quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pimenta no vatapá

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 07/02/2012
A greve da Polícia Militar na Bahia marca uma inflexão na política do PT em relação a episódios semelhantes, nos quais a pimenta era no vatapá alheio. Pego completamente de surpresa pelos grevistas — parece que a P2, serviço de inteligência da PM, jogou do outro lado —, o governador Jaques Wagner foi obrigado a recorrer às forças federais — Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Federal — para conter a onda de assassinatos, roubos e saques que tomou conta de Salvador e de outras cidades baianas.

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Porém, dessa vez a União jogou pesado contra os grevistas e deu enfrentamento direto ao movimento. Ou seja, não houve nuances de diferença de posicionamento entre o governo estadual e as autoridades federais, mas, sim, mãos de ferro em ambas as esferas do Executivo.

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A PM da Bahia é uma força violenta, haja vista as cenas corriqueiras de espancamento de foliões no carnaval soteropolitano — por sinal, imortalizadas na canção Haiti, de Caetano Veloso. Nem por isso, é mais capaz. Os índices de homicídio e o poder dos traficantes na região metropolitana são uma demonstração de ineficiência. Esse, porém, não é um problema baiano, mas nacional. Há que se perguntar: não chegou a hora de repensar a existência da Polícia Militar com estatuto diferenciado da Polícia Civil?

Rateio//

O Fundo de Participação dos Estados (FPE) já provoca articulações no Senado. A partilha dos recursos foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no começo do ano passado. O Congresso Nacional deve fazer novo rateio, revendo os percentuais. Os estados do Sudeste que se cuidem.

Dominó

Líderes da greve da PM baiana sonham com o efeito dominó nos demais estados. O presidente da Associação Nacional de Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Anaspra), Pedro Queiroz, revela que os policiais militares estão organizados nacionalmente. No Rio de Janeiro, no Pará, no Maranhão e no Ceará, onde houve movimentos semelhantes, há grande agitação nos quartéis a favor de mais paralisações às vésperas do carnaval. A PEC 300, que equipara os salários dos policiais militares e dos bombeiros militares dos demais estados aos do Distrito Federal (R$ 4.123,73), virou a bandeira unificadora do movimento.

Confiante

Ex-presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia, do PT-SP, consolida sua influência na bancada petista. Na semana passada, provocou um repórter que havia escrito que ele e o atual líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), eram independentes em relação ao Planalto. E que isso poderia gerar problemas na votação do Orçamento e do PPA. "O que você me diz agora? Meu orçamento foi sancionado sem vetos e o Pinheiro comanda a bancada do Senado. Nada mal ser independente, não é?" No mesmo momento, ele conversava com o deputado Jilmar Tatto (SP), um dos dois candidatos ao cargo de líder da bancada na Câmara. Questionado se estava articulando com o futuro líder, ele disse: "Exatamente". A escolha do líder é hoje.

Decolou

A privatização dos aeroportos saiu melhor do que a encomenda: o ágio máximo foi de 673,39%, na oferta de R$ 4,501 bilhões feita pelo grupo Inframerica Aeroportos pela concessão do terminal de Brasília, o único do leilão que dava prejuízo. O consórcio Invepar pagou pelo aeroporto de Guarulhos R$ 16,2 bilhões, ágio de 373,5%. O aeroporto de Viracopos foi arrematado pelo grupo Aeroportos Brasil por R$ 3,821 bilhões e ágio de 159,7%. O governo arrecadou R$ 24,535 bilhões.

Controle

O governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB, garantiu ontem que não haverá uma nova greve de policiais militares no estado. Anunciou que o salário inicial da PM será aumentado de cerca de R$ 1.200 para R$ 1.669 e que o movimento a favor da paralisação não tem apoio da maioria da corporação, muito menos da população.

No tapetão

O PSD, legenda criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, brigará muito nos tribunais para gozar de regalias proporcionais ao seu tamanho. O partido conta com 55 deputados federais e, teoricamente, teria direito à presidência de comissões que hoje estão nas mãos do PR e do DEM. A briga também será grande pelo fundo partidário e o tempo de televisão.

Sem papo

A velha rixa entre os Magalhães da Bahia, ambos na oposição, renasce das cinzas. O deputado tucano Jutahy Magalhães avisou à cúpula do PSDB que não há a menor possibilidade de acordo com o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto na disputa pela prefeitura de Salvador. ACM Neto lidera as pesquisas. O acordo era costurado pelos presidentes do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e do DEM, senador José Agripino (RN).

Trancada/ Para votar o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) nesta semana, o governo precisa confirmar o acordo que havia fechado no ano passado com a oposição. A pauta da Câmara está trancada também por cinco medidas provisórias. Nenhuma delas é muito polêmica.

Petrobras/ Na quinta-feira, o conselho de administração da Petrobras confirma o nome de Maria das Graças Foster, que assumirá a presidência da empresa na segunda-feira, no lugar de José Sergio Gabrielli. Também deve indicar o nome do substituto de Maria das Graças na área de Gás e Energia e o próximo diretor de Exploração e Produção, que entrará na vaga aberta pelo atual titular,
Guilherme Estrella.

Um comentário:

Anônimo disse...

PMs baianos queimaram até ônibus escolar. O bombeiro Daciolo quer fazer o mesmo no Rio. Quem quiser q apague. Não ele.