quarta-feira, 6 de abril de 2011

Agenda Bolsonaro

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

É muito remota a possibilidade de o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ser cassado pela Câmara por suas novas e disparatadas declarações a propósito do episódio em que, no programa CQC, acusou a apresentadora Preta Gil de promíscua e fez comentários com conotações racistas. O “ao-ao” para se livrar do abacaxi já começou na Câmara. Na opinião da maioria de seus colegas, a imunidade parlamentar o garante.


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Tanto que o deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), presidente do Conselho de Ética, despachou, ontem, à Mesa Diretora da Câmara o pedido de Bolsonaro para explicar as declarações contra Preta Gil naquele colegiado. Alega que o regimento interno da Casa não prevê depoimentos desse tipo, a não ser que haja requerimento formal por quebra de decoro.

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Nos bastidores, líderes dos partidos trabalham para não dar palanque ao polêmico parlamentar. A agenda conservadora de Bolsonaro — contra o casamento gay e as cotas para homossexuais nas escolas, por exemplo — tem mais apoio popular do que imaginam os ativistas das minorias agredidas por ele. Era monopólio dos parlamentares evangélicos, agora pode migrar para um deputado “de direita”, condição que nenhum outro dos seus colegas do PP (ex-PDS, ex-Arena) assumem, nem mesmo o deputado Paulo Maluf (PP-SP).

Padrão//

Parlamentares governistas articulam uma operação padrão na Câmara. Se não houver definição para as emendas parlamentares e os restos a pagar desde 2006, alguns deles passarão a dificultar a inclusão de temas de interesse do governo na pauta do Congresso. O PMDB passou o dia discutindo o assunto.

Afagos

Os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Cândido Vaccarezza, do PT-SP, eram só abraços ontem no plenário da Câmara. Na semana passada, Vaccarezza chegou a dizer que Bolsonaro foi estúpido ao dar resposta com tom racista a um programa de televisão, mas tem imunidade parlamentar para isso.

Trator

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia, do PT-RS, subiu o tom, ontem, no plenário da Casa ao rebater as críticas de que o governo está atropelando a oposição para votar matérias de interesse das bancadas governistas. Marco Maia avisou que não vai mais tolerar obstrução por obstrução e que, se preciso, usará o regimento da Casa para coibir as manobras dos oposicionistas.

Problema

O ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou que a realização da abertura da Copa do Mundo de 2014 em São Paulo é um problema a ser resolvido entre o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Foram eles que prometeram a construção de um estádio para 65 mil pessoas”, disse, após audiência na Câmara. O ministro evitou comentar o rompimento de Kassab com o DEM e o fato de ser adversário de Alckmin.

Tietagem

Centenas de ruralistas estavam em Brasília, ontem, para pressionar pela votação do novo Código Florestal. Uma boa parte deste grupo tumultuou a Comissão de Turismo e Desportos. Eles tentaram ver de perto o deputado Romário (PSB-RJ).

Remédios

Quatro novos medicamentos serão fabricados no país a partir de parcerias entre empresas públicas e privadas articuladas pelo Ministério da Saúde. Vão auxiliar no tratamentos de doença de Parkinson, da Aids, da artrite reumatoide e da doença de Croh. O acordo entre o governo federal e a indústria farmacêutica foi patrocinado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.

Banco

As autoridades de defesa da concorrência da Argentina aprovaram a compra do Banco Patagônia (750 mil clientes, 150 agências e 2,7 mil funcionários) pelo Banco do Brasil. Era o último obstáculo para o negócio, que custou US$ 479,6 milhões

Azebudsman/ Na nota intitulada “Procura-se”, confundi a Usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, onde houve um quebra-quebra no canteiro de obras do consórcio Berti, com a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, a cargo da Norte Energia S.A. O leitor Neimar de Castro Batista não deixou barato: “Transferir o Rio Xingu para Rondônia será muito difícil”. Tem toda razão.

Monografias/ Superou a expectativa o número de inscrições no Prêmio Mendes Júnior de Monografias Jurídicas — uma iniciativa da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Direito GV) com o apoio da empresa — sob o tema Desenvolvimento e Estado de Direito no Brasil: cumprimento de contratos versus Razão de Estado. Os cinco melhores trabalhos, entre 77 inscritos, conquistarão prêmios que variam de R$ 150 mil (primeiro lugar) a R$ 30 mil (quinto lugar). O resultado sai em setembro.

Bandidos/ O Ministério Público Federal recebeu um inquérito da Polícia Legislativa relatando passo a passo as ações de três estelionatários que tentaram aplicar o golpe do “chupa cabra” nos caixas eletrônicos da Câmara. O bando foi enquadrado em tentativa de estelionato e poderão pegar de um a cinco anos de prisão.

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