terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eminência parda

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 17/01/2012
Boatos de que deve deixar a pasta rondam o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desde quando sua mulher, a psicanalista Eliane Berger Mantega, em dezembro, mãe de seu filho caçula, iniciou o tratamento de um câncer e, como seria natural, a vida familiar passou a ser uma limitação para as atividades à frente da pasta. Nesta semana, por exemplo, somente despachará em Brasília na quarta e na quinta-feira.
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Mantega nega sistematicamente que pretenda sair do cargo e é prestigiado pela presidente Dilma Rousseff: "Ele só sai se quiser". O fato, porém, é que o secretário executivo da pasta, Nelson Barbosa, que atuou intensamente na campanha presidencial de Dilma Rousseff, tornou-se a eminência parda da equipe econômica. Despacha sozinho com a presidente da República, resolve diretamente com os demais ministros e negocia em nome do governo com os líderes da base no Congresso.

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A interrupção das férias do ministro da Fazenda, na semana passada, para uma reunião com Dilma pôs lenha na fogueira da boataria. Mantega e Barbosa estão batendo cabeça e divergem em relação ao corte a ser feito no Orçamento da União de 2012. O ministro defende foco no controle dos gastos públicos para manter a inflação dentro da meta e garantir o sucesso da estratégia de redução dos juros. Barbosa, não. Ele acha que os investimentos em infraestrutura e habitação não podem ser sacrificados, mesmo que isso signifique a inflação raspando o teto da meta e um superavit fiscal mais modesto.

Conjuntura

A divergência entre ambos não é nova. Ocorre desde meados do ano passado, quando a crise na Europa se agravou. O problema é que Guido Mantega fazia uma avaliação de que a crise seria mais uma marolinha, contornada graças à robustez econômica da Alemanha, com a ajuda da França. Barbosa temia que o problema fosse mais grave e acabasse gerando reflexos na economia brasileira. Acertou e, com isso, ganhou mais prestígio no Palácio do Planalto, fortalecendo sua liderança na equipe econômica. Agora, a divergência ganhou números.

Receita

O Congresso fez uma reavaliação das receitas líquidas primárias do governo da ordem de R$ 26,1 bilhões, com base no excesso de arrecadação de 2011. Mantega prefere não contar com esses recursos, contingenciando despesas de R$ 20 bilhões, no mínimo, só por conta dessa reavaliação. No ano passado, o governo iniciou o exercício com cortes da ordem de R$ 50 bilhões. Ao fim de outubro, já havia arrecadado R$ 40 bilhões acima das previsões iniciais.

O corte

Para atingir a meta do superavit, as avaliações do mercado são de que o governo precisa fazer um corte de R$ 60 bilhões

Dia D//

A presidente Dilma Rousseff promove a primeira reunião ministerial do ano na próxima segunda-feira. Pretende definir as prioridades do governo para 2012. Há expectativa de que ela anuncie as mudanças que pretende fazer na equipe de governo.

Voltando

O PR quer voltar à Esplanada, reassumindo o Ministério dos Transportes. O nome indicado pela bancada na Câmara é o do deputado Luciano Castro, de Roraima. O partido já comunicou o pleito ao Palácio do Planalto. "Era independência ou morte. Entre morrer, a gente achou melhor voltar", explica o parlamentar. A legenda havia declarado independência após a demissão do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.

Vetos

Líder do PSDB na Câmara, o deputado paulista Duarte Nogueira criticou duramente os vetos da presidente Dilma à lei que define os gastos públicos em saúde e os percentuais mínimos que devem ser investidos no setor pela União, estados e municípios. Foi vetado, por exemplo, o dispositivo que determinava a separação dos valores a serem aplicados na saúde em contas específicas, o que facilitaria a fiscalização da sua aplicação.

Honestino

Idealizado por Luiz Carlos Monteiro Guimarães, está no ar o site dedicado ao líder estudantil da Universidade de Brasília (UnB) Honestino Monteiro Guimarães. Em agosto de 1967, na prisão pela quarta vez, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub). Em 1973, Honestino foi sequestrado e assassinado por órgãos de segurança, durante o governo Médici. Seu corpo sumiu. O endereço do site é honestinoguimaraes.com.br.

Cuba/ O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, está em Havana. Acerta a agenda da visita da presidente Dilma Rousseff no dia 31. Na pauta, a cooperação técnica e científica nos setores de saúde, agricultura e integração regional e a ampliação do Porto de Mariel, a 50 quilômetros de Havana, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Saúde/ Acordo coletivo pode prever a suspensão de plano de saúde fornecido pelo empregador quando o empregado está afastado do serviço recebendo auxílio-doença previdenciário. A decisão, unânime, é da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho. O relator, ministro Fernando Eizo Ono, reconheceu a validade da negociação coletiva nesse sentido firmada entre a São Geraldo de Viação e o sindicato da categoria.

Copom/ O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne hoje e amanhã para decidir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 11% ao ano. A expectativa é de que haja nova queda. A ata da reunião será divulgada no dia 26.

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