sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O garoto


Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O já falecido senador baiano Antônio Carlos Magalhães torceu o nariz quando o ex-senador Jorge Bornhausen, então presidente do antigo PFL, revelou a intenção de mudar o nome da legenda para Democratas e indicar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidi-la. "Quem leva mais jeito é aquele garoto de São Paulo", confidenciou na ocasião a um antigo colaborador. Referia-se ao então deputado federal Gilberto Kassab, atual prefeito de São Paulo, que pretende fechar a semana com seu novo partido, o PSD, consolidado.

Kassab começa setembro com o PSD registrado em 10 estados e 581 mil filiados com assinaturas confirmadas pela Justiça Eleitoral. Segundo o secretário-geral do partido, o ex-deputado Saulo Queiroz, a legenda já é a quarta maior bancada da Câmara, com 42 deputados, atrás apenas de PT (86), PMDB (80) e PSDB (53). Pode chegar a 58 deputados até o fim do ano, o que lhe daria a terceira posição. Conta ainda com dois senadores e pode chegar a cinco.

Tal sucesso não pode ser atribuído apenas à força do cargo de prefeito de São Paulo. O "garoto" percebeu duas coisas: primeiro, que a liderança do ex-governador José Serra (PSDB), seu grande aliado, estava fragilizada por duas derrotas eleitorais em nível nacional e que precisaria alçar voo próprio; segundo, que havia muitos descontentes no DEM, no PSDB e no PPS com a linha de confronto adotada pelo bloco de oposição em relação ao governo Dilma Rousseff.

Ambiguidade

O PSD é um aliado de primeira hora do ex-governador José Serra, que teria o apoio de Kassab caso venha a ser candidato a prefeito de São Paulo. No plano nacional, porém, não pretende fazer oposição ao governo Dilma. "Nossa posição é independente", garante Gilberto Kassab, que liberou a bancada do partido para decidir quando apoiar ou não as propostas do Planalto.

Garrafa

A presidente Dilma Rousseff tenta pôr o gênio de volta à garrafa: negocia um acordo entre estados produtores e não produtores para evitar uma crise federativa em decorrência da distribuição dos royalties de petróleo da camada pré-sal. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, entrou na negociação para fazer as contas do acordo. A derrubada do veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emenda aprovada pelo Congresso patrocinaria a distribuição igualitária dos royalties entre estados e municípios, mas quebraria Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Logística

O senador Clésio Andrade (PR-MG), com uma emenda supressiva à MP 532, impediu a entrada dos Correios na "exploração de logística integrada", o que significa operar no setor de transportes. Segundo o parlamentar, o governo deixaria de arrecadar R$ 5 milhões em impostos e ainda levaria á falência inúmeras transportadoras.

Segunda frente

O Palácio do Planalto quer evitar uma crise com o Judiciário. Por isso, recuou da ideia de cortar do Orçamento da União os aumentos de 56% dos servidores de Judiciário e de 14,79% para os ministros dos tribunais superiores. O primeiro a estrilar foi o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, que levou uma tesourada de R$ 8 bilhões

Imposto//

A volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para financiar a saúde tem a reprovação de 72% dos brasileiros, indica pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Vinte por cento dos entrevistados são a favor e 7% não sabem ou não responderam.

Bolha

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, durante encontro com o relator da reforma política na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), criticou a forma de financiamento das campanhas eleitorais: "Estamos vivendo na política brasileira uma verdadeira bolha que faz com que as campanhas políticas fiquem infladas e completamente destoantes da realidade daquilo que o parlamentar pode receber". Segundo Cavalcante, essa seria a causa da corrupção, do caixa 2, dos desvios e de outros desmandos cometidos pelos políticos.

Empregos

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (foto), cobra explicações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre as demissões de trabalhadores e o fechamento de unidades do grupo JBS-Friboi, que recebeu mais de R$ 10 bilhões de financiamento do banco. Em agosto, o frigorífico anunciou o fechamento de unidades de abate em Presidente Epitácio (SP), Teófilo Otoni (MG) e Maringá (PR), onde trabalham mais de 3 mil pessoas.

É aqui/ O Ministério do Trabalho decidiu conceder vistos de residência permanente aos cidadãos do Haiti que chegaram ao Brasil após o terremoto de janeiro de 2010 e solicitaram refúgio. Já foram aprovados 418 vistos. Há 2.150 haitianos refugiados aqui.

Grito/ O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) organiza manifestação contra a corrupção, intitulada Setembro Vermelho, no feriado do dia 7. Participarão do protesto a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras entidades. Estão confirmados os atos de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraíba, Pernambuco, Roraima, Minas Gerais, Belém e Distrito Federal.

Oposição/ O senador tucano Paulo Bauer (SC) flerta com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT). Cardeais tucanos desaprovam a aproximação.



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