domingo, 21 de novembro de 2010

Bye bye, Meirelles

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Desde antes do primeiro turno das eleições presidenciais, Dilma Rousseff não troca uma palavra com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com quem deve se encontrar na próxima quarta-feira. Meirelles não deve permanecer na pasta, mas pode ser convidado para algum ministério em razão dos serviços prestados ao presidente Lula. O problema é que ele aparentemente tomou a iniciativa de se desconvidar ao impor condições para permanecer no Banco Central quando já sabia que essa hipótese está descartada.

O nome de preferência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o do diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Alexandre Antônio Tombini, considerado prata da casa. Nunca foi um desenvolvimentista, foi levado para a equipe econômica do governo pelo ex-secretário do Tesouro Murilo Portugal, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.

Na manhã de sexta-feira, seu nome era dado como certo: à tarde, estava na frigideira do mercado financeiro, que tem outra preferência. O nome em alta é o do economista-chefe do Bradesco, professor Otávio de Barros, que contaria com o apoio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do banqueiro Lázaro Brandão. A crescente parceria entre o Banco do Brasil e o Bradesco, que inclusive tem gerado especulações no mercado sobre a possibilidade de fusão dos dois bancos, reforça o lobby a favor de Otávio de Barros.

Arribação

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta convencer dois de seus principais assessores a continuar prestando serviços ao governo: o secretário do Tesouro, Arno Hugo Augustin Filho, e o secretário de Política Econômica, Nelson Gonçalves. O primeiro já estava mesmo arrumando as gavetas. O segundo era cotado para o Ministério do Planejamento.

Jaula

Por enquanto, é apenas uma gaiola, mas depois da posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, vai virar prisioneira de uma ´jaula de cristal`. A expressão foi utilizada pelo economista chileno Carlos Matus - ex-ministro do governo de Salvador Allende, que foi deposto por golpe militar - para designar a situação de líder isolado, prisioneiro da corte, sem vida privada, mas sempre na vitrine da opinião pública. Dilma fez gracinha com a história dos três porquinhos para agradar a plateia de uma reunião do PT. Esqueceu-se de que, para a opinião pública, definia o perfil do seu estado-maior: o presidente do PT, Eduardo Dutra; o ex-ministro da Fazenda AntonioPalocci; e o deputado José Eduardo Cardozo.

Efeito Orloff

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci correu da raia. Disse ao presidente Lula e à presidente eleita, Dilma Rousseff, que não aceita a árdua e nobre tarefa de ser ministro da Saúde de jeito nenhum. Teme repetir o desempenho do atual titular da pasta, José Gomes Temporão. Encerra a gestão com a crise hospitalar pior do que quando entrou.

Missão

A Marinha se prepara para a criação e o envio de uma Força de Paz para o Líbano a partir de abril de 2011, com efetivos do Corpo de Fuzileiros Navais . A decisão ainda não foi oficializada, mas os treinamentos para o desembarque no Oriente Médio já foram iniciados. Recentemente, em Formosa (GO), foram realizadas manobras com 2.200 fuzileiros navais, 165 veículos blindados, tanques, caminhões e viaturas leves, além de artilharia e defesa antiárea. O maior desafio foi logístico: deslocar do litoral fluminense para o cerrado goiano tantos homens e equipamentos.

Apreensão

Os procuradores da República no Pará foram pegos de surpresa com a retirada da pauta de mais uma ação que pedia a suspensão da construção da usina de Belo Monte. O julgamento estava previsto para acontecer amanhã na 5ª Turma do Tribunal Regional da 1ª Região. Os procuradores questionavam o projeto porque desrespeitava o artigo 231 da Constituição Federal, que diz que em construções em terras indígenas, é obrigada a realização de audiência pública na Câmara dos Deputados.

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