Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 07/10/2012 |
O Brasil é a maior democracia de massas do
mundo, com 140 milhões de eleitores aptos a votar nas eleições de hoje,
as primeiras sob a égide da Lei da Ficha Limpa. Na prática, é o começo
de um grande expurgo de maus políticos da vida pública, alijados do
processo pela nova legislação. Afora os que deixaram de concorrer para
evitar constrangimentos, 2.152 dos 465.414 candidatos a prefeito e a
vereador em todo o país têm o registro de candidatura questionado no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
» » »
Estão protocolados 5.491 recursos referentes a registro de candidatura
para as eleições deste ano, dos quais 52% se referem a candidatos
considerados “fichas-sujas” pelo Ministério Público Eleitoral ou por
seus adversários. Além de 2.152 “fichas-sujas” ainda não julgados, mais
430 candidatos foram questionados por outros motivos.
O ambiente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não é muito diferente do
que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao mensalão.
» » »
O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), candidato a prefeito de Maceió, por
exemplo, teve a candidatura impugnada porque não havia pago uma multa
aplicada pelo Tribunal de Contas de Alagoas (TCU). Perdeu o registro da
candidatura porque não levou a lei a sério. Talvez, somente a Revolução
de 30 e o regime militar pós-1964 tenham promovido um expurgo desta
envergadura, com a diferença de que o atual não tem motivações
ideológicas, nem é fruto de um golpe de estado. É resultado da
mobilização popular, de uma lei aprovada pelo Congresso e de sua
aplicação pela Justiça Eleitoral em plena democracia. Impugnações Dos 2.830 pedidos de impugnação, até agora, somente foram analisados 23% do total, ou seja: 678 Pé de chinelo O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral e advogado Torquato Jardim (foto) qualifica de “pés de chinelo” a maioria dos políticos atingidos pela Lei da Ficha Limpa. Segundo ele, os grandes esquemas de corrupção continuam fora do alcance da legislação, porque se beneficiam das exceções criadas em relação à Lei das Licitações e da expertise de seus operadores. Triângulo A Região Sudeste, mais uma vez, é palco da principal guerra entre governo e oposição. É protagonizada pelo PT e o PSDB, mas tem como coadjuvantes PMDB, PSB e PRB, partidos da base, e PPS, da oposição. Em São Paulo, a única certeza é que haverá segundo turno. Quem será o adversário de quem, entre José Serra (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Fernando Haddad (PT)? Ninguém sabe. Surpresas No Rio de Janeiro, salvo um estouro de boiada, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) deve se eleger no primeiro turno, embora a campanha mais bonita da cidade seja a de Marcelo Freixo (PSol). Em Belo Horizonte, o anfíbio Márcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio Neves (PSDB), pode ter que encarar Patrus Ananias (PT) no segundo turno. O ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, cuja eleição era dada como certa pelo PSDB, terá que disputar o segundo turno com o ex-aliado Luciano Rezende (PPS). Oxente O governo espera manter sua base de apoio no Nordeste, onde a oposição recupera terreno. O PT é favorito em Salvador, com Nelson Pelegrino, e João Pessoa, com Luciano Cartaxo. O PSB, do governador Eduardo Campos (PSB-PE), pode vencer em Fortaleza, com Roberto Cláudio, e Recife, com Geraldo Julio. A oposição espera vencer em Teresina e Aracaju, com Firmino Filho (PSDSB) e João Alves Filho (DEM). Julgamento O Supremo Tribunal Federal retoma na terça-feira o julgamento do mensalão. Votarão os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello e o decano do Supremo, Celso de Mello. O último será o presidente do STF, Ayres Britto (foto). Voto secreto// A presidente Dilma Rousseff vota hoje em Porto Alegre numa sinuca de bico. É amiga do prefeito José Fortunati (PDT), que pode vencer no primeiro turno. Por ser mulher, gostaria muito de votar em Manuela D’Ávila (PCdoB), a segunda colocada, mas é do partido de Adão Villaverde (PT). Dilma foi eleita com o apoio de todos. Nanicos/ Pequenos partidos lideram a disputa nas capitais do Sul. Além do prefeito José Fortunati (PDT), em Porto Alegre, são favoritos Cesar Souza Filho (PSD), em Florianópolis, e Ratinho Junior (PSC), em Curitiba. Mensalão/ Somente após o julgamento da Ação Penal 470 pelo STF será possível avaliar o tamanho do impacto do mensalão na campanha do PT. Alguns petistas subiram nas pesquisas na medida em que o julgamento avançou. Capilaridade/ O PMDB deve vencer as eleições somente no Rio de Janeiro, em Boa Vista e em Campo Grande, mas, mesmo assim, continuará sendo o maior partido do país em número de prefeitos e vereadores. |
domingo, 7 de outubro de 2012
O grande expurgo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário