Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 26/08/2015
A oposição adiou a reunião que estava programada para
discutir a proposta de impeachment de Dilma Rousseff. PSDB, DEM, PPS e SD chegaram à
conclusão de que nada acontecerá sem a participação do PMDB
A Operação Lava-Jato,
que investiga 48 políticos com foro privilegiado, ronda o Congresso
Nacional e o Palácio do Planalto. A saída do vice-presidente Michel
Temer da articulação política do governo foi vista por todos como mais
um fator de enfraquecimento da presidente Dilma Rousseff, mas a cúpula
do PMDB decidiu afrouxar a corda com o Palácio para evitar que seu
afastamento fosse interpretado como uma ruptura com o governo. Até o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vinha numa escalada
de confronto, pegou leve nesta semana com o Palácio do Planalto.
Por
essa razão, a oposição adiou a reunião que estava programada para
discutir a proposta de impeachment de Dilma Rousseff. Os líderes do
PSDB, DEM, PPS e SD, que haviam convocado a reunião, chegaram à
conclusão de que nada acontecerá sem a participação do PMDB e resolveram
esperar os desdobramentos da saída de Michel Temer da articulação
política do governo. A tensão no Congresso, porém, não diminuiu nem um pouco.
Na
Câmara, a cena política foi roubada pela CPI da Petrobras, que promoveu
uma acareação entre o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Ambos aderiram à
delação premiada e reiteraram seus depoimentos à Polícia Federal e à
própria CPI, em alguns aspectos contraditórios. O choque de versões mais
importante foi em relação ao suposto repasse de R$ 2 milhões desviados
de contratos com a Petrobras da cota do PP para a campanha da presidente
Dilma Rousseff, a pedido do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil
Antônio Palocci.
Segundo Youssef, um dos delatores da Lava-Jato
estaria detalhando ao Ministério Público Federal quem pediu o dinheiro
para a campanha petista na eleição presidencial de 2010. O doleiro,
entretanto, não quis dizer o nome do delator. Negou, porém, a afirmação
de Costa de que fora ele, Yousseff, quem lhe pedira para arrecadar
dinheiro para a campanha de Dilma. “Esse assunto me veio através do
Alberto Youssef. Eu autorizei repassarem os R$ 2 milhões da cota do PP
para a campanha de 2010. Eu ratifico integralmente os meus depoimentos.
Todos eles”, disse o ex-diretor da Petrobras.
Yousseff contestou:
“Eu vou me reservar ao silêncio com referência a esse assunto porque
existe uma investigação do Palocci, e logo vai ser revelado e será
esclarecido o assunto. Tem outro réu colaborador que está falando, eu
não fiz esse repasse. Assim que essa colaboração for notificada, vocês
vão saber realmente quem foi que pediu recurso e quem repassou esse
recurso”, disse aos parlamentares. O doleiro negou envolvimento com o
ex-ministro Antônio Palocci ou qualquer outra pessoa ligada ao petista,
mas disse que o ex-presidente do PSDB Sergio Guerra (PE) recebeu R$ 10
milhões para encerrar a CPI da Petrobras anterior.
Campanhas eleitorais
Entre
os senadores, porém, a notícia do dia foi o despacho assinado pelo juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da operação na
primeira instância, que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF)
documentos que podem ser provas de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT)
teria sido beneficiada pelo esquema investigado pela Operação Lava-Jato
no Ministério do Planejamento.
Detectou-se o pagamento de propina
através de um acordo firmado entre o Ministério do Planejamento e a
empresa Consist Software para gestão de empréstimos consignados, que
localizou documentos no escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves,
que prestou serviços à senadora nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014.
Os valores recebidos pela Consist teriam sido utilizados para efetuar
pagamentos em favor de Gleisi Hoffmann.
De acordo com a Polícia Federal e
o Ministério Público Federal, o ex-vereador de Americana (SP) Alexandre
Romano e empresário Milton Pascowitch eram os operadores desta
irregularidade. Foi apreendida uma planilha que citava o “Fundo Consist”
e repasses a Gleisi Hoffmann e pessoas de sua confiança. A senadora foi
chefe da Casa Civil no primeiro mandato da presidente Dilma.
A
propósito, o ministro Gilmar Mendes, relator da contas da presidente
Dilma Rousseff na campanha de 2014, determinou ontem que o Ministério
Público de São Paulo investigue uma empresa que recebeu R$ 1,6 milhão da
campanha de reeleição da presidente Dilma. Relatório da Secretaria de
Fazenda de São Paulo sobre a empresa Angela Maria do Nascimento
Sorocaba-ME, para apuração de “eventual ilícito”, foi remetido ao MP. A
empresa foi aberta em agosto do ano passado e, até setembro, recebeu R$
3,6 milhões. Desse total, notas no valor de R$ 1,6 milhão foram emitidas
em nome da campanha eleitoral de Dilma. O PT nega irregularidades.
Um comentário:
Não sei se é impressão minha(talvez implicância?) mas,reparo que o que é dito pelo doleiro
vem ao mundo com ares de verdade.E vira notícia.E enseja artigos(como o seu).
Ah,justiça seja feita:para provar que estou enganado,há sim um crivo ao que fala o "bandido profissional".Não é automático.Por exemplo? Ele falou - na verdade reafirmou - que sabe do recebimento de valores originários de Furnas pelo Senador da República Aécio Neves.Não mereceu,no entanto tal afirmação - a atenção do blog.Nem uma simples menção.Como se não tivesse falado.
Parece que "Não vem ao caso... "
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