sábado, 11 de fevereiro de 2012

Dilma e o PT

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 11/02/2012
A presidente Dilma Rousseff foi a estrela principal da festa de comemoração dos 32 anos de fundação do PT, ontem, em Brasília, na qual a grande ausência foi a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não foi apenas um acaso — diante da impossibilidade de o líder máximo da legenda comparecer ao evento por motivos de saúde —, foi o retrato de uma situação nova, em que os petistas vivem uma duplicidade de comando.

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Diriam os manuais de sociologia que o PT tem duas lideranças, uma institucional, a presidente Dilma, e outra carismática, Lula. A partir daí, os petistas traçam uma linha divisória na qual o comando das relações com o governo caberia à primeira e a condução da legenda no plano eleitoral, ao segundo. É uma divisão de trabalho que teria tudo para dar certo. Seria até muito fácil se não surgissem as dificuldades, como diria o Barão de Itararé.

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Porém, a atuação de Dilma a partir do Palácio do Planalto, com mexidas que estão ocorrendo no segundo e terceiro escalões, nas empresas estatais e que em breve chegarão aos fundos de pensão, transcende as relações burocráticas. Está subvertendo as relações internas do PT. Dilma mira na qualidade da gestão. Está convencida de que o desempenho da máquina pública é muito mais importante do que seu aparelhamento pelos petistas para o desempenho eleitoral dos governistas. E o que anda vendo nas viagens só reforça essa convicção.

Culatra

A cúpula petista pôs o carro à frente dos bois ao convidar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), para a festa de ontem, na qual ele levou uma bruta vaia dos militantes. Caiu numa armadilha da qual pode ter dificuldades para sair. Simplesmente, porque deu ao prefeito um pretexto para pular fora da candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad se o ex-governador José Serra (PSDB) resolver ser candidato a prefeito de São Paulo. E ainda rechaçar as críticas dos petistas a sua administração na campanha eleitoral. Afinal, se o PT quer o seu apoio é porque avalia que o trabalho da prefeitura não é tão ruim como propalava.

Alto lá

Quem rodou a baiana mais uma vez com a cúpula do PT foi a senadora Marta Suplicy (SP), que se mandou de Brasília antes da festa petista ao saber que o prefeito Gilberto Kassab era convidado de honra do evento. A ex-prefeita de São Paulo já avisou que não sobe no palanque de Haddad com o ex-adversário, mas parece que não está sendo levada a sério. Ou melhor, os petistas avaliam que o apoio de Lula e do neoaliado dispensam os votos de Marta.

Sei não

O PSDB faz uma aposta de alto risco ao subestimar o peso eleitoral do ex-presidente Lula em São Paulo, embora o discurso não possa ser muito diferente do que seus caciques andam falando. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco, por exemplo, avalia que Lula é um grande eleitor no plano nacional, e não local: "Onde ele colocou o dedo nas últimas eleições, foi derrotado. Foi assim em Natal, em São Paulo e será assim também na capital paulista este ano".

Mandarim//

O Itamaraty já confirmou a presença de 20 chefes de Estado no encontro Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. O mais importante é o presidente da China, Hu Jintao, que vem o Brasil empenhado em melhorar a parceria com o nosso país. O evento será no Rio de Janeiro entre 20 a 22 de junho.

Escaldado

Experiente no assunto por causa da greve dos bombeiros, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), joga duro com os grevistas das polícias Civil e Militar. Desde a decretação da greve, foram presos ou punidos administrativamente 159 policiais

Suplente/ O deputado federal Camilo Cola (PMDB-ES), primeiro suplente da bancada federal, já está se despedindo dos colegas na Câmara. Descerá as escadas da Chapelaria para que a deputada petista Iriny Lopes, que saiu da Secretaria Nacional das Mulheres, assuma o mandato. Ela é candidata à sucessão do prefeito de Vitória, João Coser (PT).

Comando/ O PPS praticamente reelegeu sua Executiva Nacional em reunião do diretório nacional, ontem, sob comando do deputado Roberto Freire (SP). O líder da bancada, deputado Rubens Bueno (PR), foi reconduzido à secretaria-geral.

Reforma/ Mesmo depois da desocupação, a Assembleia Legislativa baiana só funcionará de verdade em 15 de fevereiro, quando o governador Jaques Wagner (PT) fará a leitura da sua mensagem ao Legislativo. Uma reforma está sendo realizada às pressas por causa da depredação dos ambientes.

Royalties/ O líder do governo no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT-CE), anunciou ontem que o governo quer votar a partilha de royalties do petróleo na Câmara ainda no primeiro semestre deste ano.




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