Renan quer mostrar serviço. Anunciou que não vai aprovar um ajuste
fiscal que jogue o ônus da crise nas costas dos trabalhadores. Foi
sensibilizado pelas centrais sindicais e por senadores petistas
Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 11/02/2015
Como aquele
boxeador mexicano de Jack London que apanhava muito, mas nunca jogava a
toalha, o novo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e o
líder da bancada do PT, Sibá Machado (AC), foram ontem para a tribuna da
Câmara defender o governo Dilma e a atuação da legenda na Petrobras.
Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 11/02/2015
Aos
gritos, tentaram convencer o plenário apático de que a oposição trama
um golpe para destituir a presidente da República e que o PT salvou a
estatal brasileira das garras do imperialismo ianque, que estaria por
detrás da devassa nos contratos fraudulentos da estatal.
É óbvio que
ninguém levou a sério o que disseram em plenário. Enquanto os dois se
esgoelavam, o novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
manteve o pé no acelerador da aprovação da reforma política e do
Orçamento Impositivo.
No primeiro caso, fez um acordo com a oposição e designou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidir a comissão encarregada do projeto, que foi instalada ontem. Os trabalhos do grupo só devem começar efetivamente depois do carnaval.
A relatoria da comissão ficará com Marcelo Castro (PMDB-PI), homem de confiança de Cunha. O PT esperneia diante de seu isolamento na discussão da proposta, ainda mais porque o texto em discussão é um projeto coordenado pelo ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que havia sido rejeitado por sua própria legenda.
A reforma política que a presidente Dilma Rousseff havia proposto em 2013 e reiterado na campanha eleitoral, que incluía a convocação de um plebiscito, morreu no nascedouro: a cozinha do Palácio do Planalto. Quem articula a reforma com discrição é o vice-presidente, Michel Temer, cujo objetivo é liquidar as pequenas legendas que o Planalto turbinou para enfraquecer o seu PMDB.
A votação do Orçamento Impositivo foi aprovada ontem. A proposta original sofreu modificações no Senado e, por isso, foi votada novamente pelos deputados. A correria tem sentido, porque o relator da Comissão Mista do Orçamento, Romero Jucá (PMDB-RR), precisa concluir seu trabalho.
Emendas
Considerado um dos mais hábeis parlamentares governistas, Jucá foi indicado para líder do governo no Senado por Renan Calheiros (PMDB-AL), mas foi vetado por Dilma. O cargo de relator do Orçamento, porém, é poderoso.
Ele acaba de fazer uma manobra para que cada um dos 245 novos congressistas tenha direito a R$ 10 milhões em emendas do Orçamento da União de 2015 para suas bases eleitorais, como os demais, reeleitos. O Planalto entubou.
Romero Jucá tenta um acordo com os líderes da oposição no Senado para aprovar o Orçamento sem confusão. Enquanto o circo pega fogo entre governo e oposição, o clima entre o presidente do DEM, José Agripino (RN), e os tucanões paulistas José Serra e Aloysio Nunes Ferreira é dos mais afáveis. Todos jogaram juntos no governo FHC.
Renan Calheiros, porém, enfrenta uma oposição inédita no Senado por causa da exclusão de seus desafetos da Mesa da Casa. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputou o comando da Casa e perdeu, virou uma espécie de “presidente-sombra” de uma bancada rebelde de 16 senadores.
Renan, porém, quer mostrar serviço. Anunciou que não vai aprovar um ajuste fiscal que jogue o ônus da crise nas costas dos trabalhadores. Foi sensibilizado pelas centrais sindicais e por senadores petistas derrotados nas urnas, como Lindbergh Farias (RJ), e Gleisi Hoffmann (PR), que agora correm atrás do prejuízo. Na base do governo, o fogo amigo contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é pesado.
O presidente do Senado, que anda ressabiado com a Operação Lava-Jato, aproveitou o embalo para anunciar a votação de 10 projetos relativos à reforma política a partir da primeira semana de março. Deverão entrar em pauta, por exemplo, o novo modelo de financiamento de campanhas eleitorais e mudança na duração dos mandatos do Executivo.
Esse debate abre espaço para propostas de prorrogação de mandatos de prefeitos, governadores e da própria presidente da República, para que possam coincidir as eleições municipais, estaduais e federais. A ideia é recorrente sempre que o clima é de vaca estranhar os bezerros no Congresso.
No primeiro caso, fez um acordo com a oposição e designou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidir a comissão encarregada do projeto, que foi instalada ontem. Os trabalhos do grupo só devem começar efetivamente depois do carnaval.
A relatoria da comissão ficará com Marcelo Castro (PMDB-PI), homem de confiança de Cunha. O PT esperneia diante de seu isolamento na discussão da proposta, ainda mais porque o texto em discussão é um projeto coordenado pelo ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que havia sido rejeitado por sua própria legenda.
A reforma política que a presidente Dilma Rousseff havia proposto em 2013 e reiterado na campanha eleitoral, que incluía a convocação de um plebiscito, morreu no nascedouro: a cozinha do Palácio do Planalto. Quem articula a reforma com discrição é o vice-presidente, Michel Temer, cujo objetivo é liquidar as pequenas legendas que o Planalto turbinou para enfraquecer o seu PMDB.
A votação do Orçamento Impositivo foi aprovada ontem. A proposta original sofreu modificações no Senado e, por isso, foi votada novamente pelos deputados. A correria tem sentido, porque o relator da Comissão Mista do Orçamento, Romero Jucá (PMDB-RR), precisa concluir seu trabalho.
Emendas
Considerado um dos mais hábeis parlamentares governistas, Jucá foi indicado para líder do governo no Senado por Renan Calheiros (PMDB-AL), mas foi vetado por Dilma. O cargo de relator do Orçamento, porém, é poderoso.
Ele acaba de fazer uma manobra para que cada um dos 245 novos congressistas tenha direito a R$ 10 milhões em emendas do Orçamento da União de 2015 para suas bases eleitorais, como os demais, reeleitos. O Planalto entubou.
Romero Jucá tenta um acordo com os líderes da oposição no Senado para aprovar o Orçamento sem confusão. Enquanto o circo pega fogo entre governo e oposição, o clima entre o presidente do DEM, José Agripino (RN), e os tucanões paulistas José Serra e Aloysio Nunes Ferreira é dos mais afáveis. Todos jogaram juntos no governo FHC.
Renan Calheiros, porém, enfrenta uma oposição inédita no Senado por causa da exclusão de seus desafetos da Mesa da Casa. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputou o comando da Casa e perdeu, virou uma espécie de “presidente-sombra” de uma bancada rebelde de 16 senadores.
Renan, porém, quer mostrar serviço. Anunciou que não vai aprovar um ajuste fiscal que jogue o ônus da crise nas costas dos trabalhadores. Foi sensibilizado pelas centrais sindicais e por senadores petistas derrotados nas urnas, como Lindbergh Farias (RJ), e Gleisi Hoffmann (PR), que agora correm atrás do prejuízo. Na base do governo, o fogo amigo contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é pesado.
O presidente do Senado, que anda ressabiado com a Operação Lava-Jato, aproveitou o embalo para anunciar a votação de 10 projetos relativos à reforma política a partir da primeira semana de março. Deverão entrar em pauta, por exemplo, o novo modelo de financiamento de campanhas eleitorais e mudança na duração dos mandatos do Executivo.
Esse debate abre espaço para propostas de prorrogação de mandatos de prefeitos, governadores e da própria presidente da República, para que possam coincidir as eleições municipais, estaduais e federais. A ideia é recorrente sempre que o clima é de vaca estranhar os bezerros no Congresso.
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