sábado, 5 de setembro de 2009

Xeque-mate na oposição


Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Em meio a uma ampla campanha de cunho nacionalista, na qual não só a Petrobras, mas também o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal terão papel relevante, o governo Lula prepara um xeque-mate na oposição em relação ao pré-sal. Quer entregar a um de seus líderes a presidência da comissão especial encarregada de examinar o projeto de capitalização da Petrobras, cujo relator será o mais “liberal” dos quadros petistas no Congresso, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (SP).

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A proposta tem por objetivo colocar a oposição diante de um dilema inequívoco: ou toma a defesa dos interesses da Petrobras no reordenamento da economia do petróleo e assume o comando da comissão que discute o fortalecimento da empresa ou rejeita a tarefa e parte para um boicote irracional à estatal símbolo do desenvolvimento nacional. Líderes do PSDB e do PPS topam conversar, mas estão sob pressão do líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), que tem inabalável fé liberal. Ou seja, contra a ampliação do peso estatal no setor.

Trilhos

Posta em marcha pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), a regulamentação do direito de greve do serviço público ganhou apoio do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Embora tenha um viés pró-servidor, Lupi avalia que as normas atuais dão margem para paralisações intermináveis.


Partilha

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado examina a criação do sistema “S” da Confederação Nacional do Turismo (CNTur): Serviço Social do Turismo (Sestur) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Turismo (Senatur), de autoria do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). A capacitação profissional de 50 categorias está entre as maiores preocupações de empresários e trabalhadores do setor, mas a proposta enfrenta oposição de parlamentares ligados à Confederação Nacional do Comércio (CNC).


Cara-pálida

Presidente da Unafisco, Pedro Delarue repudia o posicionamento do Sindireceita. Segundo ele, o sindicato está contra a Lei Orgânica do Fisco por causa da separação dos cargos de auditor fiscal e analista tributário em carreiras distintas. “Acaba com o sonho do Sindireceita de alçar analistas tributários à condição de auditores-fiscais sem o devido concurso público”, afirma.


Pele

O estilo durão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na discussão da partilha do pré-sal, está deixando o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), decepcionado com a candidata petista. Segundo ele, Dilma deveria ter mais sensibilidade em relação à reconstrução econômica do Rio, na qual a indústria do petróleo é a única janela de oportunidade.



Dobradinha


Está fechada a dobradinha que vai zelar pela partilha dos royalties do pré-sal: o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) presidirá a comissão especial, e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (foto), será o relator, com o compromisso de não desfigurar o projeto do governo.


Poupança


A captação líquida — diferença entre depósitos e saques — de recursos de caderneta de poupança caiu no mês de agosto. No mês de julho, havia sido de R$ 6,6 bilhões, o maior valor para meses de julho desde o início do Plano Real, em 1994. Em agosto, os depósitos foram maiores do que as retiradas em R$ 3,098 bilhões


Pregão/ O Ministério Público Federal, em Campinas, abriu investigação para apurar a venda de bens extraídos da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) na internet. O MP constatou que itens do patrimônio da extinta estatal, como peças de vagões de trens, estavam sendo leiloadas no site Mercado Livre.


Barriga/
Apesar da ensaiada salvação do ex-governador Joaquim Roriz, parte da Executiva do PMDB tenta empurrar a decisão de intervir no diretório local para o fim de setembro. É uma tentativa de encurralar Roriz, que teria até 3 de outubro para optar entre ficar no partido ou filiar-se a outra legenda.

Jogada/ A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados foi chamada a emitir um parecer sobre o destaque do deputado Fernando Coruja (PPS-SC) à proposta de criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), que pede a extinção da base de cálculo do tributo. O destaque é o único item pendente na votação do projeto e, se for derrubado, a CSS será encaminhada ao Senado sem nova votação.

Publicadas hoje na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense

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