terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O xis da sucessão

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), está que não se aguenta para abrir uma polêmica sobre os rumos da economia na era do pré-sal. Não fez isso ainda porque não quer um confronto aberto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pretende esperar a campanha eleitoral para se digladiar com a candidata petista à sucessão presidencial, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Nos meios empresariais, Serra já bate na tecla de que o Brasil caiu numa armadilha macroeconômica: os maiores juros do mundo; a taxa de câmbio mais valorizada do planeta; e uma explosão de gastos correntes sem precedentes com moeda estável (argumenta que no governo Sarney houve explosão de gastos, mas a inflação era de dois dígitos ao mês).

O que Serra mais questiona é a megavalorização da moeda. Considera um erro crasso de uma estratégia desenvolvimentista ma non troppo. A política cambial, agravada pela taxa de juros, seria muito prejudicial à indústria nacional. Além da invasão de bens de consumo chineses, desestruturaria cadeias produtivas estratégicas, como aquela que produz peças e equipamentos para a Embraer. O Brasil produzia 60% dos componentes dos aviões. Agora, não passariam de 30% do valor gerado. Segundo Serra, a médio prazo, o Brasil pode virar um país agrário-exportador e deixar de gerar milhões de empregos na indústria.

Tripé

Lula pode argumentar que Serra tem saudade da inflação, pois o câmbio garante a estabilidade dos preços para a grande massa da população consumir. E que suas críticas não passam de xororô do empresariado paulista menos competente, que precisa melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. Para Serra, porém, o problema da competitividade do Brasil não tem nada a ver com teses neoliberais ou desenvolvimentistas. Só teria a ver com a forma errada de armar o tripé do “mais do mesmo”: responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação.

Afobado

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (foto), lamenta não ter deixado o acordo com o governador Sérgio Cabral (PMDB) — no qual abriu mão da candidatura a governador — para depois do Carnaval. Ao jogar a toalha, a vaga de candidato ao Senado do PT, também pleiteada pela ex-governadora Benedita da Silva, passou a ser assunto exclusivo do PT e da aliança com Cabral.

Socorro

Em conversa por telefone com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ontem, o presidente Lula prometeu liberar recursos em conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os moradores que sofreram prejuízos com os deslizamentos de terras em Angra dos Reis e com as enchentes na Baixada Fluminense. Nos mesmos moldes do socorro a Santa Catarina, medida provisória também liberará recursos para obras de emergência, inclusive para o assentamento de desabrigados.

Jeitinho

O governo minimiza as críticas aos cortes das verbas destinadas à Copa do Mundo de 2014 no relatório final do deputado Geraldo Magela (PT-DF) ao Orçamento Geral da União para 2010. Na execução orçamentária, recursos de outras áreas serão remanejados para cobrir o rombo de R$ 1,8 bilhão


Saúde

Ainda convalescente de uma delicada cirurgia no pâncreas, realizada em outubro, o governador licenciado de Sergipe, Marcelo Déda (foto), do PT, comemora os indicadores de saúde de seu estado. Proporcionalmente, é o que mais investe na área, com recursos na ordem de R$ 300 milhões. Em valores absolutos, Minas Gerais lidera o ranking, com um investimento de R$ 400 milhões.

Aspone/Assessor da direção do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, o sindicalista Nilo Mendes foi confinado num hotel do Cairo pela polícia do Egito, após ser detido quando tentava atravessar a fronteira com a Palestina carregando a bandeira do Sindipetro-RJ. Pretendia fazer agitação na faixa de Gaza, na Marcha pela Liberdade em apoio aos guerrilheiros do Hamas.

Bronca/ O deputado Alfredo Kaefer (PSDB/PR) não desistiu de reapresentar requerimento para a realização de uma audiência pública, na Comissão de Finanças e Tributação, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Eles não foram à audiência marcada para o fim do ano passado.

Dieta/Acerca da nota Gula, publicada domingo, o presidente do Sindilegis, Magno Mello, esclarece que os salários dos consultores legislativos não corresponderão ao previsto inicialmente no substitutivo da administração do Senado (PL nº 372, de 2009). Receberão, em fim de carreira, R$ 1,6 mil a menos do que os R$ 24,2 mil divulgados pela coluna.

Fica

O líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), foi reconduzido ao cargo pela bancada socialista. Quer se lançar candidato a governador do Distrito Federal.

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