domingo, 15 de setembro de 2013

O grande leilão

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 14/09/2013
O adiamento do leilão do Campo de Libra, a maior área do pré-sal, agendado para 21 de outubro, está fora de cogitação para o governo, mesmo que os esclarecimentos sobre a espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, prometidos pelo presidente Barack Obama à presidente Dilma Rousseff, não sejam satisfatórios. Como se sabe, a NSA andou bisbilhotando os negócios da Petrobras e até conversas da presidente Dilma.
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É inédito no mundo o leilão de um campo com 8 a 12 bilhões de barris conhecidos. Provavelmente, a Petrobras não participará do leilão de Libra para ampliar sua parcela no consórcio, além dos 30% que já tem direito, por estar com recursos limitados. Mesmo assim, terá que pagar bônus de R$ 4,5 bilhões (30% de R$ 15 bilhões) e investir R$ 60 bilhões (30% de R$ 200 bilhões) durante a fase de desenvolvimento do campo.
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O governo pretende embolsar, pelo menos, R$ 8 bilhões em bônus com o leilão. Apesar da polêmica sobre espionagem, não será surpresa se houver desinteresse das petroleiras norte-americana, que hoje apostam na exploração de gás em seu próprio território. Acreditam que o Campo de Libra levará 20 anos para entrar em operação, com custos imprevisíveis.


Resistência
Os senadores Pedro Simon(PMDB-RS), Roberto Requião (PMDB-PR) e Randolfe Rodrigues (PSol-AP) apresentaram projeto de decreto legislativo no Senado para cancelar o leilão. "Uma riqueza dessa ordem não pode ser entregue à exploração estrangeira, em meio à suspeita de que a espionagem dos Estados Unidos possa ter favorecido as empresas norte-americanas. A Petrobras, que descobriu o Campo de Libra e arcou com os investimentos em pesquisa e tecnologia, foi prejudicada pelo edital", argumenta Simon.

Lobby
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli lidera o lobby corporativo contra o leilão de Libra. Segundo ele, edital viola a atual Lei do Petróleo, que substituiu pelo sistema de partilha (a União é a proprietária do óleo, que o divide com o explorador privado) o antigo modelo de concessões, no qual as empresas pagam à União um valor definido em contrato para explorar o petróleo.


Espionagem//

O Brasil e a Argentina negociam a criação de um sistema conjunto de defesa cibernética. O ministro da Defesa, Celso Amorim, debateu o tema ontem com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e os ministros argentinos da Defesa, Agustín Rossi, e das Relações Exteriores, Hector Timerman.

Ridículo
O Ministério da Defesa tem um orçamento ridículo para o Centro de Defesa da Cibernética. Apenas R$ 90 milhões

Multa/ A empresa petrolífera Chevron Brasil pagará R$ 95,16 milhões para compensar os danos ambientais causados pelos vazamentos de petróleo em uma sonda de perfuração no Campo de Frade, na Bacia de Campos (Rio de Janeiro), em novembro de 2011 e março de 2012. O valor está previsto no termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado com o Ministério Público Federal

Micou/ Não houve inscrições para a concessão da BR-262 ES/MG, leiloada ontem. O ministro dos Transportes, César Borges, disse que ainda não está definido se haverá abertura de novo prazo para atrair concorrentes.


Quem não chora...
Em viagem à China, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, adorou a frase do ministro da Cultura daquele país, Cai Wu, há 45 anos membro do PC: "crianças que não choram não ganham doces". O ministro tem US$ 1,5 trilhão de orçamento. É um dos menores, mas, na crise atual, é o único que não sofreu cortes. Marta esteve com Cai Wu, ontem, no Mês do Brasil na China, e vai adotar a estratégia para ver se consegue mais dinheiro para a cultura.

Irmão, camarada
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STYF) Nelson Jobim assinou ontem o manifesto de apoio ao deputado federal José Genoino (PT-SP), condenado a 6 anos e 11 meses de prisão no processo do mensalão. Ex-presidente do PT, Genoino foi colega de Jobim no Congresso e seu assessor especial no Ministério da Defesa. O jurista considera Genoino uma espécie de gaiato no navio do escândalo do mensalão.

O osso
A cúpula do PDT está em pânico: a faxina no Ministério do Trabalho não acabou. As investigações da Polícia Federal na pasta prosseguem. O ministro, Manoel Dias, ainda está prestigiado pela presidente Dilma Rousseff, mas Carlos Lupi, presidente do PDT, já aceita a ideia de largar o osso.

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