sábado, 8 de dezembro de 2012

O que pensam de nós

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 08/12/2012
 
Alguém já disse que o papel do indivíduo na história não depende do julgamento que cada um faz de si mesmo. Não por acaso, defendeu que não existe reprodução ampliada de capital sem lucro capaz de sustentar os investimentos. É mais ou menos disso que trata a revista britânica The Economist quando diz que a economia brasileira está paralisada e luta para se recuperar.

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A velha arrogância britânica, ao afirmar que a solução para voltar a crescer seria a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, provocou o "bateu, levou" do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e um chega pra lá da própria presidente Dilma Rousseff, ontem, na reunião de cúpula do Mercosul. Mas é fato que o governo adotou medidas de cima para baixo em áreas estratégicas da economia e o carro não andou.

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Para a conceituada revista do mundo dos negócios, "Dilma parece crer que o Estado deve direcionar decisões de investimento privado". A crítica soa como velha e decadente intromissão imperialista, mas, na verdade, reflete o que se comenta nos bastidores do mundo empresarial brasileiro, cujos principais atores podem ser vistos no Palácio do Planalto quando grandes projetos são anunciados.


Desencontro

Está surgindo uma espécie de "cisma" entre o Palácio do Planalto e os pesos-pesados do empresariado do país, para os quais as recentes medidas do governo, talvez por idiossincrasias de seus operadores, parecem balizadas pela intenção de limitar ao máximo o lucro das empresas, a principal fonte de seus investimentos. Comenta-se, inclusive, que até mesmo companhias controladas pelo governo vivem o mesmo problema, como Petrobras e Eletrobras, que perderam capacidade de investimento.

Bem na foto// 

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), aposta todas as suas fichas na relação com a presidente Dilma Rousseff para preparar sua reeleição. Somente nesta semana foi ao sorteio oficial da Copa das Confederações, à celebração de 1 milhão de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida e à abertura do 7º Encontro Nacional da Indústria.

Resultado 

A estratégia do governador Agnelo Queiroz de se aproximar do Palácio do Planalto vem dando resultados. Na terça-feira pela manhã, garantiu a construção de 6.240 casas no Paranoá para as famílias mais carentes inscritas no programa Morar Bem. À tarde, assinou o Pacto pelo Desenvolvimento do Turismo, pelo qual o Ministério do Turismo repassará R$ 14,7 milhões para a ampliação do Centro de Convenções Ulysses Guimarães; ontem, conseguiu a inclusão do DF no programa Crack, é Possível Vencer, do governo federal.

Tête-à-tête

Além dos encontros de cúpula do Mercosul, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner conversaram reservadamente por quase três horas. Na pauta, o comércio entre os dois países, o uso do real e do peso argentino no comércio bilateral e a preocupação do Brasil com o impasse da Argentina por causa dos fundos que detêm parte da dívida do país (e afetam os interesses das empresas brasileiras que investem no país vizinho). Para o Brasil, o ideal seria um entendimento com os credores dos fundos que arrestaram a fragata argentina Libertad. O Brasil deverá investir mais de US$ 6 bilhões na Argentina no ano que vem.

Crianças

O Brasil registrou queda nas mortes de crianças até 10 anos de idade por acidentes domésticos na última década. O número caiu de 868 em 2000 para 595 em 2010, o que representa redução de 31%. Houve queda também nas internações. Em 2010, foram 11,6 mil internações de crianças por acidentes domésticos; no ano passado, 10,2 mil, ao custo de R$ 6,9 milhões

Em curto

O PSDB continua se explicando sobre o fato de as empresas de energia de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná — estados que comanda — não aceitarem o pacote do Palácio do Planalto para o setor. "Se o governo abrisse mão de pelo menos parte dos 10 tributos e encargos federais que incidem atualmente sobre a conta de luz, a tarifa de energia de todos os brasileiros já poderia custar menos e há muito mais tempo", rebate presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco.

Niemeyer/ A presidente Dilma Rousseff homenageou ontem o arquiteto Oscar Niemeyer na abertura da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, no Palácio Itamaraty. Emocionada, Dilma lembrou frase do arquiteto segundo a qual sem sonhar, nada acontece. "Nós sabemos o valor do nosso sonho e da integração latino-americana", disse.

Sem Chávez/ Participaram da cúpula do Mercosul os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Donald Ramotar (Guiana) e Desi Bouterse (Suriname), além da vice-presidente do Peru, Marisol Cruz, e dos vice-chanceleres Alfonso Silva (Chile) e Monica Lanzetta (Colômbia). O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, não compareceu por motivos de saúde e foi representado pelo seu ministro de Minas e Energia, Rafael Ramírez.

Aliança/ A chapa Aliança pela Liberdade, grupo independente surgido em 2009, venceu ontem as eleições para o DCE da Universidade de Brasilia (UnB). Coordenada por Nicolas Powidayko (economia) e por Pedro Ivo Santana (engenharia civil), a chapa da situação foi reeleita com 3.240 dos 7.185 votos computados. O número de votantes aumentou 27%. "Vencemos nos seguintes cursos: economia, administração, ciências contábeis, relações internacionais, direito, ciência política e as engenharias da Faculdade de Tecnologia", comemorou Nicolas. As chapas ligadas a partidos políticos foram derrotadas.

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