sexta-feira, 27 de julho de 2012

Fadiga de material

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 27/07/2012
 
A tese que levou o PT à opção pela candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad na disputa pela prefeitura é a da fadiga de material. Segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os paulistanos estariam cansados do protagonismo das principais lideranças políticas do estado. Por essa razão, a senadora Marta Suplicy não foi escolhida candidata. À época, Lula imaginava que o ex-governador José Serra (PSDB) não seria candidato.

A primeira semana de campanha pelo rádio e pela tevê será a prova dos nove dessa tese. Serra estacionou nos 30% dos votos, percentual que corresponderia à base de apoio consolidada do tucano e lhe daria certo favoritismo. Essa também é a faixa de preferência que a ex-prefeita Marta Suplicy mantinha em sucessivas pesquisas. Nos cálculos de Lula, seria o teto do tucano e o mesmo percentual da base eleitoral petista.

Com a tevê e o rádio, segundo esse raciocínio, Haddad seria um nome certo no segundo turno. Entretanto, o petista até agora não conseguiu capturar esses eleitores, estando com 7% de intenções de votos de acordo com a última pesquisa DataFolha, exatamente o mesmo percentual de Soninha Francine (PPS). Dois outros candidatos aparecem na cola do petista: os deputados federais Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) com, respectivamente, 6% e 5%.

Vazio

A tal fadiga de material, porém, pode ter face dupla: a polarização entre tucanos e petistas. Nesse caso, estaria beneficiando outro personagem da política paulistana: o ex-deputado federal Celso Russomano, do PRB, que cresceu nas pesquisas e está com 26%, quase a marca dos supostos votos cativos do PT. Na verdade, ocupou o espaço vazio deixado pelo deputado federal Paulo Maluf (PP), hoje um aliado de primeira hora do candidato petista, mas que perdeu a velha força eleitoral que ostentava quando foi prefeito eleito de São Paulo.

Vacinas

Às vésperas de chegar à tevê e ao rádio, o mais curioso na disputa paulista são os pactos de não-agressão entre Serra e Russomano, de um lado; Haddad e Chalita, de outro. Os dois primeiros somam 56% das intenções de voto; os segundos, 13%. Esses acordos são indicadores do sistema de aliança que pretendem construir para o segundo turno. Antes disso acontecer, haverá um deslocamento do eleitorado durante o processo eleitoral. Só então a tese da fadiga de material será realmente testada. Aqfinal, ninguém puxa o eleitor pelo nariz na hora da votação.

Violência

O tema da violência parece tomar conta das preocupações dos cidadãos paulistas. Será assunto obrigatório na campanha eleitoral. Há 18 anos no poder, os tucanos não tem uma explicação para o recrudescimento do banditismo e elevação da taxa de homicídios acima do tolerável. O governador Geraldo Alckmin está sob holofotes. De certa forma, a campanha de 2014 ao Palácio dos Bandeirantes foi antecipada.

Homicídios

Estatísticas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) mostram que o número de homicídios na capital paulista, na comparação do primeiro semestre deste ano com o mesmo período do ano passado, cresceu
21,57%

Bandeira eleitoral

Os tucanos estão transformando a crise econômica em bandeira eleitoral. "O PT prefere o caminho mais curto, que é adotar medidas paliativas. O governo brasileiro perdeu as rédeas da economia", brada o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo, PE. Segundo ele, a redução do IPI para automóveis, a desoneração da folha de pagamento, as iniciativas para controlar o câmbio e a alteração dos rendimentos da caderneta de poupança não deram certo: "O efeito das medidas foi zero, nulo."

Mensalão//

Ao contrário do que foi publicado ontem no caderno especial do Correio sobre o julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o publicitário Cristiano Paz, que começou a carreira aos 17 anos e hoje é um dos maiores profissionais do setor, nunca atuou na empresa Grafitti.

É a crise

Os rumores de demissões na General Motors tem o mesmo impacto no Palácio do Planalto que tiveram as demissões na Vale em 2008. A empresa quer fechar a linha de montagem dos modelos Corsa, Classic e Meriva na fábrica de São José dos Campos, no Vale do Paraíba e demitir 1,5 mil empregados. Sofre o impacto da inadimplência na carteira de financiamento de automóveis dos bancos, principalmente do Itaú e do Santander. O rombo na carteira do Votorantim deve aparecer no balanço do Banco do Brasil.

Museu/A presidente Dilma Rousseff visitou ontem o Museu de Ciências, em Londres, acompanhada por bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na ocasião, assinou carta de intenções entre os governos do Brasil e do Reino Unido para a criação do Museu Brasileiro da Ciência.

Patinho/Não existe ligação grátis. A tese de que o crescimento do mercado e o sucesso das ofertas da operadora no Brasil geraram atrasos na infraestrutura não colou no Ministério das Comunicações. O ministro Paulo Bernardo ouviu reclamações das demais operadoras por causa do Plano Liberty da Tim. O presidente da Telecom Itália, empresa controladora da operadora, Franco Bernabè, está no sal.

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