quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Uma guerra surda

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Apesar da demonstração, ontem, de coesão e força em plenário, a bancada petista na Câmara vive uma guerra surda. A antiga Articulação está à beira da implosão, com disputas nas quais líderes históricos da corrente são confrontados por dissidentes do próprio grupo e por outras facções partidárias. Para assumir o comando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um dos envolvidos no processo do mensalão, derrotou na bancada o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (SP), hoje um expoente dos insatisfeitos por causa da perda de influência nos fundos de pensão.


O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ex-presidente da Casa como Cunha, conquistou a relatoria da Comissão Mista da Orçamento à revelia do Palácio do Planalto. Desafeto do líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi um dos artífices da eleição de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Câmara. Chinaglia foi preterido na formação da equipe ministerial.

O líder da bancada do PT, Paulo Teixeira (SP), não se alinha com o núcleo histórico da cúpula petista, muito enfraquecido com a cassação do mandato do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Estrela em ascensão na legenda, ocupa o vácuo deixado por lideranças com o ex-deputado José Genoino (SP), que era um ponto de referência para a unidade da coalizão Construindo o Novo Brasil, hoje em desagregação.

Paulistas

Embora seus principais protagonistas sejam parlamentares paulistas, a disputa entre as correntes do PT é nacional. Reflete as contradições na montagem do governo Dilma Rousseff e as ambições de suas lideranças em relação às eleições municipais. Os deputados Paulo Teixeira (SP), Jilmar Tatto (SP) e Carlos Zaratinni (SP), por exemplo, estão de olho na vaga de candidato à prefeitura de São Paulo em 2012.

Cascudo

O relator do projeto de reajuste do salário mínimo na Câmara, deputado Vicente Paulo da Silva (foto), o Vicentinho, do PT-SP, não se sentiu constrangido com as vaias recebidas de sindicalistas durante a leitura do relatório a favor do mínimo de R$ 545 proposto pelo governo. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligou para o atual líder da entidade, Sérgio Nobre, e teve a garantia de que nenhum de seus companheiros iria vaiá-lo.

Reforço

Mesmo confiante de que a votação do reajuste do salário mínimo no Senado não apresentará dificuldades, o líder do governo na Casa, senador Romero Jucá , do PMDB-RR, sugeriu que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seja convocado para discutir o reajuste na semana que vem. Jucá quer evitar surpresas desagradáveis durante a votação.

Florestas

Após encontro com o coordenador da Frente Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), anunciou que criará um fórum de negociação entre ruralistas e ambientalistas para discutir a proposta do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que altera o Código Florestal. Sarney Filho disse que há pontos inaceitáveis na proposta, que estimula o desmatamento.

Prerrogativas

A maior preocupação do deputado Roberto Freire (PPS-SP) com a votação do projeto do novo salário mínimo aprovado era com o artigo da nova lei que regulamenta os reajustes para os próximos quatro anos e tira do Congresso o poder de discutir e negociar o valor do mínimo anualmente. Se necessário, o deputado diz que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Confusão

Desde 2003 os cartões de plástico do SUS não são distribuídos, os novos cadastrados recebem apenas um cartão de papel. O número utilizado no cadastramento é o do PIS-PASEP, fornecido pela Caixa Econômica Federal (CEF). A presidente Dilma Rousseff quer acabar com essa bagunça e relançar o cartão do SUS em abril. A base cadastral do Cartão SUS já tem 150 milhões de brasileiros registrados, sendo 30 milhões mais de uma vez.

Segurança/ Cerca de 400 agentes de segurança vão cuidar de Barack Obama e sua família na visita ao Brasil, prevista para 19 e 20 de março. O presidente dos Estados Unidos estará acompanhado da primeira-dama, Michelle, e das filhas Sasha e Malia. Acompanharão a comitiva 150 jornalistas norte-americanos.

Acordos/ Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff deverão assinar 10 acordos bilaterais. Um deles, de cooperação econômica e comercial entre os dois países, será uma síntese dos acordos que o Brasil tem com a Suíça e que os Estados Unidos mantêm com o Uruguai. Por esse acordo comercial, serão abrandadas as barreiras sanitárias para produtos como frutas e carne.

Agenda/ Obama deverá passar um dia no Rio de Janeiro. E muito provavelmente visitará uma favela da Zona Sul e discursará numa solenidade pública. Ambos os locais ainda não foram definidos.

Chineses/ Os investidores norte-americanos estão preocupados com a perda de posição para a China, que é o principal parceiro comercial do Brasil.

Esquindolelê// O deputado Simão Sessim (PP-RJ) pediu ao colega Devanir Ribeiro (PT-SP) para convidar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para participar do desfile da escola de samba Beija-Flor no carnaval do Rio de Janeiro. Sessim faz parte da diretoria da agremiação carnavalesca liderada pelo banqueiro de jogo do bicho Aniz Abraão.

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