sua posição de direção da Câmara em proveito próprio, inclusive
 promovendo e patrocinando o cancelamento da sessão do Conselho de 
Ética, atacando instituições e praticando toda a sorte de chantagens.”
A
 tuitada de Falcão pode ser mero jogo de cena para livrar a cara da 
legenda, mas alguns integrantes desse grupo já estão falando nos 
bastidores em deixar o PT caso a posição dos seus representantes no 
Conselho de Ética seja favorável a Cunha. Pelo menos oito deputados 
estão em negociação com a Rede, de Marina Silva, via o líder da bancada 
do novo partido na Câmara, o ex-petista Alexandre Molon (RJ).
Caso
 não seja um embuste, a mensagem de Rui Falcão ganha nova dimensão. 
Alguns caciques do PT avaliam que o Palácio do Planalto deveria dar um 
basta às chantagens de Cunha e pagar pra ver a votação do pedido de 
impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Acreditam que o 
governo teria mais de 170 votos em plenário para barrar a proposta da 
oposição. O problema é convencer Dilma de que o risco vale a pena.
Ordem unida

 
 
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