sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caroço da coligação

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer transformar a coligação de 10 partidos que apoiam a petista Dilma Rousseff (PT-PMDB-PCdoB-PDT-PRB-PR-PSB-PSC-PTC-PTN) numa frente única, nos moldes da Frente Ampla do Uruguai. Todos os partidos continuam existindo, mas concorreriam às eleições verticalmente, com uma só direção e estrutura orgânica e atuariam de forma conjunta no Congresso. Lula seria o comandante em chefe dessa frente partidária.

O assunto vem sendo discutido na coordenação de governo e no comando da campanha de Dilma Rousseff. É considerado estratégico para a reforma política que Dilma pretende propor ao Congresso Nacional. A transformação da coligação eleitoral numa frente política seria a garantia de que o governo terá maioria para convocar uma Constituinte exclusiva e nela promover a reforma eleitoral e partidária.

O problema é que o presidente Lula não combinou a formação da frente ampla com os caciques do PMDB, que hoje controlam o Congresso, emplacaram Michel Temer na vice de Dilma e esperam contar com maioria de governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais em todo o país, sem falar nos prefeitos eleitos em 2008. O PMDB é o caroço da frente, mas ameaça pular fora.

Obstinado

A intenção de Lula é formar a frente com todos os partidos que aderirem à ideia, mesmo que o PMDB e outros aliados caiam fora. Nessa caso, Lula avalia que o PSB, o PDT e o PCdoB com toda certeza aceitariam participar, pois são legendas que têm relações históricas com o PT. Com isso, mesmo que o PMDB venha a ter a maior bancada do Senado e da Câmara, a frente liderada por Lula teria mais parlamentares no Congresso. Pelo menos essa é a expectativa do presidente nas eleições.

Rifado

No Palácio do Planalto, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (foto), do Rio Grande do Norte, anda com o filme queimado. Foi com muita sede ao pote ao articular sua candidatura a presidente da Câmara. Mesmo que o PMDB tenha a maior bancada, o PT não pretende abrir mão da Presidência da Casa nos dois primeiros anos de mandato de Dilma, se ela ganhar a eleição. Ao contrário, a reeleição de José Sarney (PMDB-AP) para a Presidência do Senado, desta vez com apoio do PT, é considerada favas contadas nos mesmos gabinetes.

Desafetos

Só uma coisa pode frustrar mais o presidente Lula nesta campanha eleitoral além da possibilidade, cada vez mais robusta, de o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto, se reeleger por Amazonas, onde o tucano José Serra perde disparado na disputa pela Presidência da República. É a eventual eleição do presidente do PPS, o pernambucano Roberto Freire, para a Câmara dos Deputados, por São Paulo.

Cigano

Lembram do polêmico deputado José Tatico, dono de uma rede de supermercados nos arredores de Brasília? Em 2003, elegeu-se deputado pelo Distrito Federal; atualmente, exerce mandato por Goiás. Agora, concorre à Câmara por Minas Gerais. Em 2008, ele teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás por caixa dois, mas se mantém no cargo desde então por força de uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral. Agora, está com a corda no pescoço. O TRE de Minas vetou sua candidatura, a pedido do Ministério Público. Tatico recorreu ao TSE, mas dessa vez deve ser impugnado com base na Lei da Ficha Limpa.

Telhado

A parceria da Petrobras com a estatal venezuelana PDVSA para a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, subiu definitivamente no telhado. Com 60% do projeto a cargo da Petrobras, a maior dificuldade para executar a obra é a falta de garantias da PDVSA para obter do BNDES o financiamento de parcela de 40% no negócio: R$ 3,9 bilhões

Debate

A TV Gazeta confirmou o debate de quarta-feira, 8 de setembro, com os candidatos à Presidência da República. Foram convidados Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol), mas a petista ainda não aceitou o convite.

Degola / Estão no "corredor da morte" do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aguardando julgamento, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Jackson Lago (PDT-MA), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Paulo Maluf (PP-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e Expedito Júnior (PSDB-RO). Todos estão enquadrados na Lei da Ficha Limpa.

Estreia / O senador Acir Marcos Gurgacz (PDT-RO) está no Haiti , a convite do Exército, para analisar a atuação brasileira na reconstrução do país. Visitará os lugares mais atingidos pelo terremoto do começo do ano e fará um relatório sobre a ajuda brasileira. Acabou de assumir o mandato de senador no lugar do Expedito Júnior, cassado pela Justiça Eleitoral.

Eleição / Juízes e desembargadores se digladiam pela Presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O candidato da oposição, Nelson Calandra, desembargador do Tribunal de Justiça de SP, fez campanha em Brasília ontem. A eleição será em 26 de novembro.

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